Existe “idade certa” para mudar de carreira?
Quem planeja mudar de carreira deve ter reserva financeira e fazer planos e investimentos de médio prazo, de cerca de três a cinco anos pelo menos
As dúvidas e insatisfações profissionais costumam ser periódicas, com altos e baixos ao longo da vida. Posso falar isso com alguma certeza pois há mais de 30 anos oriento profissionais em suas carreiras.
Há períodos em que a insatisfação é resultado da falta de desafios. Outros por conta de uma liderança que não atende às expectativas e nos frustra. Outros por conta de salário ou por falta de percepção de qualidade de vida entre outros. Os motivos das insatisfações são muitos e podem ser passageiros. Ou ainda resolvidos, em muitas situações, com a mudança de emprego, mas não necessariamente com a mudança da carreira.
Os casos de mudança de carreira costumam ser muito mais intensos. Estão relacionados com a perda de sentido com o que faz.
Os sintomas dessa perda de sentido se refletem na sensação de precisar se arrastar para o trabalho todos os dias, vivendo assim apenas para o final de semana.
Outro sintoma comum é quando a pergunta “O que eu estou fazendo aqui?” surge com frequência, durante as horas de trabalho, em reuniões ou com clientes.
Nesses casos, a tensão pode acabar assim afetando outros fatores, como a saúde física, mental e o bem-estar. Pode se transformar em depressão, síndrome do pânico ou outras somatizações. Dessa maneira, a mudança de carreira se torna uma necessidade, não apenas uma opção.
Não há idade certa para que esses sintomas surjam e vai depender muito da resiliência de cada um para lidar com essa situação de desconforto. De fato, também não há idade certa para mudar de carreira.
A boa notícia é que a expectativa de vida está aumentando. Segundo especialistas em carreira e futuro das profissões (e me incluo nesse grupo), o entendimento de carreira está mudando. Certamente uma pessoa terá muitas experiências profissionais ao longo da sua vida. E a soma dessas experiências diversas será entendida por carreira. Não apenas as experiências em uma única direção, a partir da graduação.
As formações poderão ser diversas. Não apenas a graduação formal que conhecemos hoje. Microcertificações atreladas à aplicação desses conhecimentos serão consideradas válidas para o mercado de trabalho. Muitas profissões surgirão e estão surgindo. Habilidades humanas ou competências comportamentais juntamente com o domínio de aplicativos e tecnologia permitirão que profissionais de diversas idades desempenhem muitas novas atividades profissionais.
Quem planeja mudar de carreira deve ter reserva financeira e fazer planos e investimentos de médio prazo, de cerca de três a cinco anos pelo menos. Mudanças na vida e troca de profissão não são fáceis, mas são possíveis e muitas vezes necessárias.
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Adriana Gomes
http://www.vidaecarreira.com.br/
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