Os ciclos são assim, começo, meio, fim e depois recomeço.
O próximo não se abre se o último não estiver concluído, mas o próximo faz parte do atual e assim por diante. Os ciclos podem não ser tão lineares, mas sim entrelaçados.
Buscar quem somos na vida requer caminhar o tempo todo. Cuidado com aquilo que não passa de mais uma forma de parar. Geralmente isso vem disfarçado de falsa segurança com uma grande dose de autossabotagem, culpa e medo. O que faz apegar-se ao ciclo que já acabou, mas que falta um ponto final (nada fácil de colocar).
Recomeçar é se dar a chance de evoluir e de colocar em prática aquilo que aprendeu.
A dor pode ser transformada em aprendizado.
O sentimento de culpa pode bloquear o aprendizado, ele cega.
Não somos seres que pensam somente uma possibilidade. Pensamos em perspectivas diferentes, a partir de lugares que ocupamos e histórias que carregamos (sejam elas atuais ou relativas à nossa história e até mesmo à nossa ancestralidade).
A visão que temos sobre algo hoje pode ser diferente amanhã. Isso não quer dizer que somos volúveis ou irresponsáveis pelo que pensamos ou fazemos, mas sim que podemos recomeçar nos respeitando e, é claro, respeitando as pessoas que nos rodeiam, aqueles que estão envolvidos na situação.
Não podemos viver uma vida inteira sem nos modificar, pois isso significaria que não aprendemos nada.
Recomece aproveitando sua história. Isso também é crescer.
Temos medos de mudança e isso nos torna mais vulneráveis. O que está nos tornando mais vulneráveis não é a mudança, mas sim o medo.
Aprenda a se olhar, ou melhor, a se enxergar.
Troque de estilo, de crenças, de hábitos. Só não é possível trocar de alma. E essa muitas vezes é a última da fila a ser enxergada, ou até mesmo considerada.
Recomece, dê a sua alma a chance de se perceber e ser compreendida. E mais que isso, de ser amada.
Esse não é um apontamento em relação ao ego. O ego é tão somente uma parte de tudo isso.
Essa é sim, uma observação para o que temos de mais íntimo. Nossa alma. Aquela que responde a quem somos realmente.
Precisamos recomeçar e caminhar, com todas as questões que a vida nos traz. Com amor e com dor, mas sobretudo com respeito e dignidade pelo nosso mais íntimo.
Estamos em uma pandemia, há medos, desentendimentos, confusões, conflitos, mas também há em nós algo que nos pede socorro, no sentido de que não só precisamos, mas podemos tomar um rumo novo no recomeço.
Um rumo em direção ao respeito pela natureza em nós, pela saúde em nós, pelo outro, pela nossa alma em nós.
Precisamos fechar ciclos, mas também recomeçar e a cada recomeço com mais aprendizado, mais vivência, portanto mais preparo e vida.
Precisamos recomeçar por nós mesmos, mesmo que seja com dor e decepção pois o nosso recomeço não é só por nós, também é pelas próximas gerações.
Se alguém estiver pensando que é cedo pensar em recomeço (pois vacina só daqui há alguns meses), gostaria de dizer que nosso recomeço por um mundo melhor pode ser a qualquer tempo. Portanto, não se trata somente de uma pandemia, se trata de como encaramos o mundo e a nossa vida. Nosso recurso mais precioso, que é nosso tempo.
Não vamos esperar que os tempos anteriores (antes pandemia, ou antes do relacionamento que se foi, ou antes de uma situação específica, ou antes de qualquer outra coisa) voltarão. A vida nos convida a repensar, sentir e andar para frente, para a próxima experiência. Fechando ciclos e abrindo novos.
Podemos não ter ideia do que será esse novo ciclo, mas tente respirar fundo e abrir espaço para o novo, ele mesmo te mostrará muito do que é possível fazer e ser.
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Rosângela Claudino
http://provoca.com.br/
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