“Quando uma mãe perde um filho, todas as mães do mundo perdem um pouco também.”
No dia 04 de maio de 2021, o Brasil chegou a 411.854 mortes por COVID-19. Um número tão grande assim nos assusta, nos amedronta, nos deixa indignados, mas ainda assim são números. Nos impacta e dói ainda mais quando vemos os rostos de cada um desses “números”, que são de fato pessoas como eu e como você. E dói de verdade quando nessas fotos reconhecemos alguém que conhecemos. A dor dilacera e chega a nos “mutilar” quando a perda é de um ente próximo e querido, um parente, um amigo…
A notícia do falecimento do ator Paulo Gustavo doeu em cada brasileiro que teve a oportunidade de vê-lo na telinha, no telão, em cima do palco de um teatro. Desde a sua internação no dia 13 de março, uma corrente de orações e energias positivas foi ganhando ainda mais força a cada dia. A esperança e a fé de que ele sairia do hospital e pegaria seus filhos no colo novamente se renovavam a cada dia.
Por que a morte de Paulo Gustavo causa tamanha comoção nacional? Por que ele é famoso? Óbvio que sim. Por que ele bateu record de bilheteria e nos fazia rir muito? Claro que por isso também.
A morte de Paulo Gustavo também causou tamanha comoção porque ele se tornou uma figura importantíssima por se posicionar nas redes sociais pedindo aos seus fãs e mais de 16 milhões de seguidores que ficassem em casa sempre que possível. Após a morte do ator, o padre Júlio Lancellotti revelou nas redes sociais que ele havia doado R$1,5 milhão para a construção de um centro de tratamento de câncer. Dez dias antes de ser internado, PG postou um apelo para que a vacina chegasse e que todos pudessem ter acesso a ela.
E junto com Paulo Gustavo morre também Dona Hermínia, sua personagem do filme, Minha mãe é uma peça, que nasceu no teatro e arrancava gargalhadas do público por ser uma mãe com a qual todos nós, de alguma forma, nos identificamos e nos conectamos fosse pelos seus exageros, histerias ou pelos seus apelos emocionais.
Talvez por ironia, Paulo Gustavo se despede desta vida 5 dias antes do domingo das mães. Se lembrarmos que para cada uma dessas 411.854 pessoas que perderam suas vidas para a COVID existe uma mãe, são 411.854 mães que choram e perdem, se não na totalidade, boa parte do que faz a vida ter sentido.
Nós choramos como filhos que ficam órfãos, acuados e com a sensação de termos perdido aquilo que jamais pode ser perdido e que estava num fundo da caixa de Pandora: a esperança.
Que no domingo das mães, de um segundo maio em meio à pandemia, possamos fazer nascer um novo ser e nos lembrarmos de Paulo Gustavo e Dona Hermínia não mais com uma dor dilacerante, mas com a uma imensa gratidão pela sua passagem neste plano que, embora tão curta, tenha sido tão intensa.
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Cris Ferreira
https://soucrisferreira.com.br/
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