A Pandemia antecipou realmente o Futuro (do trabalho)
Alguns estudiosos consideram que a Globalização foi um processo gradativo que se divide em três fases. Teve início no século XV com o Capitalismo Comercial e crescimento do mercantilismo; depois com o modelo industrial Europeu e as conquistas de territórios em outros continentes; e a Terceira Revolução Industrial, com a disseminação de novas tecnologias e consolidação do sistema capitalista e a queda do muro de Berlim. Para outros, esta última fase é a que realmente marca a globalização.
A verdade é que o desenvolvimento dos meios de comunicação, a expansão e inovação constante das redes tornaram, de fato, o mundo cada vez mais integrado.
No início do século XXI (2000), o Sociólogo Domenico De Masi lançou seu livro “O Ócio Criativo”, onde discute o modelo de idolatria ao trabalho e assim propõe uma mudança que busque integrar trabalho, estudo e lazer.
Uma sociedade baseada no crescimento do tempo livre em contraponto ao trabalho decrescente, aliado a uma melhor distribuição das riquezas e a sua produção de forma eficiente.
Em seu livro “O Futuro do Traballho”, propõe uma sociedade onde conhecer conta mais do que fazer, o que é permitido pelas novas tecnologias, integrando assim a vida, o ócio e o trabalho. Ele acredita que o progresso da sociedade visa maior qualidade de vida e a felicidade da população, capaz de exercer o ócio criativo, a meditação, o lazer, o amor, a contemplação da beleza, a amizade e a convivialidade.
Considerando o pensamento deste autor, observamos que a Pandemia nos obrigou, de fato, a rever todos os conceitos que foram impostos pela sociedade pós-industrial ao mundo do trabalho.
Podemos considerar que o mundo não se tornou um caos maior com a Pandemia, por conta dos sistemas integrados de comunicação. Eles nos trouxeram assim novas propostas de trabalho, convívio social e lazer.
Almejamos a retomada de nossas vidas sem as limitações impostas pela COVID-19, mas carregaremos aprendizados e novos hábitos.
A necessidade de adaptação a esses tempos difíceis nos trouxe assim a necessidade de ter em nossos lares, além de uma estação de trabalho, espaços diferentes (de estudo, de lazer, de recreação infantil e de restaurante) e de repensar o modelo de trabalho existente, com a valorização de nossas casas.
Muitas empresas já estão chancelando o trabalho “in home” como uma nova plataforma, enquanto outras apostam na performance híbrida. Poucas voltarão ao sistema anterior.
Podemos dizer que a reflexão de Domenico De Masi de certa forma aconteceu, exceto no ponto de vista econômico. Isso porque no plano financeiro e educacional abriu-se um distanciamento ainda maior para as classes menos favorecidas.
Em uma entrevista em setembro de 2020, De Masi coloca de forma clara o seu pensamento sobre o momento de Pandemia, a saber:
“A saúde vem antes da democracia; e a democracia antes da economia. Os recursos do planeta têm limite, e nós, ao invés de lutar uns contra os outros, faríamos bem em nos unir contra três inimigos comuns: o vírus, o aquecimento global e as desigualdades. Quanto à economia, o coronavírus nos ensinou a importância da intervenção pública e a prioridade do necessário sobre o supérfluo”.
Agora com atendimentos predominantemente online de meus clientes, me permito, em alguns momentos, estar a quilômetros de minha casa, numa cidade litorânea, longe de meus livros. Além disso, só foi possível escrever este artigo graças à pesquisa de internet; que reavivou todas as leituras que fiz deste autor, trabalhando e fazendo jus ao ócio criativo.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre como a pandemia antecipou o futuro do trabalho? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Natalia Marques
Psicóloga, Coach e Palestrante
http://www.nataliamantunes.com.br/
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