EDUCAÇÃO: Homeschooling e as diferenças sociais
Nos séculos XVIII e XIX, o hábito de ensinar em casa no lugar de ir às escolas – ou liceus – com professores particulares ou tutores, era comum entre as classes mais abastadas da sociedade. A partir do século XX, a prática se tornou comum para outras classes sociais. E incluiu, na função de ensinar não somente pessoas oficialmente habilitadas, mas também pais e responsáveis.
Se antes o homeschooling era solução para o difícil acesso às escolas, agora aparece como uma alternativa à educação formal das escolas regulares.
Esse tipo de ensino, atrai as famílias que não acreditam na educação formal das escolas regulares porque não atende às necessidades educacionais dos filhos: o grande número de alunos em sala de aula impede o ensino individual de qualidade e a capacidade de aprendizagem de cada aluno.
O homeschooling combinado com a educação formal, nos grandes centros urbanos, já é uma prática regular. Os pais auxiliam as crianças com reforços e ampliam assim o escopo das matérias. Sejam com auxílio de professores, em casa ou ainda como complementação das matérias incluindo práticas e experiências.
São muitas as razões que levam pais exercerem esta escolha:
- Crianças educadas em casa desde a alfabetização costumam aprender mais rápido – os pais passam a acreditar na efetividade do aprendizado em casa;
- Se a criança tem alguma deficiência cognitiva, física ou até psíquica – ajuda a desenvolver a criança no seu tempo e sem pressões como bullying – por exemplo;
- Quando a família deseja uma educação moral e religiosa não oferecida pelas escolas;
- Pais de culturas diferentes querem estudos em dois idiomas e dois hábitos culturais;
- As escolas são desacreditadas porque podem influenciar de forma negativa o comportamento dos filhos;
- Jovens atletas, modelos, atores, cantores que vivem viajando e ficam impossibilitados de frequentar uma escola regular, costumam recorrer a estudos em casa com tutores;
- Liberdade de escolha;
- A educação domiciliar não restringe a participação da criança a outros ambientes: pratica esportes, aulas de música. Também têm amigos, brincam e interagem com outras crianças.
Há várias vertentes educacionais convencionais, por exemplo: Montessori, Waldorf, Educação Clássica, Trívio, Quadrívio. Há inclusive uma recente e bem interessante: unschooling.
A metodologia unschooling, ou desescolarização em português, defende que chegar ao sucesso não precisa ser através de uma escola formal ou ensino convencional, então as crianças e jovens são livres para escolher o que desejam estudar, baseando em suas afinidades e a capacidade de aprendizado natural de cada ser humano.
Independentemente da metodologia escolhida, será sempre adaptada ao ambiente em que a criança ou jovem estuda, respeitando suas limitações ou então expandindo até onde for capaz.
Os defensores da escola formal debatem o homeschooling, apontando os aspectos negativos, a saber:
- Os estudos em casa são limitados: ensinar e aprofundar matérias para alguns pais que não são professores é algo difícil;
- Essas crianças e jovens se tornarão antissociais quando adultos, em função da baixa interação social e do pouco convívio com outras pessoas da sua idade;
- Não estariam hábeis a lidar com desafios, pois o ambiente familiar não é hostil, e assim não obteriam êxito no ingresso da universidade e mercado de trabalho;
- Nem todas as famílias possuem recursos financeiros para manter a criança em casa o tempo todo;
- A escola é um ambiente de proteção da criança – 80% das denúncias de assédio a crianças são feitas nas escolas[1];
- Diferenciar mais as classes sociais no nosso país.
[1] Afirmação da presidente do CPERS – Sindicato, Helenir Aguiar Schürer.
Educação
É um processo de desenvolvimento integral das potencialidades do indivíduo – pressupõe um olhar sistêmico para o processo de aprendizagem, de maneira a propiciar a autotransformação do ser.
Amar, ouvir, respeitar e acolher as diferenças, com o comprometimento e responsabilidade por parte de quem educa e pelo educando – aspectos que permitirão ao educando superar suas dificuldades e a educação possa construir uma ponte capaz de gerar a verdadeira liberdade.
Também um processo cultural: é formar opinião, é desejo e vontade de aprender. Quando consegue gerar vínculos torna-se uma experiência capaz de nutrir.
Envolve a diversidade, plenitude, ligações, conexões, inter-relação, consistência, totalidade, inteireza, completude, diversidade e flexibilidade, funcionamento orgânico e em rede com foco na vida.
É a educação que consegue produzir mudanças em atitudes, que não mudam a essência do ser, mas torná-lo melhor, alterar seu estado de consciência
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/educacao-e-midia/o-que-significa-educacao-para-voce/
Homeschooling no Brasil
No Brasil, de acordo com a Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned), 15 mil estudantes entre 4 e 17 anos, de 7,5 mil famílias, estão na educação domiciliar. A estimativa é que no RS tenha cerca de mil famílias.
A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou, 8 junho 2021, o projeto que autoriza a educação domiciliar no estado, conhecido pelo seu nome em inglês, “homeschooling“. O Projeto de Lei 170/2019, de autoria do deputado Fábio Ostermann (Novo), recebeu 28 votos favoráveis e 21 contrários.
Sem regulamentação federal, a proposta permite que crianças e adolescentes sejam ensinados nas suas casas, sob o encargo dos pais ou responsáveis.
Caso sancionada pelo governador Eduardo Leite (PSDB), então o RS passará a ser o 1º estado no país a regulamentar a modalidade. Até agora, apenas o Distrito Federal tinha aprovado um projeto semelhante, em 2020.
A educação domiciliar é permitida ou regulamentada em pouco mais de 60 países, entre eles: Estados Unidos, Canadá, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai, Portugal, França, Itália.
Neste projeto, as famílias que optarem pelo ensino doméstico informam a escolha para a Secretaria Estadual de Educação, que ficará então responsável por regulamentar a matéria.
Os responsáveis manterão registro atualizado das atividades pedagógicas desenvolvidas com os alunos. Para comprovar o aprendizado, crianças e adolescentes educados no regime domiciliar deverão passar por avaliações periódicas no sistema regular de ensino.
Conforme este projeto, a fiscalização das atividades no âmbito da educação domiciliar será do Conselho Tutelar mais próximo, no que diz respeito aos direitos das crianças e dos adolescentes; e Secretaria Estadual e Municipais de Educação, conforme suas responsabilidades.
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Sandra Moraes
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