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Por que a Alimentação deve ir além dos Nutrientes e Calorias?

Você sabia que a forma como nos alimentamos influencia tanto a saúde do nosso corpo quanto a do meio ambiente? Por que ela não deve ser focada apenas em nutrientes e calorias?

Por que a Alimentação deve ir além dos Nutrientes e Calorias?

Por que a Alimentação deve ir além dos Nutrientes e Calorias?

A forma como nos alimentamos influencia tanto a saúde do nosso corpo quanto a do meio ambiente. Pouco se fala sobre a alimentação de maneira ampla, considerando aspectos extrínsecos ao metabolismo e fisiologia humana. Entretanto, essa abordagem deverá ser cada vez mais considerada, visto os impactos ambientais relacionados aos nossos hábitos de consumo, especialmente aos alimentares.

Eu costumo trazer essa abordagem em relação a aspectos comportamentais. Hoje, trarei uma perspectiva voltada à sustentabilidade.

Dentro desse conceito de avaliar amplamente, uma das principais causas de impacto ambiental é a produção de alimentos de origem animal, que mostrarei ao longo deste artigo.

A campanha Segunda Sem Carne, existente em mais de 40 países e lançada no Brasil em 2009, possui o objetivo de reduzir esse impacto. Ela propõe fazer a substituição da proteína animal pela vegetal, pelo menos uma vez por semana. É muito mais efetivo haver uma redução por grande parte da população do que a exclusão total por uma pequena parcela.

Esse tema gera certa resistência por parte da população em geral. Principalmente por quem trabalha com a agropecuária e por pessoas que não estão dispostas a mudar os seus hábitos. E, portanto, não se interessam em se aprofundar nesse assunto, algumas vezes entrando em negação.

Eu defendo que a nutrição não deve ser focada somente em nutrientes e calorias.

Não que esses fatores não importem. Contudo, é um estilo de conduta que fica no “raso” e que podemos ampliá-la, considerando também aspectos comportamentais e ambientais. Mesmo que de forma indireta, a saúde do meio ambiente influencia muito a nossa saúde.

O profissional da saúde não pode, nem deve, impor ou estabelecer um tipo de dieta como melhor ou mais saudável de forma geral para todos. Necessita-se adequar a alimentação de acordo com as preferências e necessidades de cada indivíduo, e devemos respeitar isso. No entanto, levar um pouco de conhecimento pautado em bases científicas sobre os benefícios de uma alimentação baseada em vegetais é importante no contexto da saúde e sustentabilidade ambiental.

De fato, para qualquer escolha existem prós e contras. Ser transparente com o paciente e imparcial em relação a condutas nutricionais é imprescindível para um(a) nutricionista. Da mesma forma que um profissional não deve impor uma dieta vegetariana ou vegana e respeitar a escolha individual de cada um para o consumo de alimentos de origem animal, também é antiético querer impor o consumo de carne e desmoralizar a alimentação vegetariana de um paciente que optou por ela. Transmitir conhecimento sobre esses prós e contras e adaptar a alimentação para que seja a melhor possível para as condições dos pacientes é essencial.

É importante deixar claro que, de uma maneira geral, a dieta vegetariana ou plant-based, bem planejada e orientada por um(a) nutricionista, pode ser seguida por qualquer pessoa, incluindo crianças, gestantes, lactantes e idosos.

Abaixo, trago alguns dos impactos e cultivos insustentáveis provenientes da pecuária e indústria da carne, leite, ovos e pesqueira, a saber:

  • Para alimentar animais criados para consumo são usadas aproximadamente 10 vezes mais calorias do que as contidas em sua carne;
  • Cada caloria de carne produzida requer o uso de áreas de cultivo pelo menos 6 vezes maiores do que o necessário para produzir uma caloria com cultivos vegetais, como batata, milho e arroz;
  • No caso da produção de carne bovina, a área necessária para produzir uma caloria chega a ser dezenas de vezes maior do que a área necessária para produzir a mesma quantidade de calorias de fontes vegetais. Um desperdício de aproximadamente 90% das calorias provenientes dos cultivos vegetais usados para a alimentação desses animais;
  • A produção de leite e ovos usa cerca de 8 e 3 vezes mais terra, respectivamente, do que aqueles alimentos vegetais;
  • Além da perda de habitats, há perda de biodiversidade, alteração dos solos, uso maciço e ineficiente de água. Além disso, contaminação ambiental pelo escoamento de fertilizantes, herbicidas, pesticidas e outros aditivos e perda de estoques de carbono pelo desmatamento;
  • A pesca comercial se intensificou com o uso de técnicas que tornaram a exploração dos recursos marinhos em escala superior à capacidade de reposição natural;
  • Todos os anos, milhões de toneladas de animais capturados acidentalmente são devolvidos ao mar, mortos ou agonizantes. Entre eles peixes, moluscos e outros invertebrados marinhos, golfinhos, focas e baleias, aves e tartarugas. Muitos pertencentes a espécies já em risco de extinção;
  • Estima-se que a pesca ilegal corresponda a 20% das capturas marinhas em ambiente natural;
  • Técnicas de pesca ilegais com dinamites e pulverização de corais com cianeto de sódio responsáveis pela morte dos recifes atingidos e de dezenas de espécies marinhas que deles dependiam;
  • Cerca de 15 milhões de km² de solo marinho, que equivale a duas vezes o território brasileiro, varridos por redes de arrastão todo ano.

Embora o consumo de alimentos de origem animal não seja o único responsável pelos problemas ambientais aqui discutidos, a sua contribuição para a maioria das crises ambientais que nos ameaçam é inequívoca.

Com a escassez e destruição dos recursos naturais fica cada vez mais difícil ter um ambiente compatível com a vida. Nossa saúde não depende somente do balanço energético e nutricional da alimentação e de bons hábitos de vida no geral, mas também da saúde e manutenção da nossa maior morada, nosso planeta.

Espero que este artigo tenha ampliado a sua percepção sobre o tema. E que ele te ajude a fazer escolhas a partir da luz do conhecimento, seja ela qual for! Escolhas conscientes fortalecem as nossas decisões.

“Somos 7 bilhões de humanos, mas criamos e abatemos mais de 70 bilhões de animais terrestres no planeta todos os anos para o nosso consumo”.

Gostou do artigo? Quer saber mais dicas sobre a alimentação além dos nutrientes e calorias? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.

Até a próxima!

Viviani Marcon
https://www.instagram.com/vivianimarcon/

Referência:
Livro: Comendo o Planeta: Impactos Ambientais da Criação e Consumo de Animais produzido pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) – DOWNLOAD GRÁTIS AQUI!

Confira também: 8 dicas práticas para, de fato, não sabotar a sua “dieta”

 

Viviani Marcon é Engenheira de Alimentos pela Universidade de São Paulo e graduanda em Nutrição pelo Centro Universitário São Camilo. Possui experiência profissional na área da Engenharia em indústria alimentícia, laboratórios de pesquisa da USP – FZEA e da University of Missouri (Columbia – EUA) e consultoria em inovação pelo SEBRAE-SP. Na área da Nutrição, foi membro da Liga Acadêmica de Nutrição Esportiva (LANESC); trabalhou com nutrição comportamental na SDS Nutrition, empresa coordenada pela nutricionista e Dra. Sophie Deram; desenvolveu, juntamente com uma equipe de profissionais, projeto de Iniciação Científica em educação alimentar – PEDUCA, cujo objetivo é oferecer formação aos educadores das escolas estaduais do Estado de São Paulo sobre alimentação saudável; é certificada como Coach de Saúde e Bem-estar pela Carevolution, e atualmente trabalha na área de nutrição clínica hospitalar, ajudando a desenvolver novo protocolo com foco em melhores desfechos clínicos dos pacientes.
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