A Corrosão da Percepção e as 8 Defesas Perceptivas
Quando alguém lhe diz: “Eu compreendi o que você disse”. Mas afinal, o que ele realmente compreendeu? Será que, de fato, correspondeu à intenção de sua mensagem? Suas palavras refletiram suas intenções?
Quando nos comunicamos, temos uma intenção e queremos que nosso interlocutor entenda exatamente o que estamos pensando, sentindo e querendo. Essa mensagem então passará pelo crivo da percepção do nosso interlocutor. Em outras palavras, nossa mensagem será interpretada de acordo com os sentimentos, pensamentos e necessidades do outro diante daquela situação.
O foco dos estudos do pensamento humano tem estado sobre a análise da percepção para entender como os múltiplos artifícios sensoriais levam a informação para dentro do cérebro e a abstração para entender como a informação acaba emergindo como comportamento e linguagem.
Segundo Wilson Bryan Key, em sua obra “A era da manipulação” todas as pessoas têm no cérebro uma grande quantidade de informação que nunca se tornará conscientemente disponível.
Essas informações fluem continuamente dos sentidos ao cérebro, armazenando-se na percepção inconsciente, para futura referência. No entanto, a pequena porção da percepção que se torna consciente opera de modo mais seletivo e mais lento. Além disso, Key também faz uma abordagem producente sobre os mecanismos de defesas perceptivas.
Os homens aprendem, durante seu processo de amadurecimento, o que não devem perceber conscientemente. Aprendem a alterar e restringir suas percepções, a se defenderem contra sentimentos ou tabus indesejáveis, bem como contra os impulsos e as lembranças que provoquem ansiedade.
A esse processo dá-se o nome de defesas perceptivas, que são mecanismos automaticamente acionados, sem controle consciente do homem, para subordinar informações não desejadas ao inconsciente.
As defesas têm, também, seu lado útil. Elas servem para permitir que nos concentremos no que estamos fazendo em determinado momento.
O prejuízo maior é acionar as defesas perceptivas como mecanismo de inibição e distorção da realidade. As defesas alteram nossas visões de nós mesmos, de nossas motivações e os relacionamentos humanos. O uso intenso das defesas perceptivas torna as pessoas vulneráveis à manipulação.
Key apresenta oito defesas perceptivas usadas para esconder informações de nós mesmos, evitando a presença da ansiedade, depressão e mesmo a sobrecarga perceptiva, a saber:
1. Repressão
Envolve a expulsão da percepção consciente, as lembranças e sentimentos traumáticos, tabus e percepções ameaçadoras, mas a informação permanece na memória. Dessa forma, vem à tona em forma de comportamentos. Normalmente as pessoas, para se defenderem dessas informações ameaçadoras, então adotam atitudes opostas. Por exemplo, o puritano rígido que foge de sentimentos hedonistas proibidos.
2. Isolamento
É uma defesa por meio da qual a pessoa pode saber de algo conscientemente. Contudo, evita as associações que provoquem ansiedade, culpa, depressão e outros sentimentos ameaçadores.
3. Regressão
É uma fuga da realidade do presente, buscando no passado soluções fantasiosas que deem então a sensação de segurança.
4. Formação de fantasias
É substituir a realidade por um mundo de fantasias, personagens fantasiosas. Proporciona assim uma estrutura de apoio para escapes da aceitação madura da realidade.
5. Sublimação
Envolve trocar o lugar da energia libidinal, agressiva ou de alguma forma inaceitável, por contraenergias ou impulsos. Por exemplo, o trabalho compulsivo pode ser um substituto e escape de uma grande raiva.
6. Negação
Serve para a pessoa se defender contra sentimentos, contradições, situações desagradáveis, tornando-as assim inexistentes. Dessa maneira, a culpa passa a ser de outra pessoa.
7. Projeção
É projetar no outro imagens estereotipadas boas ou ruins.
8. Introjeção
É tomar para si toda a responsabilidade por desacatos cometidos por outros.
São defesas que controlam nosso dia a dia, nossos pensamentos, ações e interpretações de discursos, em nossa comunicação cotidiana.
Pense nas oito defesas perceptivas. Quais delas você tem utilizado nos seus relacionamentos? Como elas têm impactado em sua comunicação?
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre as oito defesas perceptivas? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Vera Martins
https://vera-martins.com/
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