Saúde Mental e Diversidade
Saúde mental sempre foi um tema secundário no dia a dia das pessoas. Tanto é verdade que até pouco tempo uma pessoa que mencionasse que fazia terapia tinha grande probabilidade de ser estigmatizada. E, de fato, ainda é um dos primeiros cortes de despesas em momentos mais delicados financeiramente.
Numa sociedade construída com uma base mais competitiva do que colaborativa exprimir vulnerabilidades, sentimentos, emoções é visto como exposição, desvantagem e fraqueza. A dificuldade que muitos líderes têm de mostrar as suas vulnerabilidades evidencia bastante esse contexto organizacional.
Uma das consequências da pandemia foi expor essa fragilidade diante de um cenário desconhecido, ameaçador e sem definição de término. Um cenário que mexeu profundamente com o equilíbrio emocional das pessoas, acendendo assim um alerta importante para as empresas.
O QUE ENVOLVE A SAÚDE MENTAL?
Apesar da Organização Mundial de Saúde (OMS) não definir oficialmente o conceito de saúde mental, o termo está relacionado à sensação de bem-estar e harmonia. A nossa habilidade em manejar de forma positiva as adversidades e conflitos. O reconhecimento e respeito dos nossos limites e deficiências. A nossa satisfação em viver, compartilhar e relacionamento.
Com a percepção que a saúde mental é algo de extrema importância para o indivíduo, então vários movimentos surgiram ou se fortaleceram para debater e refletir sobre os caminhos de uma saúde mental mais plena.
Inspirado no “Outubro Rosa”, o “Janeiro Branco” surgiu em 2014 por psicólogos de Uberlândia, Minas Gerais. O objetivo da campanha é a conscientização da promoção e proteção da Saúde Mental, afinal, uma humanidade mais saudável pressupõe uma cultura da Saúde Mental no mundo.
O mês foi escolhido porque no início do ano as pessoas estão mais propensas a pensarem em suas vidas, relações sociais, emoções e construir novos hábitos.
A Campanha é uma forma de inspirar as pessoas, organizações e autoridades a criarem espaços de reflexão e debates sobre o tema. E assim criarem ações de desdobramentos efetivas em prol da saúde mental do indivíduo.
QUAL O CENÁRIO NAS EMPRESAS EM RELAÇÃO À SAÚDE MENTAL?
Saúde mental está relacionada ao bem-estar, harmonia, resiliência, reconhecimento, respeito, compartilhamento e relacionamento. Dessa maneira, as empresas podem contribuir muito com esse contexto ao tornarem os seus ambientes acolhedores e humanizados, respeitando a individualidade e necessidades de cada colaborador. É um ciclo virtuoso que terá como resultados pessoas mais felizes e maior produtividade. Apesar de óbvio há muito que se caminhar para essa direção.
De acordo com um estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial, 53% dos brasileiros relataram sofrer de algum transtorno mental no ambiente de trabalho nos últimos 12 meses, tendo como referência o ano de 2020. Isso acende um alerta, no sentido de fazer com que as organizações invistam mais no bem-estar dos seus colaboradores.
Quando fazemos um recorte para os grupos minorizados, como por exemplo: Mulheres, Pretos e Pardos, LGBTQIAP+, Pessoas com deficiência, Refugiados, as barreiras são ainda maiores. Não têm proporcionalidade de oportunidades, têm menor remuneração, bem como são menos representativos nos cargos mais altos da pirâmide organizacional. Pessoas com deficiência encontram dificuldades para ingressar nas empresas mesmo depois de 30 anos de Lei de Cotas.
60% das pessoas LGBTQIAP+, de acordo com pesquisa da consultoria Mckinsey & Company, têm receio de assumirem a sua sexualidade nas empresas por medo de retaliação e que a informação possa repercutir negativamente na ascensão de carreira.
Diante de todo esse contexto, então como manter a saúde mental equilibrada?
O QUE AS EMPRESAS PODEM FAZER PARA PROMOVER A SAÚDE MENTAL?
É fundamental que as empresas criem uma cultura de humanização, com líderes comprometidos em gerar resultados através das pessoas, ao mesmo tempo que olhem por elas.
O líder humanizado tem consciência de que pessoas são os recursos mais valiosos de uma empresa e que elas não representam apenas números. São capazes de enxergarem os seus liderados por meio de uma visão mais humana e empática.
Entendem que diferentes grupos passam por situações de vulnerabilidades diferentes no ambiente de trabalho e fora dele e que apoiá-los em suas necessidades não é privilégio, mas empatia.
Realizar programas de conscientização com todos os colaboradores desde a alta liderança até o cargo mais simples valorizando ações que, de fato, promovam a qualidade de vida e o entendimento da diversidade.
Criar grupos de afinidade, comitês, processos seletivos, programa de treinamento, integração e planos de carreira e benefícios inclusivos.
Incentivar os colaboradores a buscar informações e disseminá-las em seus ambientes familiares.
Criar manuais de conduta e canais de denúncia que mantenham a confidencialidade dos denunciantes e efetivos e ágeis em suas respostas.
Atentar para as legislações especificas que garantem proteção e acesso ao trabalho digno a profissionais LGBTQIAP+: uso de nome social ou retificado, uso de banheiro, tipificação de assédio por conta da orientação afetiva sexual e identidade de gênero considerado pela lei que tornou a LGBTfobia crime entre outros.
Realizar atualizações e benchmarking com empresas que possuem o mesmo desafio ou têm um programa implantado.
Ao realizar essas ações a diversidade será inserida na cultura. A considerar que os pilares da diversidade são o respeito e a empatia, toda empresa se beneficiará. E será dado um passo importante para a saúde mental de toda organização.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre saúde mental e diversidade? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Luciano Amato
http://www.trainingpeople.com.br/
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