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Por que precisamos descontruir nossos preconceitos?

Você já parou para pensar o quanto precisamos descontruir nossos preconceitos e o quanto, muitas vezes, negamos e acreditamos que não somos racistas, homofóbicos, xenófobos, machistas, etc?

Por que precisamos descontruir nossos preconceitos?

Por que precisamos descontruir nossos preconceitos?

Um texto viralizado nas redes sociais me chamou atenção e me fez refletir sobre o quanto precisamos descontruir nossos preconceitos. E o quanto, muitas vezes, negamos e acreditamos que não somos racistas, homofóbicos, xenófobos, machistas…

Ter consciência é o primeiro passo para começarmos um processo de desconstrução para que possamos, não só nos construirmos como seres mais humanos, sermos pedreiros na construção de um mundo muito mais justo, igual e fraterno.

E isso vale para as instituições e corporações também? Não só vale como, acredito, é por elas que devemos começar, seja na instituição família, nas instituições publicas ou nas empresas privadas.

Estamos vivendo tempos em que precisamos implementar as melhores práticas do ESG ou ASG (em português nas esferas publico ou privadas. A sigla se refere às responsabilidades e ações relativas à Environmental ou Ambiental, Social e de Governança. Neste sentido, cada vez menos serão toleradas quaisquer manifestações de preconceitos. E isso pode ter impactos inclusive financeiros e econômicos para as instituições e até político-diplomáticos, por isso mais ainda precisamos descontruir nossos preconceitos.

Como resposta ao texto original (de autor desconhecido e sem assinatura), fiz uma adaptação. Espero que minha resposta seja a voz de muitos que o desejem compartilhar e também viralizar, a saber:

“Agradeço a todos os meus amigos, amigas e conhecidos que ainda se atrevem a se relacionar comigo, apesar de todas as minhas deficiências.

Eu nasci branca, o que me torna uma racista TODAS AS VEZES que eu achar que é normal numa escola particular como a que estudei não ter alunos nem professores nem diretores pretos e que as pessoas pretas ocupem apenas os cargos de porteiro, merendeira ou pessoal da limpeza. Tenho consciência e me desconstruo como racista quando apoio as políticas afirmativas que permitem que as pessoas pretas ocupem cada vez lugares de mais poder na escala social e nos espaços públicos.

Sou racista TODAS AS VEZES que tiver medo e achar que uma pessoa preta se aproxima de mim para me roubar ou que todas as pessoas pretas são bandidas, e as brancas engravatadas, não.

Venho de uma família trabalhadora e sou burguesa enquanto achar LEGAL que o papai pague todas as contas dos seus filhotes mimados. E acreditar que certos trabalhos não são para eles, como limpar o banheiro ou lavar as louças da família ou ser gari nas ruas da sua cidade.

Eu sou elitista sempre que achar bacana me apropriar daquilo que deve ser direito de TODOS. Por exemplo: família, bandeira e religião para me colocar numa posição superior.

Eu sou insensível TODAS AS VEZES que não me indigno com tamanha desigualdade social e não defendo o estado de direito para todos e cada cidadão brasileiro.

Sou heterossexual e me torno homofóbica TODAS AS VEZES que achar estranho ou agressivo que duas pessoas do mesmo sexo se beijem na boca, se amem e construam uma família.

Eu valorizo a minha identidade e a minha cultura. E me torno xenófoba TODAS AS VEZES que valorizo apenas a minha cultura e crenças como sendo melhor que a dos índios, dos judeus, dos candomblecistas, dos imigrantes, dos quilombolas, dos caboclos, dos muçulmanos…

Eu gostaria que todos os brasileiros vivessem em segurança e de ver todos os criminosos na prisão, não apenas os pobres e pretos.

Quero que respeitem minha maneira de pensar e minhas crenças. Mas não quero acreditar que o normal é só o que eu acredito ser bom e verdadeiro. 

Eu me transformo numa repressora TODAS AS VEZES que eu achar que somente a minha forma de pensar é a única correta. Que meu Deus só serve aos meus interesses e não respeitar os direitos e a religião do outro.

Se eu penso que os subsídios acabam com o esforço de trabalhar e minam a dignidade das pessoas, sou mesmo muito insensível para não entender minimamente o que é não ter água potável, saneamento básico ou pelo menos uma refeição digna por dia. Me torno insensível quando não reconheço o esforço e as dificuldades de um trabalhador que gasta mais de um terço da sua vida dentro de um transporte público como sardinha em lata e mesmo assim é produtivo e comprometido.

Sou muito insensível quando não reconheço o tamanho abissal da desigualdade a partir da história de quase 4 séculos de escravidão das pessoas pretas que não tinham liberdade e muito menos acesso à educação, à propriedade e bens de consumo e muito menos direito de votar assim como as mulheres brancas.

Se acredito que cada um deve ser recompensado de acordo com sua produtividade, mérito e capacidade, me torno egoísta social e alienada. Porque não entendi nada sobre realidades completamente diferentes e desafio quem quer que defenda que trabalho duro, mérito, capacidade, tornam todos igualmente ricos e bem-sucedidos. Posso lhe apresentar milhões de brasileiros que trabalham duramente, têm capacidade imensa e merecem ganhar muito mais do que o salário-mínimo que recebem por mês.

Eu fui educada com valores e princípios. Isso me torna defensora do bem-estar social quando entendo o meu lugar de privilégio de pessoa branca, de classe média. E me sinto na obrigação de lutar incansavelmente para que TODOS tenham acesso aos mesmos “privilégios”.

Esta é uma pequena e breve revisão da minha má reputação.

Mas, pelo menos, tenho certeza de que somos vários. Por isso, envie essa mensagem para seus amigos se você também tem essa má reputação.”

Agradeço a todos os meus amigos e conhecidos que ainda se atrevem a se relacionar comigo, apesar de todas as minhas falhas.”

Gostou do artigo? Quer discutir mais sobre como descontruir nossos preconceitos? Entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar.

Cris Ferreira
https://soucrisferreira.com.br/

Este texto é uma adaptação do conteúdo do artigo original publicado por Marcos Emilio Gomes na Revista Veja publicado em 22 de junho de 2022.  

Leia mais em: https://veja.abril.com.br/coluna/marcos-emilio-gomes/fragmentos-de-um-discurso-injurioso/

Confira também: O que é Independência Financeira para a Mulher Moderna? 

 

Cristiane Ferreira é Coach formada pelo IBC – Instituto Brasileiro de Coaching, Professora da Fundação Getúlio Vargas com cadeiras em Liderança, Coaching, Inteligência Emocional, Técnicas de Comunicação e Empreendedorismo, Palestrante, Empresária do setor de Educação desde 1991, Graduada em Letras pela UFMG e Pós-graduada em Linguística Aplicada pela UFMG, MBA em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, Formada em Inglês pela University of New Mexico, EUA, Apresentadora do Programa Sou Múltipla, Fundadora da Associação das Mulheres Empreendedoras de Betim, Ex-Presidente da Câmara Estadual da Mulher Empreendedora da Federaminas (2014/2016), Destaque no Empreendedorismo feminino, recebeu vários prêmios entre eles o “Mulheres Notáveis – Troféu Maria Elvira Salles Ferreira” da ACMinas, troféu Mulher Líder, “Medalha Josefina Bento” da Câmara Municipal de Betim, “Mulher Influente” do MG Turismo e o “Mérito Legislativo do Estado de Minas Gerais”, Comenda Amiga da Cultura da Prefeitura Municipal de Betim.
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