FIES e o Financiamento do Futuro Intangível
“A Educação é a mais poderosa arma, pela qual se pode mudar o mundo” (Nelson Mandela)
Em pleno século XXI quando as tecnologias evoluem muito rapidamente e as demandas de conhecimento se sofisticam todos os dias, nos deparamos com a ausência de investimentos e opções de formação relevantes para as pessoas – seja para o mercado de trabalho em transformação, seja para a vida adulta e profissional.
No Brasil, valorizamos muito o ensino universitário sem oferecer, antes dele, o ensino técnico. Uma importante alternativa para geração de renda e melhores referenciais para escolha da carreira a seguir.
Anteriormente, escrevi sobre o desafio de aprender e desaprender em um mundo em que as tecnologias, métodos e negócios mudam muito rapidamente exigindo das pessoas, desapego, aprendizagem rápida. E todos os dias estar pronto a partir do “zero” em uma atividade profissional, que de fato não muda o seu objetivo. Mas revoluciona a cada passo, a metodologia para se atingir os resultados.
Sequer conseguimos ainda vislumbrar quais seriam as novas profissões e os skills para cada uma delas. No entanto, oferecemos aos alunos um financiamento estudantil para ser pago em até 14 anos, custeando uma formação universitária, cujo futuro não vai gerar o benefício de uma carreira de sucesso. Esse aluno terá que seguir estudando e sem auxílio algum, assim como pagando o curso inicial, em um mercado de trabalho que não saberemos definir o modelo, e as regras de remuneração.
O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é um programa criado em 2001 pelo Governo Federal. Tem como um dos principais objetivos financiar as mensalidades de alunos em faculdades particulares.
As Universidades “gratuitas”, no âmbito federal, estadual e/ou municipal, assim como programas de bolsas integrais não conseguem atender a todos. Seja pelos altos investimentos necessários para alcançar este resultado ou então pela não disponibilidade em todo o país.
Esse sistema de financiamento estudantil é complexo e burocrático. Para de fato conseguir o benefício, é preciso ter renda baixa e enviar inúmeros documentos para a comprovação. Somado a isso, para manter o benefício todo semestre é preciso realizar o aditamento para a sua manutenção do crédito.
O FIES não oferece período de carência. Assim que o estudante conseguir um emprego com carteira assinada, seja na sua área ou em outra, as mensalidades são descontadas na folha de pagamento. A falta de garantia de um emprego rápido após a conclusão do curso faz com que o jovem entre no mercado de trabalho com o “nome negativado” por conta da dívida.
Cerca de 1,3 milhão de estudantes estavam inadimplentes no FIES em 2022[1] – esse número corresponde a 51% dos financiamentos concedidos ou R$9 bilhões em prestações não pagas.
Sem conseguir atualizar e corrigir as publicações que a são a base da instrução escolar – conteúdos digitais e livros, professores e narrativas largamente ultrapassadas – também não conseguimos orientar o ensino médio para a necessidade de formação técnica, onde o aluno poderia testar suas escolhas, antes do vestibular. A vivência em setores técnicos daria aos alunos o conhecimento e questionamentos sobre as escolhas que farão.
Gostou do artigo? Quer discutir mais sobre o FIES e o financiamento estudantil, bem como a ausência de investimentos e opções de formação relevantes para as pessoas? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Sandra Moraes
https:// www.linkedin.com/in/sandra-balbino-moraes
Referências:
[1] https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2022-03/fies-estudantes-inadimplentes-podem-renegociar-dividas-no-dia-7
[2] https://g1.globo.com/educacao/noticia/2013/03/brasil-tem-menor-media-de-anos-de-estudos-da-america-do-sul-diz-pnud.html
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