Erro e Vulnerabilidade: Elementos Estratégicos Fundamentais!
Em minha vida profissional conheci e vivenciei culturas organizacionais intolerantes e avessas ao erro, cuja gestão normalmente está ancorada na pressão desrespeitosa e desonesta para que não erre e não questione comandos. Culturas de chantagem psicológica, de apontar culpados, de controle sufocante e contraproducente.
Onde existe humanidade existe erro. Uma cultura que nega o erro, nega sua própria humanidade e assim institui a mentira como valor organizacional. Diretrizes normalmente mal elaboradas não são cumpridas honestamente, o trabalho realizado é para inglês ver. Culturas intolerantes ao erro normalmente florescem sob a égide do ego de poucos e formam mentirosos e/ou frustrados e/ou ansiosos/depressivos.
Percebo que culturas assim sobrevivem pela alta rotatividade, em mercados monopolizados, mercados próximos à obsolescência e/ou atividades de pouco valor agregado. Apenas sobrevivem, são incapazes de evoluir.
Importante esclarecer que culturas que compreendem o erro como parte do processo de aprendizagem, inovação e desenvolvimento organizacional são diferentes de ambientes “bonzinhos”, irresponsáveis e sem regras. Não se trata de focar o erro e não observar normas de compliance, mas sim de buscar o melhor – melhores soluções, melhores processos, melhor qualidade, melhor satisfação, melhor desempenho.
A 3M é um ótimo exemplo, companhia cuja reputação é reconhecida por suas dezenas de milhares de produtos que mudaram a vida das pessoas mundo afora, a maioria fruto de tentativa e erro, de observação do consumidor, ou por puro “erro” mesmo, como o caso do post-it que era uma cola que não colava e se tornou um produto com faturamento de US$ 2 bilhões anuais. E o que falar da cultura ágil e de inovação das StartUps, normalmente baseada na tentativa, erro, aprendizagem e evolução/revolução?
Do ponto de vista da liderança, lutar contra o erro é sabotar sua própria humanidade.
É mergulhar num estado de vigilância constante que produz ansiedade. É privar-se do desenvolvimento e comprometer a formação de equipes de alto desempenho. Aceitar o erro e assumir a própria vulnerabilidade é estratégico pois traz à consciência o que e como se desenvolver. É também um dos caminhos para construção de relações de confiança, elemento chave para viabilizar ambientes com segurança psicológica que promovem, de fato, engajamento, desenvolvimento, inovação, produtividade e resultados.
Vulnerabilidade no ambiente de trabalho não se trata de expor questões de foro íntimo. Mas sim de ter maturidade e humildade para pedir ajuda, assumir o que não sabe e deixar quem sabe brilhar. É respeitar-se e conhecer suas dinâmicas físicas e emocionais e entender que tem dias melhores que os outros. Sempre existirão dias em que estaremos mais produtivos, criativos e dispostos. Aprender a lidar e gerenciar esse processo é estratégico para potencializar o que há de melhor em si e nas pessoas.
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Fábio Castilho
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