As Eleições e os conflitos nossos de cada dia
Uma coluna sobre mediação de conflitos, escrita em tempos de eleições, não poderia deixar de olhar para esse contexto e buscar compreender esse fenômeno que tem afetado famílias e grupos em distintos contextos.
Parece que todos tem uma história para contar sobre a mãe, o primo, ou alguém da família que vota diferente e acaba sendo visto – por aqueles que compõem uma maioria – como alguém “errado”.
Os conflitos fazem parte de nossa vida e podem acontecer em qualquer casa ou lugar. Mas, o que entendemos por conflito?
Os conflitos são manifestações das diferenças (de interesses, de opiniões, desejos por exemplo). Em si o conflito não é bom nem ruim, é a forma como lidamos com os conflitos é que pode ser destrutiva ou construtiva.
Se um conflito surge, recebemos uma notícia de que, sobre um determinado ponto, existe uma dissonância. Sim, é somente isso. O caminho que escolhemos para lidar com a situação conflituosa é que pode provocar rupturas ou aprendizados.
Somos seres relacionais e, também, somos diferentes uns dos outros (nem mesmo nossas próprias digitais se repetem) e as diferenças estarão diante de nós o tempo todos.
Infelizmente nossa cultura não enfatiza as diferenças como potências. Fomos educados de forma a padronizar nossos comportamentos, gostos e ideias. E isso é muito perigoso.
Vamos formando uma consciência equivocada de que as pessoas “certas” pensam da mesma forma que nós e que aquelas que pensam diferente estão “erradas”.
E a forma como o processo eleitoral e as questões políticas têm sido tratadas, aliados ao algoritmo das redes sociais, que só entregam aquilo que nos agrada, de fato, exacerbam ainda mais essa consciência.
Não temos sido expostos a situações em que as diferenças são trabalhadas e temos perdido muito com isso, caindo no perigoso jogo da história única. Uma narrativa contada por apenas um ponto de vista chega muito empobrecida.
Porém, como abrir espaço para conversar sobre essas situações?
- A primeira coisa que sugiro é se abrir genuinamente para escutar;
- Ao falar, não queira convencer sobre seu ponto de vista, fale de modo a compartilhar sua visão. Isso ajuda o outro a te ouvir também;
- Procure não pré-julgar a pessoa que pensa diferente de você como alguém “errado” ou qualquer outro tipo de julgamento que você possa fazer;
- Esteja atento às suas emoções. Seu cérebro pode tentar colocar essa pessoa no lugar de inimigo. Isso acontece como mecanismo de proteção, pois coisas importantes para você estarão em jogo nesta conversa. Vá cuidando para que isso não tome conta de você;
- Revele o que é importante para você quando você faz suas escolhas, fale sobre valores, necessidades humanas e como você gostaria de cuidar dessas coisas;
- Não tenha em mente a ideia de “ganhar” a conversa. Isso implicará na sua postura, seu tom de fala e na sua condição de escutar. Tenha em mente que em conversas que ampliam todos saem ganhando.
Seja sobre política, seja sobre os melhores caminhos de crescimento da empresa, seja sobre o orçamento doméstico, de fato, sempre há espaço para conversas ampliadoras.
Muito tem se falado de diversidade, mas pouco tem sido o exercício de experimentá-la. Pense a diversidade de forma ampla e você perceberá que esse tema está na mesa de refeições de sua família, na bancada de trabalho ao lado da sua ou na porta da escola de seus filhos.
Procure se expor mais às diferenças A diversidade é um desafio importante e interessante. Se observe diante dessas situações, então isso contribuirá para seu autoconhecimento, revelando seus valores, seus gatilhos e como suas emoções se manifestam diante destes desafios.
E depois me conte, quero muito saber como essas reflexões chegam ai para você!
Gostou do artigo?
Quer saber mais como lidar com os conflitos de cada dia? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar.
Um abraço,
Juliana Polloni
https://www.linkedin.com/in/juliana-polloni
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