Você quer morar em uma cidade de 15 minutos?
Antes de responder essa pergunta aos leitores, cabe aqui uma contextualização. De 2015 a 2018, por conta de atividades profissionais que eu então desempenhava, tive a oportunidade de acompanhar pessoalmente muitos eventos internacionais em que debatiam-se temas como cidades inteligentes, mobilidade viária e, também, os objetivos de desenvolvimento sustentável (ONU ODS 2030). Entre esses eventos, um que me surpreendia bastante era o patrocinado pelo ITF – International Transport Forum, uma linha de atividades reconhecida dentro da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
Para dar uma dimensão da relevância do que comentaremos a seguir, o ITF é uma organização intergovernamental com 64 países membros. Atua como um grupo de reflexão para a política de transportes, sendo o único organismo global que abrange todos os modos de transporte. O ITF está integrado administrativamente com a OCDE, mas é politicamente autônomo. Em Maio de 2016, aconteceu a publicação de um primeiro estudo que procurava avaliar como cidades europeias de médio porte poderiam se adaptar melhor ao conceito de mobilidade.
O relatório apontava serem muitos os desafios para gerenciar as necessidades de acesso e mobilidade das pessoas. Alguns estão relacionados à incerteza sobre como os novos serviços, tecnologias e tendências sociais emergentes afetam as escolhas de mobilidade dos cidadãos. E o foco das conclusões ficou relacionado, especificamente, ao efeito da substituição de todas as viagens de carros e ônibus por serviços porta-a-porta.
O relatório concluiu que esses sistemas podem reduzir massivamente o número de carros nas ruas da cidade. Com isso, resultando em reduções significativas de distâncias percorridas, congestionamentos e impactos ambientais. Não menos importante, os serviços porta-a-porta também reduzem os custos aos consumidores.
Um primeiro e mais completo estudo com simulações em computador usou a cidade de Lisboa como exemplo. E depois, em 2017, o estudo escolheu Helsinque para as novas simulações, sendo absolutamente confirmado o resultado anterior. Ao substituir o tráfego de carros particulares por novos serviços de mobilidade compartilhada em áreas urbanas reduz drasticamente o número de carros necessários. Reduz significativamente as emissões de CO2 e libera grandes áreas de terrenos públicos para outros usos além de estacionamentos. Sem dificultar o deslocamento dos usuários de porta em porta.
Continuando, nessas novas simulações, as viagens rodoviárias motorizadas (carro particular, ônibus e táxi) foram substituídas por diferentes configurações de Táxis Compartilhados de 6 lugares que oferecem serviço porta a porta sob demanda e Táxi-Ônibus que oferecem serviço de esquina a esquina. Com serviços compartilhados, todas as viagens atuais com carros particulares, na área metropolitana de Helsinque, poderiam ser realizadas com apenas 4% do número atual de veículos.
Os melhores resultados em termos de redução de emissões e congestionamento são alcançados quando todas as viagens de carro particular são substituídas por viagens compartilhadas, a saber:
- as emissões de CO2 dos carros cairiam 34%;
- o congestionamento reduziu-se em 37%.
Uma constatação essencial foi a de que a substituição de todas as viagens motorizadas (automóvel, ônibus e táxi) por serviços partilhados reduziu as emissões de CO2 dos transportes em 62% no caso de Lisboa (resultado bem mais relevante do que ocorreu em Helsinque).
Mas então, depois dessa introdução, o que significa para você uma “cidade de 15 minutos”?
Os estudos não ficaram restritos aos anos de 2016 e 2017 dado que, mesmo com a pandemia, os conceitos foram evoluindo e novas simulações lideradas por especialistas do ITF aconteceram. E agora, recentemente, meu grande amigo Maurício Machado, CEO do Portal São Paulo São, volta a explorar o assunto da mobilidade (já com os mais novos conceitos) tendo Paris como exemplo central.
O conceito-chave para entendê-la é este: a “cidade de 15 minutos” é uma abordagem voltada ao desenho urbano que visa melhorar a qualidade de vida das pessoas. Dessa forma, o objetivo é transformar a cidade para que tudo o que um morador precise, ele possa alcança-lo em 15 minutos. Seja a pé, de bicicleta ou de transporte público. A ideia geral não é nova, baseando-se em princípios urbanísticos desenvolvidos pelo americano Clarence Perry, no início de 1900. Mas o conceito de “cidade de 15 minutos (la ville du quart d’heure)” começou a ganhar popularidade, em 2019, com Carlos Moreno, um professor da Sorbonne e cientista franco-colombiano que desenvolveu a ideia em busca do apego ao lugar (amour des lieux).
Neste momento, ao invés de eu ser mero reprodutor do brilhante ensaio produzido pelo Maurício Machado em seu portal, convido o leitor a conhecer todo o material por ele apresentado clicando aqui. Você leitor perceberá que o movimento de transformar os espaços urbanos já começou. E, com ele, muitos novos impactos acontecerão no dia a dia das pessoas. Esse movimento ainda é muito singelo no Brasil. Estando mais avançado em outras regiões do mundo, mas tenho certeza de que logo estará batendo na nossa porta e entrando nas nossas vidas.
E você, como se sentiria vivendo em uma “cidade de 15 minutos”?
Eu sou Mario Divo e você me encontra pelas mídias sociais, na Rádio Cloud Coaching ou, então, pelo site www.mariodivo.com.br.
Até nossa próxima postagem!
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre o conceito da cidade de 15 minutos? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar.
Mario Divo
https://www.mariodivo.com.br
Confira também: Acompanhe a programação do Mario Divo na Rádio Cloud Coaching®!
Participe da Conversa