Mulher, quem é você para além do seu trabalho?
Não deixe seu trabalho definir quem você é!
Nós, mulheres, conquistamos nosso espaço na sociedade. A era industrial e a entrada no século XX nos abriram as portas para entrar no mundo do trabalho, ao dinheiro, à política, aos esportes e ao pensamento independente.
Talvez as mulheres mais jovens sintam isso como uma coisa natural, mas nós, devemos isso às mulheres que vieram antes de nós: conquistaram o direito ao voto e de participar da vida pública, o direito de estudar, o acesso às Universidades, o direito de usar calça, calção, minissaia, biquíni, o direito de ter seus próprios depósitos bancários e seus cartões de crédito.
Em 1951 conquistaram o direito de igualdade de remuneração entre homens e mulheres na mesma função (embora em muitos lugares até hoje não aconteça). Direito a participar das Olimpíadas, a trabalhar fora. Lei Maria da Penha. Lei do Feminicídio.
Não foi pouco. E nós somos convocadas diariamente a seguir nessa empreitada pelo nosso lugar na sociedade.
Ao longo das últimas duas ou três gerações, fomos finalmente reconhecidas e apreciadas nesse lugar bem visível: o trabalho e o âmbito social. A partir daí começamos a existir.
Ao mesmo tempo, bem longe dessas sensações carregadas de adrenalina, metas, produção, resultados, dinheiro, independência e posicionamento, se manifesta esse misterioso desejo de gerar filhos e constituir família.
Damos à luz. E, de um dia para o outro, nossa vida vira de ponta cabeça, às vezes de uma maneira não tão feliz quanto havíamos imaginado. A criança nos submerge em um mar de emocionalidade sufocante e desesperador. Sentimo-nos sozinhas e afastadas do mundo onde acontecem as coisas interessantes. Perdemos aquilo que acreditávamos ser “vida boa” e a nossa realização. Perdemos nossa identidade.
Desaparecem os amigos, o mundo social, a autonomia, a liberdade, a independência. Desaparecemos como mulheres capazes, donas de si, bem-sucedidas valorizadas pelos outros.
Amamos nossos bebês, mas queremos fugir disso que queima nosso íntimo. Queremos criá-los com amor, mas precisamos, desesperadamente, voltar a “ser nós mesmas”.
Nosso “eu” se perdeu no meio de fraldas e mamadas.
Isso acontece porque nós, mulheres modernas, construímos a nossa identidade por meio do trabalho. Acreditamos que nosso valor está unicamente naquilo que fazemos.
É fato que parte de quem somos efetivamente se desenvolveu por meio da profissão. No entanto, há uma outra parte escondida, e nós mesmas não conseguimos reconhecê-la. A “mãe” não é tão valorizada e admirada quanto a profissional que fatura vários dígitos mensais.
Independentemente das necessidades econômicas ou dos compromissos profissionais assumidos antes do nascimento da criança, nós voltamos rapidamente ao trabalho porque ele nos salva. Devolve-nos a identidade perdida. E também nos dá descanso. Também nos coloca numa vitrine com etiquetas. Somos administradoras, jornalistas, secretárias, advogadas, escritoras, enfermeiras, médicas, engenheiras, bailarinas, fisioterapeutas, cozinheiras.
Não importa o rótulo. O importante é que “somos” alguma coisa que tem nome e lugar e isso nos permite coexistir e ter valor na sociedade. Fora conseguimos “voltar a ser”. Mas “dentro”, com a criança nos braços e sozinhas, somos invisíveis.
Por isso, muitas vezes, temos a sensação de que a maternidade e o trabalho são incompatíveis. E que nos perdemos de quem somos depois de parir.
É justamente esse o nosso desafio: ser capazes de reformular nossa identidade, incluindo esse novo papel de mãe.
E aí, Mulher, você já sabe quem é você para além do seu trabalho?
Gostou do artigo? Quer saber mais como definir você mesma mulher, sem deixar que o trabalho defina quem você é? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.
Liz Cunha
https://www.lizcunha.com.br/
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