Prolapso de Órgãos Pélvicos (POP): Você já ouviu falar?
O universo da saúde feminina vai muito além da prevenção e tratamento deste prolapso e demais doenças dos órgãos pélvicos e reprodutores.
Lidar com as dores do feminino, acolher os destemperos, entender os hormônios, captar as mensagens no ar dos desesperos das TPMs, das irritabilidades e das cólicas. Entender a autocobrança e a busca irreal dos padrões de beleza. Acompanhar o amadurecimento e explicar sobre a beleza de cada fase. Entender do fluxo de sangue uterino e do fluxo da vida. Eis a atuação do ginecologista.
As cirurgias também fazem parte destas “curas” que propomos e muitas delas devolvem a mulher às suas atividades habituais, sociais e familiares, bem como às suas atividades sexuais.
O assoalho pélvico feminino tem uma fragilidade que é própria da anatomia singular das mulheres e do corpo preparado para gestar. A gestação por sí só é fator de risco para diversas alterações desse assoalho, que associada a outros fatores como, por exemplo: partos complicados, fetos grandes, obesidade, sedentarismo, tabagismo, diabetes, doenças do colágeno e, infelizmente, o avançar da idade.
Como diria uma amiga, depois de certa idade o corpo fica muito criativo…
E tal criatividade é POP, sigla que se refere ao prolapso dos órgãos pélvicos. Palavra cuja origem etimológica do latim é Prolapsus – particípio passado de prolabor – escorregar. Há então uma descida dos órgãos pélvicos (útero, vagina, bexiga e reto) que ocorre por perda da sustentação desses órgãos na pelve e na bacia em um assoalho pélvico enfraquecido.
Lembro-me de ler durante o início de meus estudos em ginecologia e obstetrícia (Te Linde, livro de Técnicas Cirúrgicas) sobre a primeira histerectomia (retirada do útero) descrita na história. Ela aconteceu em uma mulher idosa, que trabalhava com lenha em uma fazenda e extirpou seu próprio útero com um machado ao vê-lo saindo ou “escorregando” pelas pernas.
Portanto, é uma condição mais comum com o avanço da idade e assusta a paciente quando a percebe pois vê que algo está fora do lugar. Sente uma espécie de peso ou um tipo de bola entre as pernas. Mais comum em casos de múltiplos partos normais, ou de fetos grandes ou partos trabalhosos ou complicados, sendo nestas situações também prevalentes em mulheres jovens.
Atualmente, determinados esportes de altíssimo impacto também têm se mostrado risco relativo para prolapso genital e incontinência urinária.
É uma condição que impacta na qualidade de vida das mulheres pois interfere na sua autoestima, lhe traz uma sensação de envelhecimento e inutilidade. A paciente começa a limitar seu convívio social e passa a evitar a relação sexual. Há muitas vezes um silêncio por vergonha e preconceito da própria paciente.
O ideal é procurar um ginecologista (que na verdade deve-se visitar anualmente em qualquer idade, mesmo na terceira ou quarta) para esclarecimento, diagnóstico e tratamento.
A cirurgia de correção do assoalho pélvico é o tratamento ideal, que pode ser feita com o próprio tecido da paciente ou utilizando uma tela sintética que substitui o tecido roto. Este segundo tipo é mais promissor e resolutivo.
É uma cirurgia usual, de médio risco e também de médio porte. A paciente apresenta um rápido retorno às suas atividades habituais e boa recuperação. Os fatores limitantes à cirurgia são as próprias comorbidades da paciente quanto à sua saúde. E em casos nos quais a cirurgia não pode ser realizada, opta-se então pelo uso de pessários vaginais que fazem uma pressão interna no local da fraqueza do assoalho. São temporários e paliativos.
Lembrando que bons hábitos e alimentação adequada são fundamentais em qualquer fase da vida e permitem um envelhecimento saudável e uma rápida recuperação se a cirurgia for necessária. E a atividade física sempre deve ser feita sob orientação correta.
Falar abertamente sobre os sintomas do Prolapso de Órgãos Pélvicos, procurar o médico e se permitir tratar são, de fato, caminhos seguros para uma longevidade feliz e sem tabus.
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Prazer, Clarissa!
Clarissa Marini
https://www.instagram.com/clamarini/
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