O Amor é o que nos difere: Uma reflexão sobre o Amor e o Ego!
“Tudo aquilo que o homem ignora, não existe para ele. Por isso o universo de cada um, se resume no tamanho de seu saber”. (Albert Einstein)
Estamos em meio à maior revolução do conhecimento na história da humanidade – dentro de parâmetros conhecidos, é claro – se, individualmente não sabemos tudo – certamente temos acesso a tudo o que se sabe, no espaço digital ao alcance de um click.
Todos os dias recebemos uma quantidade enorme de novas informações, realmente significativas na ciência, arquitetura, sociedade, medicina – enfim, para nos mantermos informados, pagamos um alto preço por não respeitarmos os limites da mente e do corpo.
A sobrecarga do excesso de estímulos desnecessários, sem estabelecermos tais limites e sem conseguirmos absorver e entender o que temos recebido de informações, caminhamos para um imenso vazio onde nada permanece e a sensação de que não é necessário saber – porque os novos saberes serão rapidamente substituídos.
“Parar de pensar, nem que seja por instantes, é a grande mestria que todos os meditadores procuram. Acalmar a mente que sofre com o excesso de pensamentos, ansiedade e preocupações – cada vez mais frequentes e acelerados para acompanhar o ritmo em que homens modernos se comunicam – é questão fundamental para a saúde psíquica e física de qualquer ser humano no século XXI.
O estresse é consequência da agitação mental. A falta de memória é resultante do desgaste causado pela agitação mental. Insônia, angústia, pensamentos repetitivos – sinais desse estado mental de inquietação.”[1]
A questão é que este comportamento afeta principalmente as relações humanas.
Perdemos as noções básicas de limite em todos os sentidos quando não respeitamos mais os nossos limites individuais. Passamos a adotar o mesmo comportamento tanto no digital quanto no presencial. As relações sociais invadidas pelo digital não reconhecem limites morais. A sociedade não consegue impor mínimas regras de conduta e convivência sem esbarrar na falta de códigos morais para o mundo digital.
Para Schimitt, a comunicação que você estabelece consigo é a base de toda comunicação com os outros. Seu mundo interior é sua referência para conviver com o mundo exterior. É a base, o ponto de partida de tudo. Você vê e analisa a vida de acordo com o conteúdo dos registros armazenados em seu inconsciente.
O que você aprende desde a infância é o alicerce de suas atitudes. Se não houver uma restruturação de crenças – mais adequadas e fortalecedoras – você continuará julgando as pessoas e os fatos pela ótica internalizada sem perceber que isso restringe sua realidade, limitando-o em seus julgamentos e aprendizados necessário.
“Meus direitos começam quando terminam os seus.”
Esquecemos tanto os direitos quanto os limites meus e seus. Quando as pessoas olham apenas para si e não se respeitam, não determinam limites para o seu Ego – fica impossível sequer imaginar que o Ego do “próximo” também existe. Uma base irracional que faz do ser humano uma máquina irrefreável em direção do seu pior algoz: EGO.
Todos procuram algo, um propósito, um sentido – são inúmeras técnicas, cursos, orientações neste sentido – o Google apresenta milhares de páginas em qualquer consulta simples, as ferramentas de IA já disponíveis outras milhares de soluções e respostas – em nenhuma encontra-se o básico: O propósito de uma vida com respeito aos limites impostos por um Ego que nos apresenta, confinado aos limites para o qual foi “criado” e a imensa contribuição na convivência com outras pessoas e suas diferentes visões da vida e do mundo.
Pensar no próximo como pensa em si mesmo não é um bom conselho quando não temos as réguas de convivência redefinidas para o quadro atual. Se todos esquecemos que EGO é meio e não um fim em si próprio – estamos fadados a ter radicalismos e individualidade acima de tudo.
As mensagens diárias pregadas neste mundo digital são muito diretas: Você pode tudo; Qualquer coisa que deseja está ao seu alcance; Caso ainda não tenha conseguido é porque não desejou direito….
Basta seguir uma receita para conseguir “Tudo” – o tudo que se conhece.
“Amar o próximo pode exigir um salto de fé. O resultado, porém, é o ato fundador da humanidade. Também é a passagem decisiva do instinto de sobrevivência para a moralidade. Essa passagem torna a moralidade uma parte, talvez condição sine qua non, da sobrevivência. Com esse ingrediente, a sobrevivência de um ser humano se torna a sobrevivência da humanidade no humano.
‘Amar o próximo como a si mesmo’ coloca o amor-próprio como um dado indiscutível, como algo que sempre esteve ali. O amor-próprio é uma questão de sobrevivência, e a sobrevivência não precisa de mandamentos, já que outras criaturas (não-humanas) passam muito bem sem eles, obrigado.
Amar o próximo como se ama a si mesmo torna a sobrevivência humana diferente daquela de qualquer outra criatura viva. Sem a extensão/transcendência do amor-próprio, o prolongamento da vida física, corpórea, ainda não é, por si mesmo, uma sobrevivência humana — não é o tipo de sobrevivência que separa os seres humanos das feras (e, não se esqueçam, dos anjos).
O preceito do amor ao próximo desafia e interpela os instintos estabelecidos pela natureza, mas também o significado da sobrevivência por ela instituído, assim como o do amor-próprio que o protege.
Amar o próximo pode não ser um produto básico do instinto de sobrevivência — mas também não o é o amor-próprio, tomado como modelo do amor ao próximo.”[2]
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Sandra Moraes
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Referências:
[1] Carlos Afonso Schimitt – O incrível poder da Palavra – Os efeitos do pensamento e da fala sobre a vida.
[2] AMOR LÍQUIDO: SOBRE A FRAGILIDADE DOS LAÇOS HUMANOS – Zygmunt Bauman
Confira também: Autoconhecimento: A Importância da Consciência da Sua Obra
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