A Educação e os pequenos ganhos da mudança humanizada
Do domínio da razão para o aprender da conexão
Nunca foi tão necessário reaprendermos a aprender e mais do que nunca a esvaziar a xícara para poder com a verdade e de forma genuína enchê-la novamente conectando ao nosso propósito de vida, fazendo valer os nossos valores e os nossos sentimentos. Estamos sendo chamados a fazer o que temos vontade e o que dá brilho em nossos olhos.
São inúmeras oportunidades que a vida nos traz para distinguir quando parar e quando continuar. Às vezes precisamos simplesmente respirar e fazer a pergunta: o que esta situação está me trazendo de aprendizado? O que preciso enxergar que ainda não enxergo? O que preciso me desapegar? E é nesta hora que o aprendizado acontece.
Levando em conta os atendimento que faço em coaching, mentoria, facilitação de grupos, aulas presenciais, aulas gravadas e um tanto de gente que conheço, percebo que aprendemos mais na dor do que no amor. Claro que me coloco neste lugar também.
Acho que esse é o lugar que estamos sendo chamados. A reaprender, a amar e a desfrutar os prazeres da vida a nossa inteira disposição. Estamos sendo provocados a entrar de cabeça em nossos talentos mais valiosos mesmo com o medo em abdicar da zona de conforto e do que já não faz mais sentido em nossa caminhada.
Quando falamos de educação, a palavra responsabilidade entra na frente para nos mostrar que sentir dor é importante mas que não precisamos permanecer neste lugar. E este momento é único para o despertar do que precisamos mudar interiormente e criar forças para enfrentar a passagem do A para o B.
Quando entramos nesta consciência, escolhemos aprender a partir do amor, da liberdade e da realização abundante. Quando permitimos educar e sermos educados pedimos ajuda, nos colocamos na vulnerabilidade para poder acolher a dor de uma forma que naturalmente desaparece no momento que entramos no lugar certo. É neste lugar também que temos a coragem de dizer não para tudo aquilo que não nos faz crescer ou limita a nossa luz.
Segundo Nelson Mandela, em seu discurso de posse, ele diz que o nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes. Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É a nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta. Nos perguntamos:
“Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível? Na verdade quem é você para não ser tudo isso? Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você. E a medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos as outras pessoas permissão para fazer o mesmo.”
Para onde estamos indo quando focamos a educação nas organizações e escolas?
Segundo o consultor mexicano Héctor Villarreal Lozoya, não haverá mais espaço para gênios fazendo milagres, a colaboração passará a ser uma competência crítica nas organizações. Dessa forma, será muito importante que o líder e o professor se prepare para ser um educador no papel de facilitação em diferentes atividades, tendo a diversidade como mola propulsora.
No campo das universidades o termo trabalho em equipe, colaboração, inovação e criatividade, está bem presente. Na indústria, o trabalho em equipe, que vem sendo promovido desde os anos 1980, com os círculos de qualidade, será a tônica, trazendo novas maneiras de nos relacionarmos, com novas concepções sobre hierarquia, responsabilidade e poder.
Cooperação, liderança facilitadora, pertencimento e facilitação interna ajudarão as pessoas a discutirem os problemas e se unirem na busca das soluções. Noções como times autodirigidos (equipes tomando decisões coletivamente) e holocracia (aptidões individuais se sobrepondo à hierarquia) irão implementar a autofacilitação.
Os lideres e professores educadores e facilitadores terão de se preparar para esse novo mundo, a fim de promover a consciência nas escolas, nas organizações e seus indivíduos. São necessárias habilidades específicas, como ouvir, ter disposição para identificar problemas e desafiar as próprias limitações – é o que diz Lozoya.
Voltando para o presente
Observando o mercado, percebo dois fenômenos ocorrendo, um ligado aos aspectos técnico, financeiro e processual; e outro ligado ao aspecto humanístico de propósito, modelo de gestão e comunicação. Ambos vêm sendo reaprendidos pela atual liderança, que se depara com o cenário BANI – Frágil, Ansioso, Não Linear e Incompreensível (em inglês: brittle, anxious, nonlinear, incomprehensible).
Detalhando o primeiro fenômeno (aspecto técnico, financeiro e processual), é sabido que a saúde financeira sempre foi o foco primordial das organizações. E observo que as empresas com mais liquidez estão sendo demandadas por seus dirigentes (ou governo, ou acionistas) a atingir patamares de resultados maiores, sendo que o cenário do mundo é de escassez e sobrevivência, na sua maior parte.
Por um outro lado, tenho observado as empresas com menos liquidez sendo chamadas para reduzir seus custos e enxugar mais e mais, a fim de garantir sua sobrevivência no mercado. Às vezes não aguentam e literalmente morrem.
Por que esse fenômeno acontece?
Porque, analisando a nossa história, o século XXI está recebendo as consequências da ganância, do medo e algumas vezes da competição pela competição, vividas na nossa história. Foram anos e anos de poder, imposições, roubos, corrupção e tantos outros comportamentos que ainda existem e incentivaram o interesse próprio em todos os locais do mundo.
O que nos une atualmente?
Negócios, dinheiro, crescimento de carreira, concorrência de mercado, engajamento para atingimento de resultado financeiro, compra de empresas para aumento do crescimento econômico e financeiro. Onde vamos parar?
Esse movimento está trazendo consequências sérias para o clima planetário, prejudicando a qualidade de vida das pessoas, provocando o aumento do número de doenças psicossomáticas e, como efeito, o advento de técnicas para cuidar de tudo isso, como neurociência, inteligência emocional, mindfulness, dentre outras.
Cabe perguntar: Em que direções se dará nossa evolução de agora em diante? Será que esse plano de mudança e evolução do homem continuará como está? Que educação precisaremos iniciar para que o técnico e humano seja integrado?
Respondendo humildemente, creio que não. Deus está mexendo no tabuleiro todo, isso é visível.
Estamos aprendendo pela dor. Vemos, por parte das empresas em geral, redução de custos e hipervalorização de resultados, por ganância e medo. No plano internacional, vemos a China entrando no mundo inteiro com uma governança egoísta e na contramão do desenvolvimento humano.
E o que podemos fazer a esse respeito?
Creio que devamos incentivar uma ação diferente por parte das pessoas no comando das empresas e das escolas. Precisamos trabalhar os decisores para o contágio emocional.
Não adianta puxar a corda e cortar custos porque o resultado não se cumpre, não por questão de incompetência, pois o potencial está presente nos colaboradores. Na verdade, a energia financeira deveria ser utilizada para ampliar talentos e incentivar a criatividade individual. A cultura do medo deveria ser substituída pela cultura do incentivo ao talento e apoio às pessoas que têm dificuldades.
Trainees são importantes, mas não podemos deixar de lado aqueles que não tiveram a mesma oportunidade de visitar outro país, aprender línguas novas, estudar temas interessantes e viver projetos inteligentes.
Todos fazem parte de uma mesma causa: como transformar o ambiente organizacional em um lugar no qual todos queiram estar e queiram apoiar genuinamente?
É nesse lugar de educadores e facilitadores que os dirigentes e professores estão sendo chamados a estar. Na medida em que eles delegarem essa importante tarefa para as áreas das empresas e escolas, estarão incentivando os 3 Ds: a desesperança, o desrespeito e o desvalor da administração em relação aos colaboradores.
E os colaboradores se sentirão traídos. É na dimensão humana que precisamos apostar as fichas. As empresas precisam cocriar estratégias e estar a serviço das competências individuais. Não basta uma empresa deixar claros seus valores e os comportamentos esperados, pois as pessoas precisam fazer juntas, pensar juntas.
É dessa maneira que elas se engajam nos resultados que entregarão. Elas próprias dirão, se for o caso, que é impossível entregar o resultado da maneira como os dirigentes esperam. A confiança não se instala quando os tomadores de decisão não têm a consciência de que, às vezes, um simples alinhar de expectativas, capacidades e acordos apoia muito o processo todo de engajamento.
Sem essas ações, os colaboradores abaixo deles ficam perdidos e com medo de pensar, sentir e querer agir. A paralisia contamina o ambiente. O que fazer nesse momento? Abrir espaço para os colaboradores criarem a estratégia para que os números desejados sejam alcançados.
Criar aos poucos ambientes formadores de pessoas que clamam por saber lidar com seus temores psicológicos, medos contidos e muitas vezes pressões desnecessárias, de fato será fator crítico para criarmos um futuro melhor para os nossos filhos, como diz sempre Fabio Barbosa.
Quando lidamos com seres humanos cheios de histórias, dores, realizações e aprendizados, vale super a pena fazer uso destes aprendizados para estar a serviço da mudança humanizada e assim podemos utilizar a escuta ativa como uma forma de início deste caminho porque às vezes a dor não está no mental e sim na alma de cada pessoa e nas pequenas situações do dia a dia da vida que se transformam em grandes aprendizados.
Nós da Agentes da Mudança cientes deste momento, estamos cada vez mais compartilhando conteúdos que possam ajudar este despertar. Uma das nossas linhas educacionais já está a serviço disso. Conheça a Jornada de Formação Lideres Agentes da Mudança 2024
Esta é uma grande oportunidade de você montar a sua rede da cultura da mudança na sua organização.
Te aguardo!
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Estamos juntos, conte comigo!
Kátia Soares
https://www.agentesdamudanca.com.br
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