Autoestima: A Liberdade de Ser Quem Você É e Deseja Ser!
Eu fui uma criança que cresceu sentindo o peso da comparação com a minha irmã, dois anos e meio mais nova que eu, porque ela chamava atenção pela sua beleza.
Uma menininha sempre meiga no seu jeitinho de falar e se comportar. A pele clarinha ressaltava seus olhos esverdeados e contrastava com os cabelos pretos bem lisinhos que ficavam ainda mais encantadores quando mamãe lhe fazia marias-chiquinhas e colocava laços vermelhos. O nariz arrebitadinho ficava ainda mais destacado já que nenhum fiozinho dos cabelos lhe caia pelo seu rosto angelical.
Realmente não era fácil ser irmã da menina mais linda da família, do bairro, da escola e, na adolescência, ela era convidada para fazer propagandas de televisão, participar de concursos de beleza… A mim, restava ser, às vezes, elogiada pela minha “inteligência” que, venhamos e convenhamos eu sabia que não era tão inteligente assim.
Nunca fui a Nerd, mas os óculos com as lentes fundo de garrafa de uma miopia super alta que chegou aos 13 graus me conferiam este lugar no pódio, pelo menos da família. Afinal, se eu não era tão bonita, era, pelo menos, inteligente. Meu prêmio de consolação.
Hoje, fico pensando em como buscamos, nas nossas carências, a validação e aprovação do outro. Quanto mais me validavam pela minha suposta inteligência, mais eu sentia prazer em estudar, estar em sala de aula, ter a atenção dos professores, principalmente de português que era a minha matéria favorita e, claro, na qual eu me saia melhor.
Passei a maior parte da minha pré-adolescência e adolescência estudando e lendo livros de todos os estilos literários desde Agatha Christie, Sidney Sheldon, Zibia Gasparetto até Machado de Assis, Clarice Lispector, Verissimo e inúmeros outros autores brasileiros e estrangeiros.
Os livros eram o meu refúgio, mas não elevavam a minha autoestima. Nem mesmo os famigerados livros de autoajuda que sempre me pareciam livros de receitas de perfeitos bolos de festa.
Minha autoimagem era muito distorcida (hoje falo isso porque sempre que vejo minhas fotos daquela época chego até a me achar bonita e sempre me pergunto porque me sentia tão feia). Tive uma fase em que fazia as dietas mais malucas para emagrecer e o efeito sanfona era inevitável. Sempre ganhava mais peso quando parava de seguir aqueles desatinos.
Me lembro de uma época em que segui a Dieta Revolucionária do Dr. Atkins (este era o nome). Não podia comer nenhum tipo de carboidrato nem na fruta. A dieta era riquíssima em gordura. Podia abusar de bacon, muita carne vermelha e todo tipo de proteína. Realmente, eu perdi uns quilos, mas o dia que comi uma maça e voltei a ingerir carboidratos, engordei o dobro do que tinha perdido. LOUCURA!
Você acredita que passei até a fumar cigarros para emagrecer? Aos 17 anos, convenci meus pais que precisava fazer redução de seios. Eles nem eram tão grandes quanto eu imaginava, mas me submeti à cirurgia.
Confesso que me ajudou um pouco nessa tão falada autoestima mas o que eu mais gostei realmente foi não precisar mais usar sutiã. Mais do que ter minha autoestima elevada, a liberdade sempre foi o que me fazia feliz.
Autoestima, no dicionário Michaelis, é:
“O sentimento de satisfação e contentamento pessoal que experimenta o indivíduo que conhece suas reais qualidades, habilidades e potencialidades positivas e que, portanto, está consciente de seu valor, sente-se seguro com seu modo de ser e confiante em seu desempenho.”
Percebe que autoestima tem muito a ver com liberdade de ser quem você é e deseja ser?
Para todos nós, seres humanos, a autoestima é importante, inclusive para que tenhamos mais saúde mental. As palavras-chaves de autoestima são sem dúvida: satisfação e contentamento pessoal, autoconhecimento, segurança e autoconfiança.
Tudo bem que autoestima tem a ver com o fato de nós mesmas validarmos e aprovarmos quem somos, mas a pergunta que fica é: qual o peso da opinião, critica ou elogios do outro?
Sabe aquele dia que você compra uma roupa nova ou faz um corte no cabelo ou uma maquiagem, se acha linda e vem o outro e faz um comentário inconveniente e deselegante para te jogar no chão? Como você reage? Você se abala, quase cai mesmo no chão ou segue plena, feliz e confiante?
Eu tenho a percepção de que é muito difícil não nos sentirmos impactadas quando o outro tenta nos invalidar e desaprovar ou até mesmo quando fica totalmente indiferente. Porém, a mulher madura que sou hoje e já há alguns anos tem se abalado cada vez menos com o que o outro pensa ou fala sobre mim.
Eu realmente aprendi a ligar o “foda-se” e a usar a minha inteligência (e talvez agora eu perceba que ela é mais importante para mim que a beleza. Afinal, não há beleza que resista às rugas acumuladas ao longo de mais de meio século).
E eu vou te contar um segredo…
A minha inteligência e aqui eu faço um parênteses. Inteligência que vem do latim “inte” e “legere”, ou seja, a nossa capacidade de escolher/eleger (legere) dentro (in) daquilo que temos dentro de nós (nossos recursos internos).
Ou seja, a inteligência nada mais é do que fazer escolhas conscientes. É escolher se iremos dar poder ao outro sobre a nossa vida e a nossa felicidade ou se vamos usar este poder a nosso favor.
Eu sei que você já imagina qual a escolha que eu tenho feito. É claro que tenho cada dia mais usado deste meu poder interno e de olhar para mim hoje com os mesmos olhos de quando vejo uma foto minha e digo: não é que você é uma mulher bonita, interessante, atraente? E, pode crer, eu não quero mais enxergar essa mulher somente quando vir a foto daqui uns anos. Eu escolhi ver essa mulher hoje.
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Cris Ferreira
https://soucrisferreira.com.br/
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