Etarismo: o jeito que se vê é diferente do que é
Envelhecer é um processo natural da vida. Estes dias, em uma conversa com uma amiga esteticista, entramos no assunto sobre as novas técnicas de rejuvenescimento facial contemporâneas. Até brinquei sobre o fato de mulheres consideradas “novas” para a sociedade se submeterem a tantos tratamentos estéticos que acabam parecendo mais bonecas de cera.
Ela, como profissional da área, me informou que o processo de envelhecimento da pele é algo natural e impossível de ser contido, apesar dos procedimentos estéticos retardarem e diminuírem os sinais. Isso ocorre porque a pele é uma matéria viva, assim como todo nosso corpo, todo nosso contexto e tudo aquilo que nos rodeia. Tudo que tem vida tem o ciclo de nascer-crescer-envelhecer e morrer.
Este assunto me trouxe a uma reflexão: Por que temos tanto medo de envelhecer, se este é um caminho natural da vida?
E não só em seres humanos, sejam eles mulheres ou homens: tudo aquilo que tem vida envelhece. Passa do grau de jovem para maduro. Passa do ponto de inexperiente para experiente. Evolui de nível, passa de fase. Ascende no tempo. No entanto, me parece que as pessoas encaram isso como algo maléfico, quase que descartável.
Como se envelhecer fosse a sentença para morte, de maneira que nos tornamos inúteis, disfuncionais e um peso àqueles que nos rodeiam e a sociedade. Mas que pensamento mais absurdo!
No auge dos meus 63 anos, já considerada como uma pessoa da terceira idade, estou encarando o desafio de voltar ao mercado de trabalho. Para muitos, talvez, esta atitude pode ser vista como a daquelas pessoas que se aposentam e arrumam alguma tarefa para não ficarem paradas e serem vítimas do tédio e da depressão. Absolutamente, este não é meu caso.
Encaro este momento como quando iniciei minha carreira, mas agora com muito mais experiência, bagagem e determinação. Meu retorno ao mercado de trabalho não é só por uma questão de carreira ou corporativa, mas também para compartilhar com os demais toda a bagagem que a vida executiva me trouxe, corroborando com a disseminação do conhecimento e crescimento de terceiros que ainda não tem minha experiência de vida.
O etarismo, ao meu ver, é algo que é quase uma “ignorância intelectual”, pois, reflita comigo: experiência é uma das principais coisas que se busca em profissionais qualificados. Amadurecimento é o que mais se visa em um relacionamento amoroso.
Tempo de carreira é o que mais se procura nos pináculos corporativos. Idade e conhecimento é o que mais se necessita para conduzir jovens perdidos e com atitudes inconsequentes pela vida.
Dessa maneira, por que envelhecer é sinônimo de morrer, sendo que o real sentido é adquirir experiências que vão auxiliar a nós e aos outros que nos rodeiam? Não faz o menor sentido pessoas mais velhas serem desqualificadas simplesmente por sua idade. Elas deveriam ser, do contrário, valorizadas pela bagagem de vida que têm.
Todas as manhãs, quando acordo, me olho no espelho e tenho vontade de me dar um abraço e dizer “você está de parabéns”. Você é deslumbrante e este dia será lindo e produtivo. Recomeçar a cada dia, com novas oportunidades e novos desafios me trazem um frio na espinha e uma felicidade quase que indescritíveis.
E sim, me asseguro em dizer que conforme o tempo passa, a cada dia, com mais tempo de vida, com mais experiência e com mais bagagem essas sensações só aumentam, pois tenho a certeza de que a cada dia tenho mais e mais a oferecer, simplesmente porque a cada dia eu aprendo e evoluo cada vez mais por conta do meu tempo de vida nesta terra.
Em minhas leituras, encontrei em artigos acadêmicos as estatísticas de que no Brasil as projeções apontam que, em 2060, indivíduos maiores de 65 anos constituirão 22,5% da população (58,2 milhões), enquanto, em 2018, eles representavam apenas 9,2% dela (19,2 milhões), segundo o IBGE. Isso significa que a população está envelhecendo com mais saúde e qualidade de vida.
Apesar disso, a discriminação etária é ainda mais significativa para mulheres em nosso país, pois elas são mais vulneráveis ao envelhecimento do que os homens e enfrentam dificuldades de inserção, manutenção e progressão na carreira devido ao preconceito de gênero e de idade, além de outros desafios profissionais.
Quando falamos de etarismo nas questões corporativas, posso afirmar que mulheres com mais idade em cargos de liderança são de extrema importância, pois desempenham o papel de ascender e orientar novas líderes em diferentes níveis.
Paradoxo complexo se faz com este fato: a população brasileira está envelhecendo melhor. Mulheres mais maduras em cargos de liderança são essenciais para criação e desenvolvimento de novas líderes.
Por que que o etarismo é algo ainda tão predominante e maléfico na sociedade contemporânea?
No Brasil, assim como em outras partes do mundo, há exemplos de discriminação com base na idade em vários aspectos da vida, incluindo emprego, saúde, acesso a serviços e participação na sociedade. As pessoas mais velhas enfrentam este estereótipo negativo, sendo vistas como menos capazes ou menos produtivas, enquanto deveria ser exatamente do contrário!
Para combater o etarismo, são necessárias políticas e práticas que promovam a igualdade de oportunidades para pessoas de todas as idades e que desafiem os estereótipos prejudiciais sobre o envelhecimento. Falo de atos como legislação antidiscriminação, programas de conscientização e educação, promoção da participação ativa e inclusiva de pessoas mais velhas na sociedade e reflexão mútua sobre o tema.
Além de programas de reintegração corporativa aos profissionais com mais idade. Mas, ao meu ver, a ação mais importante é a mudança de perspectiva. Envelhecer não é sinônimo de ser velho, ao descarte, mas sim de experiências acumuladas que podem ser transmitidas às pessoas que ainda não viveram tudo o que já vivemos.
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Quer falar mais sobre o etarismo e a necessidade de políticas e práticas que promovam a igualdade de oportunidades para pessoas de todas as idades? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar.
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Edna Vasselo Goldoni
https://www.institutoivg.com.br
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Pausa necessária
Pensando em devolver à sociedade um pouco do que havia conquistado, criou o projeto “Semeando Pérolas”, uma ação social que realizava em comunidades carentes, hospitais e empresas, empoderando mulheres e valorizando suas histórias. Em pouco tempo, foi convidada pela ONU para representar o Brasil no Congresso Mundial ONU Mulheres.
Nasce o Instituto
Em 2017, nasceu o IVG – Instituto Vasselo Goldoni com o objetivo de trabalhar o protagonismo feminino. Desde então, sua missão tem sido mostrar para as mulheres, o quanto elas são capazes de conquistar tudo o que quiserem.
Com grande força realizadora e muito senso de responsabilidade, segue à frente do IVG, trabalhando pelo empoderamento feminino, desenvolvimento e capacitação de mulheres, através de programas de mentoria, entre outras atividades diversas que ocorrem em paralelo com o mesmo foco: protagonismo feminino | empoderamento feminino | a força da mulher | liderança feminina | carreira de sucesso |
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