Responsabilidade Coletiva: Podemos criar um mundo mais sustentável e justo?
A recente tragédia no estado do Rio Grande do Sul traz à tona um assunto que deve ser debatido com toda a sociedade: se a humanidade continuar a trilhar o mesmo caminho dos últimos séculos, qual será nosso futuro? O que você, com sua individualidade, tem a ver com isso?
Durante dias seguidos a televisão mostrou cenas de inundação, destruição, desespero e desamparo. Tempestades alagaram cidades inteiras, desalojando milhares de pessoas; estradas desabaram; hospitais foram desativados e aeroportos fechados. Parecia um cenário de guerra – não como aquela que acontece do outro lado do mundo e que muitos fecham os olhos para não ver, não pensar, nem se envolver.
“A voz da natureza nunca se cala, mesmo em meio ao ruído mais perturbador..” (Schiller)
Tragédia anunciada, já que há décadas cientistas, ambientalistas e a ONU alertam para os perigos da mudança climática. Segundo relatório produzido por mais de 200 pesquisadores e apresentado na COP28, em Dubai, a Terra está perto de ultrapassar cinco pontos críticos de não retorno para o clima, devido ao aquecimento global.
A crise climática é, no entanto, apenas um dos aspectos dos problemas atuais. Pobreza extrema, desigualdade social, doenças globais (a Covid-19 foi só um prenúncio), saúde pública ineficiente, extremismo e conflitos em várias regiões do planeta, não são adversidades isoladas e nem de responsabilidade de poucos: todos temos um papel a desempenhar para enfrentar esses desafios.
Envolver-se faz parte do desenvolvimento pessoal
Estamos sentindo na pele os efeitos da crise climática. Eventos extremos como tempestades, inundações, secas e ondas de calor, mais frequentes e intensos, são consequências adversas do desmatamento e da queima de combustíveis fósseis. As emissões de gases de efeito estufa estão levando ao aumento da temperatura, derretimento de geleiras e elevação do nível do mar.
“O caminho para o nosso destino futuro na Terra depende do modo como tratamos a natureza.” (Rachel Carson)
Os impactos são grandes. Vão da extinção de milhares de espécies da flora e da fauna; diminuição na produção agrícola que leva à insegurança alimentar em muitas regiões; impactos na saúde humana e deslocamento de populações forçadas a abandonar áreas de risco em busca de sobrevivência.
E sustentabilidade não diz respeito apenas à natureza. Diz respeito ao desenho social onde vivemos. A pobreza extrema e a desigualdade social são problemas interconectados que afetam milhões de pessoas no mundo, que não têm as necessidades mais básicas atendidas, como alimentação, água potável, moradia, cuidados de saúde, educação, saneamento.
“A pobreza não é um acidente. Como a escravidão e o apartheid, ela é criada pelo homem e pode ser removida pelas ações dos seres humanos.” (Nelson Mandela)
Justiça social e sustentabilidade ambiental estão interligadas e precisam ser abordadas conjuntamente se quisermos construir um mundo melhor.
Os impactos da mudança climática afetam mais claramente as pessoas em situações de pobreza extrema, com menos recursos para se proteger ou reconstruir suas vidas. Incluindo o fato de que têm menos condições financeiras ou educacionais para investir em práticas sustentáveis.
Por outro lado, a pandemia de Covid19 provou que as doenças podem afetar pessoas em diferentes partes do mundo, ao mesmo tempo, representando um risco para a saúde pública global. As consequências todos conhecemos: sobrecarga nos sistemas de saúde, perda de produtividade no trabalho, impacto econômico em larga escala, perda de vidas.
“A saúde é a mais completa harmonia entre o ambiente e as necessidades humanas.” (Florence Nightingale)
Para completar o cenário, uma das grandes ameaças, tanto para a sustentabilidade ambiental quanto para a justiça social são os conflitos causados pelo extremismo ideológico, político ou religioso – crenças ou comportamentos que vão além do limite do aceitável e que levam ao radicalismo e à violência.
Quase sempre o extremismo e a violência vêm na esteira da desigualdade social, da marginalização, da falta de oportunidades, discriminação, doutrinação e propagandas que manipulam fatos e pessoas. A grande consequência é, de fato, a desintegração da teia social com a polarização entre grupos distintos.
“A paz não significa a ausência de conflitos; significa a capacidade de lidar com conflitos por meios pacíficos.” (Dalai Lama)
Não raras vezes o extremismo leva a conflitos armados que destroem infraestrutura de comunidades e cidades inteiras – causando uma nova categoria formada por milhões de pessoas: os refugiados, nem sempre aceitos em outros países. E, sem dúvida, causam a destruição ambiental devastando ecossistemas inteiros.
Degradação ambiental, pobreza extrema, doenças e conflitos. E nós? Onde estamos?
Olhar para as partes e ver o todo
Entrar em um caminho de autoconhecimento e autoconsciência não tem volta: em um certo momento, olhamos para nós e vemos toda a humanidade. Porque somos parte dela e estamos interligados. Reconhecer a nossa interdependência é vital para sobrevivermos como civilização – cada ação nossa tem impacto no todo (Somos um e compartilhamos a mesma casa. A Terra – link: clique aqui para ler o artigo na íntegra.
Já não se trata mais do eu, mas do nós. Portanto, a responsabilidade individual e coletiva pode ser o caminho para um futuro mais sustentável e justo – precisamos pensar em qual impacto positivo podemos criar.
Não me lembro onde li uma frase de Richard Falk, professor, autor, especialista em relações internacionais e direito, com um grande trabalho sobre direitos humanos, justiça global e questões e paz e segurança, que me causou, de fato, uma enorme reflexão:
“Não existem messias (…) Se esperarmos um messias, ficaremos esperando; se reagirmos aos desafios do presente e do futuro como agentes morais responsáveis, como aspirantes a cidadãos peregrinos, estaremos agindo. Quando agimos, um processo cumulativo se desdobra, líderes emergem e novos horizontes de aspiração realista se apresentam”.
Consciência aliada à educação são o começo para promover responsabilidade individual e coletiva. Quando entendemos a importância da sustentabilidade ambiental e social, ficamos mais propensos a agir positivamente. Existem centenas de ações que podemos empreender para mudar, ainda que uma pequena parte da realidade atual, para criar um futuro melhor. Tudo depende de nossos valores.
Como disse Margaret Mead:
“Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas reflexivas e comprometidas possa mudar o mundo; de fato, é a única coisa que sempre o fez”.
Gostou do artigo?
Quer falar mais sobre a nossa responsabilidade coletiva e as centenas de ações que podemos empreender para mudar e criar um mundo melhor? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em falar a respeito.
Isabel C Franchon
https://www.q3agencia.com.br
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