Na primeira parte deste tema, foi dada ênfase ao fato de ser o Coaching uma intervenção que se baseia em várias áreas do conhecimento humano, sendo seu principal objetivo melhorar o bem-estar, aumentar o desempenho e ainda facilitar a mudança individual e organizacional do coachee. Algumas vertentes do Coaching cada vez mais exploram a cognição, a biologia e a neurociência. Agora, continuando com a abordagem que explora a ciência que fundamenta o Coaching, há estudiosos que afirmam ser ele uma prática baseada em evidências de outras disciplinas, tendo a interação dinâmica de quatro domínios do conhecimento na relação entre coach e coachee.
Esses domínios de conhecimento são: o fundamental (teorias, modelos e orientações das ciências básicas e aplicadas); o profissional (competências e métodos de como refletir sobre resultados); o autoconhecimento (conscientização, maturidade e sabedoria em conciliar objetivos com o processo) e, ainda; o contextual (experiência no tema e estratégias baseadas na visão sistêmica para problemas do cliente e os objetivos em Coaching). Portanto, o maior desafio para a prática do Coaching passa a ser a integração de tradicionais estratégias científicas e campos de conhecimento, mantendo-se sensível às demandas do mercado e aos objetivos dos coachees.
Um estudo que se aprofundou em entender as bases teóricas do Coaching foi o da pesquisadora Vikki Brook, em 2008. Autora de vários estudos, ela identificou que no Coaching estão presentes bases teóricas afins a negócios; consultoria; gestão; ensino, aprendizagem, treinamento e desenvolvimento; mentoria; aconselhamento; neurociências; psicologia clínica, organizacional, educacional, a de desenvolvimento e a aplicada ao esporte e às artes performáticas. Citando dezenas de outros estudiosos, a Brook resume que as disciplinas das ciências sociais que contribuem para o Coaching incluem psicologia, sociologia, linguística e antropologia as quais, no conjunto, emergiram da filosofia no Século XX.
Se o Coaching busca melhorar o desempenho no trabalho ou dar mais satisfação na vida pessoal do coachee, ele pressupõe um desenvolvimento que ocorre na dimensão do autoconhecimento e da autoconsciência. Essa noção não é nova, pois Sócrates já defendia o conceito de “conhece-te a si mesmo”, na Grécia Antiga. A reorientação comportamental, com questionamentos e desafios feitos pelo coach, tenta levar os coachees à compreensão mais profunda e racional de verdades e valores pessoais. Brook acrescentou a esse pensamento que a Psicologia contém subdisciplinas que se adaptam como ferramentas de abordagens em Coaching: psicodinâmica comportamental, cognitiva e humanista. A ciência tem evidências dessa adaptação, como a Programação Neuro-Linguística, por exemplo.
O Coaching é, em primeiro lugar, o caminho para estimular o aumento de desempenho individual. O desejo de melhorar a performance e a produtividade estão entre as mais citadas referências nas pesquisas da American Management Association. Ainda que possam existir variações ou mudanças de objetivos ao longo do processo, e a escolha de estratégias para isso seja complexa, vários autores mostram consenso quanto às principais razões para aplicar o Coaching. A ênfase do Coaching em auto-reflexão representa o ponto de partida marcante para a ação do coachee e a orientação para resultados, uma mudança que até mesmo pode ser ou não bem recebida.
O Coaching assume-se como a conversa interior que leva à reflexão, autoconhecimento e a busca de respostas. Essa busca e as respostas que aparecem são a forma elegante de aprendizado: aprender mais sobre o que sabemos sobre nós mesmos e o nosso desempenho, e o que não sabemos; aprender como não fazer algumas coisas, como fazer outras coisas melhor e como fazer coisas novas. É alcançar um tipo de sabedoria, um compromisso de mudança e melhoria.
Atualmente, a busca dos profissionais da academia e os de mercado está na melhor forma de tornar os resultados tangíveis e de como demonstrar que o investimento em Coaching é válido. De um lado, não se pode negar a existência da intervenção no cotidiano de pessoas e das organizações; por outro, a cada dia mais se exige um mecanismo de mensuração. Ou seja, deseja-se que, ao final, a expressão “sucesso” seja mais do que simplesmente uma retórica. Vários autores presumem que todos sabem o que significa “sucesso” ou “fracasso”, mas esse é um conceito ambíguo e que dirá respeito, diretamente, aos valores e critérios de quem usou o Coaching para seu benefício.
Internacionalmente, é muito comum encontrar pesquisas que remetem à necessidade de a comunidade de Coaching encontrar o “Santo Graal”: a fórmula mágica que explicará os fatores para atingir o “sucesso” e os critérios do que seja o “sucesso”, segundo os conceitos dos coachees. Este nosso espaço inaugura a busca pessoal do autor e o convite aos leitores para tentarmos encontrar um provável “Santo Graal brasileiro” ou, se assim ficar melhor, construir o conhecimento que explique a dimensão do sucesso em Coaching, no contexto brasileiro. Estaremos juntos nessa busca?
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