Nos artigos anteriores, eu dei atenção a um aspecto teórico fundamental para o Coaching. Procurei abordar quais são as raízes que sustentam a prática do Coaching como um processo válido e com a capacidade de cumprir o que promete. Agora, antes de passar a comentar pesquisas atuais que sirvam de orientação a coaches e coachees, eu ainda quero viajar mais um pouco de tempo pela Grécia Antiga. Os comentários a seguir irão enriquecer o conhecimento de todos os leitores e, com certeza, abrirão boas oportunidades de debates “filosóficos” sobre o Coaching.
Ao se analisar o desenvolvimento cultural das sociedades modernas, os especialistas têm a convicção de que a forma de interpretar o que é Conhecimento tem relação direta com os estudos filosóficos antigos, mais especificamente remontando aos gregos. Naquela época, surgiram os sofistas, então considerados especialistas na arte de falar bem e de preparar as pessoas para saberem defender seus pontos de vista. Com isso, os sofistas eram tidos como sábios e de sucesso, para quem nada era fixo ou imutável.
Mas, como em tudo na vida, não se consegue agradar a todos. Os sofistas sofriam críticas de várias formas, sendo que muitas polêmicas foram registradas por filósofos gregos. Diziam que a ação dos sofistas estava apenas baseada em opinião e nunca em conhecimento, o que representava um saber ilusório. Quatro séculos anteriores à era cristã, Sócrates iniciou um contraponto aos sofistas, uma vez que sua constante busca era a de como o ser humano pode alcançar o conhecimento. E chegar a esse verdadeiro estágio dependia das pessoas reconhecerem e enfrentarem seus erros e sua ignorância.
E como é que Sócrates auxiliava as pessoas nesse processo de buscar o conhecimento?
Ele criou a original forma de aplicar a maiêutica (que, etimologicamente, significa “alcançar a luz”) como o resultado de uma sequência de perguntas e respostas rápidas. Assim, o chamado método socrático assumia que o verdadeiro conhecimento envolve conceitos universais e não os particulares. Ou seja, a filosofia socrática estimula o ser humano a alcançar o conhecimento pela conversa íntima e franca com o seu espírito, sua razão e sua alma. Sócrates levava as pessoas a duvidarem do próprio conhecimento a respeito de um assunto e, depois, instigava-as a conceber uma nova ideia por meio de questões simples.
Platão, discípulo de Sócrates, deu continuidade a essa busca de como o ser humano pode alcançar o conhecimento. Ele agregou o princípio de que a libertação de uma pessoa pelo conhecimento está associada diretamente à educação, ou seja, ao caminho que permite atingir um estado superior de entendimento de tudo que envolve sua vida, tanto no que tem natureza racional como naquilo que é emocional. Logo, o conhecimento nasce de dentro do indivíduo para fora, ou se preferirmos dizer de outra forma, o conhecimento parte de um processo de autorreflexão.
Ao longo da história da humanidade, muitos outros estudiosos lançaram-se a pesquisar e propor suas teses sobre as origens do conhecimento. Vários deles tiveram vínculos como movimentos científicos ou religiosos, a exemplo de Tomás de Aquino, Galileu Galilei, René Descartes ou, mais recentemente, Emmanuel Kant, Edmund Husserl e Michel Foucault. Para todos eles, há um fundamento absolutamente essencial e indispensável para o crescimento do ser humano: reflexão sobre o mundo interior e exterior. Hoje, o Coaching é uma dinâmica presente e conhecida, a qual quer estimular nas pessoas essa prática, a partir da qual um novo mundo se abre e, como na música famosa, “nada será como antes, amanhã”.
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