O dia 2 de novembro é uma data muito respeitada em todo o mundo, dado que é a data dedicada aos mortos, pessoas que como nós registraram sua passagem pelo planeta Terra. Mas, os mortos já se foram para outros planos, deixando seu legado aos parentes e amigos, pelo menos, os quais nem sempre sabem disso tirar proveito. A par de ser interessante conhecer a tradição de homenagear os mortos como demonstração cultural espalhada pelas Américas, o que isso tem a ver com o Coaching e suas diversas dimensões possíveis?
Consciente ou inconscientemente para quem a celebra, a data de Finados implica em se pensar na vida e na morte, na ressurreição e na possível nova existência. Ora, isso é essencialmente transformação, é morrer naquilo que não seremos mais e passar a viver a mudança para o novo que nos espera. Seja com um processo de autocoaching ou a partir do apoio de profissional qualificado, a pessoa em busca de transformação será levada a aprender a refletir (pensar, analisar, esquadrinhar, meditar, ponderar, discernir, entre outros sinônimos) e encontrar seus próprios caminhos para chegar ao “seu sucesso”.
Por essa razão, normalmente eu tenho uma resposta diferente da usual quando me perguntam o que é o Coaching. Vejam os leitores que a maior parte das respostas que se encontram em sítios e blogs refere-se ao processo (como é que funciona, como é que se faz, como é a metodologia, etc). Eu vejo o Coaching pela ótica transformadora, ou seja, o Coaching estimula o Coachee a se conhecer melhor e a ganhar autossuficiência na capacidade de reflexão. Em outras palavras, a prática do Coaching “ensina” a refletir sobre o que somos, o que sabemos e achamos que sabemos; o Coaching questiona as certezas ou falsas certezas da pessoa e ilumina uma nova forma de ver na vida, maneira de construir o verdadeiro legado que queremos deixar em nossa passagem pelo planeta Terra.
E onde aparece a sincronicidade, fenômeno descrito por Carl Yung como algo que ocorre entre eventos que coincidem de maneira significativa, sugerindo um padrão associado. Pois bem, neste exato momento, estou no exterior em uma atividade profissional na qual o papel do consultor tem destaque em certas problemáticas organizacionais, mas o papel do Coach ganha seu espaço no trato com as lideranças. E o que mais chamou a atenção foi a necessidade de me utilizar do Coaching para estimular a reflexão dessas lideranças além das questões técnico-organizacionais, ou seja, o papel do consultor dependia essencialmente da ação transformadora, “matando” o passado e “vivendo” o novo momento.
E a melhor maneira de fazer isso foi começar com um workshop cujo título não poderia ser mais sugestivo: “Conhece-te a ti mesmo”. Fui buscar lá na Grécia Antiga os postulados socráticos de questionar as certezas e dogmas das pessoas para, então, sobre as descobertas individuais construir a mudança. No caso em particular, a mudança que pode ser chamada de “autoconfiança”, tanto no pensar como no decidir; tanto no planejar como no realizar.
Acredite o leitor ou não, um vício fundamental que todo ser humano deve ter é o da reflexão. Não para demorar-se em tomar a decisão, mas para ter uma visão integrada e holística do que envolverá a decisão. Voltando aos sábios de outrora, agora da Roma Antiga, Sêneca deixou como legado esta frase inspiradora à mudança e à transformação pessoal: Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, elas são difíceis porque não ousamos empreendê-las. Ousar com responsabilidade, matar o passado e recriar o presente só faz sentido se houver o adequado processo de reflexão pelo decisor.
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