Não confunda Parentalidade Consciente com Permissividade
Tenho ouvido muitos questionamentos de pais e mães sobre o exercício de uma parentalidade mais respeitosa com as crianças. Existe muita distorção sobre essa prática. Muitas pessoas acreditam que conhecer algumas ferramentas e estratégias já é suficiente para praticar uma Parentalidade Positiva. Isso pode causar uma grande frustração, pois o resultado não será uma mudança milagrosa no comportamento da criança, como muitos pais esperam que aconteça.
A Parentalidade Consciente requer uma transformação na forma de enxergar as relações.
É uma mudança de paradigma. Em nossa cultura, por muito tempo, as crianças não foram consideradas. Na Parentalidade autoritária, quando a criança não corresponde ou apresenta um mau comportamento, ela é deixada de lado e, geralmente, castigada e punida.
Antigamente, pouco se sabia sobre o desenvolvimento cerebral. Por isso, acreditava-se que uma educação baseada no medo e na punição não trazia prejuízos a longo prazo. Hoje, está comprovado que a exposição ao estresse interfere na arquitetura e estrutura cerebral, causando danos que vão além das sequelas afetivas.
Para não repetir um modelo autoritário, alguns pais utilizam algumas ferramentas e estratégias da Disciplina Positiva e acreditam que, agindo assim, estão exercendo uma Parentalidade respeitosa. O que acaba acontecendo é que eles aplicam essas ferramentas de forma superficial, na esperança de que o comportamento da criança se altere, gerando frustração quando isso não acontece.
Geralmente, os pais começam testando uma ferramenta para lidar com uma situação desafiadora do comportamento da criança. À medida que ela não funciona, perdem a paciência e voltam para o autoritarismo. Em outros casos, são muito permissivos, deixando que a situação se prolongue demais. Acabam entrando em argumentações infrutíferas em situações que exigem resolução com firmeza.
A permissividade é igualmente danosa.
Os pais colocam a criança no centro da família e buscam atender seus desejos, seja para evitar contrariá-la por medo de traumatizá-la, ou para impedir que um conflito se instale. Muitos adultos colocam decisões importantes sob a responsabilidade da criança, esquecendo-se de que ela ainda não possui essa capacidade, pois não tem a maturidade necessária.
Evitamos muitos danos emocionais aos nossos filhos, quando temos a consciência de que nossas atitudes irão impactar seu crescimento. Através do conhecimento, podemos optar por uma Parentalidade Consciente e praticar seus conceitos. A Parentalidade Consciente requer aceitarmos a criança em sua totalidade (emoções, temperamento, necessidades). A criança faz parte do todo e possui igual valor.
Através do nosso olhar de observação, procuramos compreender qual necessidade da criança precisa ser atendida para identificar o que realmente é necessário para que o comportamento se altere.
Atender necessidade é diferente de atender desejo.
Para ilustrar melhor, vamos usar a necessidade de fome da criança. Eu atendo sua necessidade quando sua fome é saciada com comida. Eu atendo um desejo quando dou doce para o meu filho porque ele está com vontade, mesmo não sendo a hora para isso.
Como pais, devemos usar nosso papel protetor de hierarquia e autoridade para orientar nossos filhos, colocar limites saudáveis e guiá-los para que se tornem adultos autônomos e responsáveis. Podemos fazer isso de forma respeitosa e empática, com firmeza e amor.
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Danielle Vieira Gomes
http://daniellegomescoach.com.br/
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