Durante dois dias segui dois senhores alemães: digo senhores porque tinham entre 65 anos e 70 anos de idade. Eles também estavam de bicicleta. Acabávamos por escolher os mesmos albergues. Arrumávamos as bicicletas, colaborávamos com a limpeza e compartilhávamos a comida.
Na manhã do terceiro dia eles me chamaram para conversar. Eu não falo alemão. Conversamos em inglês. Eles pediram para que eu sentasse e tão breve também pediram para que ficássemos juntos por alguns minutos.
Sou judoca há mais de 30 anos. Quando o mais velho, o mais graduado pede um favor, uma tarefa: de pronto o valor repeito é acionado.
Sentei em um pequeno muro próximo ao albergue. Eles também sentaram em um banco de madeira. Estávamos frente a frente. Fazia um dia de céu aberto com muito sol.
Falamos sobre os serviços e os préstimos que fazíamos e comentaram sobre o fato de segui-los: “Leandro, você é um jovem que nos ajuda e ajuda a todos. Percebemos que nos segue já há alguns dias. Assim, pedimos para que não nos siga mais”. Respondi que estava de acordo. Logo após prosseguiram: “Há um motivo para pedirmos isso. Ele vem em formato de pergunta e queremos que realmente você a entenda. Leandro, por que você insiste em viver o nosso caminho e não o seu?”.
A sensação do espaço-tempo parar estava presente. Os três estavam emocionados. Abraçamo-nos e no silêncio de cada olhar a resposta foi construída.
O efeito da pergunta me conduziu à libertação de emoções e sentimentos que já não faziam parte da minha vida; porém, os insistia em carregar comigo. A autonomia da escolha se apresentava em mim.
Eles partiram na manhã seguinte. Fiquei no albergue por mais uns dias. Foram dias repletos de aprendizados.
Qual é o seu caminho? Você já o vivencia? Posso afirmar que parte das respostas perpassa a sua natureza humana. Você a conhece?
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