Você já ouviu falar na Terceira Geração do Coaching? Pelo sim ou pelo não, esse é o tema de nosso espaço nesta volta do Carnaval, com todas as expectativas de que o leitor esteja em dia com a saúde, as emoções e o cotidiano profissional, já bem recuperado da festança do Rei Momo.
O Coaching de terceira geração propõe uma forma diferente de diálogo, em que Coach e Coachee estejam focados em criar um espaço comum para a reflexão por meio de práticas de mútua colaboração, minimizando a busca de soluções rápidas para problemas imediatos. Essa nova roupagem para o Coaching quer construir um momento de simetria entre Coach e Coachee, a partir de um diálogo estruturado para a criação de significado, valores, aspirações e premissas de identidade. O Coach e o Coachee são simples seres humanos compartilhando diálogo e meta.
Vamos tentar entender com mais detalhes essa tese do Dr. Reinhard Stelter, professor da área de Psicologia e o líder da unidade de Coaching na Universidade de Copenhagen, na Dinamarca. Além de escrever livros sobre o assunto, ele é membro do Conselho Editorial da International Coaching Psychology Review, editor do International Journal of Mentoring e Coaching, e ainda é coeditor do Coachingpsykologi – o jornal dinamarquês de Psicologia em Coaching. O Dr. Stelter é membro da Scientific Advisory Council, no Institute of Coaching de Harvard. Em 2013 e, agora em 2014, o Dr. Stelter tem se apresentado para muitas platéias de especilistas, defendendo essa sua nova tese.
O Dr. Stelter afirma que a primeira geração do Coaching é aquela em que a perspectiva do trabalho está voltada á limitação ou meta definida pelo Coachee (na realidade, muitos Coaches ainda são treinados dessa forma no Brasil). Para ele, a segunda geração do Coaching se mostra presente quando o trabalho está orientado para a solução sustentável, com mudança de comportamento ou de habilidades do Coachee. Na terceira geração, a perspectiva é a de um processo amplamente colaborativo entre Coach e Coachee, centrado na competência da auto-reflexão.
Quem quiser ler meus textos anteriores verá que a minha tese está perfeitamente alinhada com a do Dr. Stelter: a essência do Coaching vem desde a época Socrática e remete ao conhecido jargão do “conhece-te a ti mesmo”… pela capacidade de auto-reflexão. A mudança de paradigma no Coaching encontra sustentação em mudanças no ambiente social, nos novos processos de gestão de conhecimento e na necessidade de se aprender a lidar com um ambiente complexo e dinâmico. Certamente, muitas sessões de Coaching ainda serão realizadas conjugando as características da primeira e/ou da segunda geração.
Na terceira geração do Coaching, o fundamento está no diálogo Coach-Coachee sobre pensamentos ou eventos específicos, com ampla reflexão sobre significados e valores individuais (uma atitude geral para a vida, para o trabalho, a família e os amigos, etc). O Coach funciona como testemunha e co-autor dos novos caminhos, ou seja, ele exercita a arte de pensar junto com o Coachee. O Coaching deixa de ser visto como intervenção e passa a ser, de fato, uma interação.
Como método, a terceira geração do Coaching busca trabalhar com as narrativas do cliente concentrando-se em situações de exceção, nas situações de sucesso, simplificando histórias e adaptando-as a outras realidades, conectando histórias com experiências do cliente e construindo pontes entre as narrativas e as futuras ações imaginadas. O Coachee e o Coach devem dar foco no que faz sentido em termos de valores, pois estes são a parte central da identidade. Concentrar-se em valores é fazer a reflexão sobre o mais crucial dos aspectos da vida do Coachee, pois são os valores que ajudam o indivíduo a estabelecer a própria maneira de agir ou ser. E você, que me prestigia com a sua leitura, em qual geração do Coaching você está?
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