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Carga Horária Mundial: Impactos na Saúde e no Mercado de Trabalho

Explore as diferenças nas jornadas de trabalho ao redor do mundo e seus impactos na saúde e no mercado de trabalho. Entenda como a geração Z está transformando práticas laborais ao exigir equilíbrio, propósito e flexibilidade no ambiente profissional.

Carga Horária Mundial: Impactos na Saúde e no Mercado de Trabalho - Geração Z mudando as regras do jogo

Carga Horária Mundial: Impactos na Saúde e no Mercado de Trabalho

Esta semana me deparei com uma notícia de um jovem profissional indiano, que deixou o emprego no primeiro dia, compartilhando nas redes sua experiência. Classificou seu chefe como tóxico, pois no final do expediente este enfatizou que esperava que os funcionários trabalhassem além da jornada, sem receber horas extras. Isso o indignou, embora tenha realizado uma seleção bastante exigente para assumir a função. De acordo com o chefe, ter vida pessoal, praticar exercícios é algo desnecessário.

Reforçando esse pensamento, um dos maiores empresários, Narayama Murthy, diz que a Índia é um país pobre e que todos têm que trabalhar duro, e que os jovens devem se preparar para uma jornada de 70 horas (o que seria 10 horas por dia sem nenhuma folga semanal).

O fato é que a Geração Z tem mostrado uma resistência maior a esses abusos do que as gerações anteriores.

Na Índia, a carga média é de 48 horas por semana, mas a maioria dos trabalhadores ultrapassa isso. No formal, existe uma alta competitividade nos setores de tecnologia, manufatura e comércio, que exige longas jornadas de trabalho. Grande parte da economia é do setor informal, em que não há regulamentação, além de os trabalhadores enfrentarem condições precárias e insalubres. Não há perspectivas de mudança no curto e médio prazo.

No Japão, a jornada de trabalho é de 40 a 50 horas e as horas extras não são registradas com frequência. Ainda existe a cultura laboral “karoshi”, que é a morte por excesso de trabalho, além da demonstração da lealdade e comprometimento do trabalhador além do necessário. Estas ainda são preocupações sérias, que interferem no equilíbrio saudável da vida do trabalhador. O governo tem interferido, buscando limitar as horas extras.

Na China, o governo enfrenta desafios para mudar a prática “996”, ou seja, a jornada das 9h às 9h da noite 6 dias por semana, por gerar problemas de saúde e insatisfação entre os trabalhadores jovens quanto à saúde mental.

Na Coreia do Sul, a jornada foi limitada para 52 horas semanais, sendo 40 horas regulares e 12 horas extras semanais, já que existe uma tradição de foco na produtividade e dedicação ao trabalho. Ainda existe a cultura de realizar jantares de trabalho “koesik”, o que amplia a jornada de trabalho. Em mudanças recentes, há uma busca por melhor equilíbrio na vida profissional e pessoal, por pressão dos mais jovens.

Ao olharmos o painel das Américas, ainda existem algumas semelhanças.

Nos EUA, a carga horária é de 40 a 45 horas, com muitas horas extras, sem garantia de licença parental ou férias, que dependem de negociações entre empregados e empregadores. O foco é na meritocracia e resultados individuais. Existem dificuldades para manter o estresse sob controle e o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. A flexibilidade do trabalho remoto após a pandemia ajudou um pouco.

Por outro lado, no Canadá, a média semanal é de 37 a 40 horas. Há apoio governamental para saúde e educação, com generosas licenças para os pais. Verifica-se o foco na produtividade sem comprometer o bem-estar, o que resulta em uma melhor qualidade de vida, apoiada por políticas públicas.

Na América Central e Caribe, a carga de trabalho semanal é de 45 a 48 horas. O setor informal representa uma grande parcela da economia. Assim, as jornadas podem ser longas e os salários baixos. Observam-se altos índices de estresse. O trabalho afeta a saúde, as relações familiares e sociais. As políticas públicas são omissas, e o acesso à saúde é difícil.

Destacam-se com melhores condições a Costa Rica e o Panamá, que têm uma legislação mais eficaz no que diz respeito à jornada de horas trabalhadas, horas extras e folgas semanais, além de melhor aparelhamento para a promoção da saúde.

Na América do Sul, existem situações diversas, também.

No Brasil, a carga horária pode ser de 40 a 44 horas, mas, nos setores informais, podem ser mais longas. Existe uma legislação que prevê 13º salário, 30 dias de férias remuneradas, licenças parentais, entre outros benefícios.

Existem setores em que a exploração da mão de obra é desigual, com condições precárias, que são denunciadas ainda nos dias de hoje. Há desequilíbrio entre saúde e trabalho nos setores menos regulamentados. Após a pandemia, houve um crescimento do trabalho remoto, o que gera flexibilidade no equilíbrio da vida pessoal e trabalho. Os índices elevados de estresse ainda afetam os trabalhadores.

Na Argentina, a média semanal é de 40 horas, os sindicatos são fortes, existem férias e horas extras, principalmente nos centros urbanos. Por outro lado, existe uma longa crise econômica que se arrasta e impacta a qualidade de vida.

No Chile, a carga semanal é de 45 horas, com tendência à redução para 40 horas. Existe um foco na produtividade, longas jornadas e altos níveis de estresse.

Nos demais países, a carga horária é de 44 a 48 horas, com predominância do setor informal, baixa regulamentação. Há pouca ênfase na saúde e lazer, principalmente nas regiões urbanas.

Nas Américas, os 3 países que se destacam com as melhores condições para equilíbrio entre saúde e trabalho são Canadá, Brasil e Argentina, mas ainda com disparidades em alguns setores nos dois últimos.

Na África Subsaariana, a jornada de trabalho pode ser de 40 a 60 horas.

Cerca de 80% da economia é informal, com longas jornadas e condições precárias que limitam o progresso econômico e social. No entanto, esforços em educação, empreendedorismo e parcerias internacionais têm potencial para melhorar gradualmente a situação. Para que a carga de trabalho deixe de ser um fator de adoecimento e desigualdade, é essencial fortalecer políticas trabalhistas, melhorar a infraestrutura e criar oportunidades mais equitativas em toda a região.

No continente Europeu, onde encontramos os países com maior IDH, existe uma busca maior pelo equilíbrio entre vida e trabalho.

Nos países Nórdicos (Noruega, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Islândia), a carga média de horas trabalhadas é de 37 a 40 horas, 7 a 8 horas diárias com finais de semana livres, além de licenças e férias generosas. Há foco na produtividade com maior equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. A possibilidade de mais atividades de lazer e convivência social e familiar reduz os índices de estresse e Burnout, o que ajuda os países nos gastos com saúde.

Nos demais países da Europa, a carga horária de trabalho é de 35 a 40 horas. Empresas oferecem semanas de trabalho reduzidas (por exemplo, 4 dias semanais em algumas indústrias). Há legislações que protegem o trabalhador quanto ao direito de descanso e equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, com foco na produtividade, evitando horas extras desnecessárias. As atividades de lazer e convívio familiar são incentivadas.

Os países que se propõem a dar melhores condições de trabalho ao cidadão promovem a saúde geral, evitando gastos desnecessários com o adoecimento populacional, mas isso para alguns é necessário uma lupa para enxergar, ou até um binóculo por estar tão longe.

De acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros enfrentam a síndrome de burnout, caracterizada por exaustão emocional e estresse crônico. A psicóloga Denise Milk destaca a importância de estabelecer limites no trabalho e reorganizar prioridades para evitar esses problemas.

Fiz todo esse passeio pela cultura do trabalho em diversos países, para trazer que hoje existe uma nova geração Z (nascidos aproximadamente entre 1997 e 2012) que busca um modelo de vida em que trabalho e qualidade de vida sejam equilibrados, priorizando saúde mental, propósito e flexibilidade. Embora enfrentem desafios no mercado de trabalho, suas demandas têm levado empresas a repensar práticas e oferecer condições mais alinhadas às expectativas dessa geração, promovendo uma transformação positiva no ambiente laboral.

A efetivação passa também por políticas públicas, que admitam que “menos pode ser mais”, ou seja, com menos pressão no trabalho, melhores salários e benefícios, é possível ter menos gastos com saúde, a exemplo dos países nórdicos, que têm os melhores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH).

Segundo a professora Ana Cristina Limongi:

“Trabalho sadio integra socialmente, gera credibilidade de caráter, capacita e realiza, efetiva a sobrevivência própria, familiar e da comunidade. O comportamento humano não ocorre ao acaso, não é aleatório; os seres humanos têm capacidade limitada de lidar com a imprevisibilidade”.

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Quer saber mais sobre as principais diferenças nas jornadas de trabalho e nas condições laborais entre os países nórdicos, América Latina e a Ásia, e como a geração Z está impactando as práticas no ambiente de trabalho global? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar sobre isso!

Até lá!

Natalia Marques
Psicóloga, Coach e Palestrante
http://www.nataliamantunes.com.br/

Confira também: Seja Gentil com Você e com os Outros – em família ou no trabalho

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Natália Marques é Psicóloga Clínica, Coach e Palestrante. Formada em Psicologia pela FMU (1981) e em Coaching/ Mentoring Life & Self-Instituto Holos (2009), possui pós-graduação em Recursos Humanos pela FECAP. Aperfeiçoamento em Terapia Cognitivo Comportamental pelo CETCC (2019). Especialista em Psicoterapia na Abordagem Resiliente pela SOBRARE (2020). Tem curso de Meditação Chan do Templo Zu Lai em Cotia. Como Psicóloga Clínica realiza atendimento Psicoterápico de base Psicanalítica e utiliza as ferramentas da Terapia Cognitivo Comportamental e da Psicoterapia na Abordagem Resiliente. Trabalha os sintomas de Estresse, Ansiedade, Depressão, Fobias, Síndrome do Pânico, Síndrome de Burnout, Conflitos Pessoais e Profissionais. É Coach de Desenvolvimento Pessoal, ajuda pessoas a atingirem seus objetivos e metas pessoais e profissionais, para se tornarem mais saudáveis e felizes.
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