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Desejo e Dopamina: Como Controlar Impulsos e Encontrar Equilíbrio

A dopamina está por trás de nossos desejos e impulsos, moldando nossas escolhas diárias. Descubra como ela influencia seu comportamento, do prazer instantâneo ao equilíbrio emocional. Aprenda a controlar seus impulsos e viver com mais harmonia.

Desejo e Dopamina: Como Controlar Impulsos e Encontrar Equilíbrio

Desejo e Dopamina: Como Controlar Impulsos e Encontrar Equilíbrio

A palavra desejo por si só tem uma conotação interessante que nos faz refletir. Pode representar algo físico relacionado a amor e sexo por exemplo. Ou a um sentimento de busca, de conquista, de bens materiais, sonhos, lugares, paisagens, amizades, posições, recordes…

A etimologia da palavra “desejo” remonta ao latim “desiderium”, que significa anseio ou falta. Subentende-se, portanto, que desejamos preencher alguma lacuna, ou a sensação de incompletude que é intrínseca ao ser humano e por vezes busca no outro este complemento ou em objetos, ou atitudes ou hábitos.

Falando em desejo a molécula da vez, a dopamina, está presente nessa fisiologia. Ela que dá o impulso. Que estimula e também que recompensa.

A dopamina é um neurotransmissor essencial no nosso cérebro que desempenha um papel crucial na motivação, no aprendizado e na sensação de recompensa. Ela não está ligada ao prazer, mas sim à antecipação do prazer.

“Quando a dopamina é liberada e seus níveis sobem em resposta a algo que ingerimos ou fizemos, o corpo sente prazer, recompensa, euforia. E, então, claro, nós sempre estamos buscando recriar essa sensação”, diz Anna Lembke, psiquiatra norte-americana, autora de Nação Dopamina.

Ela cita a real importância da dopamina em nossas vidas e do prejuízo de termos um excesso de informações e serviços imediatos liberadores de prazeres instantâneos que causam picos de dopamina e também quedas bruscas na tentativa de homeostase (equilíbrio interno) do nosso corpo. O problema é que esta liberação desenfreada e rápida, faz retornos cada vez mais baixos, causando uma necessidade de mais.

Dessa forma a pessoa busca estímulos mais intensos para ter novas doses de dopamina satisfatórias. O que pode levar ao vício e à tolerância. E muitas vezes a seguir, à depressão.

Nesse mundo tecnológico no qual estamos expostos aos mais diversos e explosivos estímulos ao alcance de nossas mãos, com apenas um clique damos o comando de liberação do neurotransmissor. Alguns exemplos interessantes de produtos e situações que liberam dopamina: chocolate, sexo, nicotina, cocaína, esportes, compras, anfetaminas.

O corpo sente prazer, recompensa, euforia. E pede mais. Uma luta interna em busca de mais intensidade que termina literalmente na exaustão física, emocional e psíquica.

Lembro de uma paciente que me procurou com desejo de emagrecer, culpando os hormônios pelo ganho de peso e cujos exames laboratoriais estavam alterados. Quando na consulta expliquei sobre os hábitos e a necessidade de ajustar sono de qualidade, alimentação saudável e atividade física. Eis que recebi de resposta: doutora faço tudo isso, mas o que me atrapalha é o chocolate de noite que pego no mercadinho dentro do meu prédio. Prazeres express da nossa vida moderna.

Costumo citar uma frase que me marcou durante minha pós-graduação em Sexologia dita pela querida professora Ana Canosa: “Escolha o seu difícil!”.

A aula era sobre monogamia e não monogamia e os descompassos dos casais quando não estavam de acordo com as escolhas do outro. Mas peguei esse “lema” para a minha vida e levo para o consultório. Fácil não é. A decisão é um desafio, mas requer uma escolha. É mais difícil resistir ao chocolate da meia noite e ir dormir em paz ou ceder à tentação e ao prazer rápido e momentâneo com alto índice glicêmico e lidar com o arrependimento e as consequências do dia seguinte e a longo prazo?

Escolha o seu difícil!

A todo momento somos bombardeados de produtos e promoções e vendas e falas, dicas, experts, vídeos, piadas, notícias, cursos, e tantos outros temas que prendem a atenção e sugam a nossa energia. Inclusive de crianças cujos pais também os criam para terem seus desejos atendidos, tentando poupá-los das frustrações mal sabendo que estão causando um prejuízo emocional privando-os de sentirem na pele a vida real e criarem mecanismos de defesa e desenvolvimento mental e emocional.

A vida tem ganhos e perdas. Altos e baixos. Começos e recomeços. Chegadas e partidas.

Risos e choros. Cansaço e energia. Não somos apenas um amontoado de células, mas uma máquina completa com alma, sentimentos e coração. E um cérebro complexo e aprendiz.

A consciência desta inconstância traz paz aos anseios e verdade aos sentimentos. Portanto aceitar sentir o desconforto. Passar pelo sentimento triste, pelo vazio, pela crise existencial sem necessariamente precisar tampar o sol com a peneira com um comer hedônico ou um entorpecente (licito ou ilícito) para acalmar os ânimos ou mascarar as dores.

E a tal felicidade?

“A felicidade não é um estado a que a pessoa chega, mas um jeito de viajar.” (Margaret Lee Runbeck)

Mais prazeroso que o fim do caminho é o caminhar. E ainda, escolher lugares bonitos e pessoas leves para compartilhar.

Exatamente por isso que também reconhecer que a ausência do desejo é tediosa, enfadonha triste, desmotivada e infeliz, requer sabedoria. Mesmo para aqueles que supostamente chegaram aos seus ápices de vida, seja financeiro, físico, profissional ou emocional. Que conquistaram todos os seus objetivos. Podem acordar em um belo dia e se perguntar: E agora? Tudo pode se tornar sem sentido. Ou um acúmulo de mesmices que causam desânimo e descontentamento.

Tal qual uma comida gostosa e bem temperada, a vida tem pitadas de sal e doce. Teor azedo, apimentado e agridoce. Adstringente, suave, palatável ou indigesta. Assim será a sua comida, seus temperos, seu sabor. Do jeito que você a transformar. A sua vida é sua responsabilidade.

A insatisfação pode vir tanto da ausência quanto do estímulo excessivo. Curioso, não?

Diz o ditado que “Querer é poder”.

Mas saber pausar pode ser sapiência.

Ter prazer com consciência, isso sim é poder.

Gostou do artigo?

Quer saber mais sobre como a dopamina pode influenciar nossas escolhas e emoções no dia a dia? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.

Prazer, Clarissa!

Clarissa Marini
Ginecologista, Sexóloga & Escritora
CRM 11468-GO
https://www.instagram.com/clamarini/

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Clarissa Marini é ginecologista, sexóloga e escritora. Especialista em Uroginecologia e Reposição Hormonal. Autora de Poetizando o Sexo e Inenarrável. É mãe, poeta e amante da vida. Formada há 17 anos, escuta e ausculta almas e corações de suas pacientes.
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