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Programas de Diversidade no Brasil: Impactos e Tendências Futuras

A diversidade está ameaçada? Com as recentes mudanças nos EUA, cresce o debate sobre o impacto nos programas de diversidade no Brasil. Descubra como a legislação, o ESG e as práticas empresariais garantem avanços e saiba o que esperar para o futuro dessa pauta.

Programas de Diversidade no Brasil: Impactos e Tendências Futuras

Programas de Diversidade no Brasil: Impactos e Tendências Futuras

Recentemente uma onda de notícias de empresas que estão reduzindo suas ações em Programas de Diversidade nos EUA, como Meta, Amazon, Mc Donald’s, Microsoft, Walmart, Ford, ganhou força na mídia, reforçada pela eleição nos EUA de Donald Trump que lançou uma série de medidas contra programas de diversidade e pessoas pertencentes a grupos minorizados, como por exemplo, negar a existência de pessoas trans e não binárias, reduzindo o conceito de gênero a masculino e feminino por decreto e/ou exigir que empresas deixem de apoiar a pauta em troca de apoio político.

As medidas naturalmente geraram tensões e o questionamento sobre o quanto tais medidas impactariam os programas no Brasil. Garantir que não haverá impactos é impossível, mas, é importante compreender que estes impactos, se houver, não serão tão imediatos.

O primeiro ponto a se analisar é a diferente configuração demográfica da população dos dois países.

Na questão racial, por exemplo, enquanto nos EUA prevalece a população branca com 61,6% de Brancos, 12,4% de Negros, 10,2% de Multirraciais, 6% de Asiáticos, 1,1% de Ameríndios e 0,2% de nativos das ilhas do pacífico, segundo Censo. No Brasil, somos 56,4% de negros, 43,5% de Brancos, 0,8% de Orientais e 0,4% de indígenas, segundo Censo IBGE. No Brasil, a população que se declara LGBTQIAPN+ corresponde a 11% da população adulta contra 7,5% dos EUA.

Outro ponto a favor é que as políticas de diversidade no Brasil estão mais amparadas por Leis.

Por exemplo, o caso da Lei de Cotas para pessoas com deficiência, de 1991, a Lei de igualdade salarial, de 2023. Além disso, o reconhecimento do STF que medidas como cotas são consideradas reparação histórica, Lei Brasileira de Inclusão.

Apesar dos EUA ser uma grande potência mundial, é importante ressaltar que o ESG segue fortalecido e regulamentações internacionais continuam influenciando as práticas corporativas.

A Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD), por exemplo, exige que grandes empresas adotem medidas concretas e relatem seus impactos ambientais e sociais. Essas exigências incluem a questão da diversidade. Como consequência, empresas brasileiras que mantêm relações comerciais com mercados europeus precisarão se adequar a essas exigências.

No Brasil, mobilizações importantes têm reforçado o compromisso das empresas com a diversidade.

Um exemplo disso é o Movimento de 700 empresas, que escreveram um manifesto em defesa da diversidade. Dessas, 500 são grandes corporações, como Bayer, Danone, Gerdau, Mondelēz, Natura, Nestlé, Volkswagen e Unilever. Outras 200 são pequenas e médias empresas. Diversas organizações também participaram, incluindo o Movimento Mulher 360, o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ e a Rede Empresarial de Inclusão Social, a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, o Fórum Gerações no Mercado de Trabalho, o Movimento pela Equidade Racial, o Pacto de Promoção da Igualdade Racial e o Instituto Ethos.

É de conhecimento que no mercado corporativo há empresas verdadeiramente comprometidas com Diversidade, Equidade e Inclusão, cuja pauta faz parte da cultura da organização, e aquelas que realizam programas superficiais. Os resultados são proporcionais ao comprometimento e investimento feitos.

Na prática, pouco muda. Aquelas empresas que entendem Diversidade, Equidade e Inclusão como essenciais para sua contribuição social, para o engajamento de seus colaboradores, para a identificação de seus clientes pertencentes ou apoiadores de causas inclusivas, que são minorizados, mas, não minorias, que entenderam o retorno financeiro que pessoas diversas podem trazer por proporcionar maior inovação e possibilidades de soluções, e que não há retorno sem investimento, continuarão implementando os programas de Diversidade, equidade e Inclusão com qualidade.

Aquelas que criaram programas de Diversidade, Equidade e Inclusão, sem propósito, somente como uma estratégia de marca, provavelmente embarcarão nessa onda do oportunismo para reforçar que estes programas não funcionam, geram custo, entre outros argumentos que não se sustentam. Infelizmente apoiados por políticos e pessoas conservadoras, uma vez que erroneamente o tema foi politizado.

A diversidade, não custa lembrar, também faz bem aos negócios: equipes com membros de várias etnias, gêneros e orientações sexuais são comprovadamente mais inovadoras e produtivas.

É o que mostram pesquisas como a da McKinsey divulgada em 2023 apontou que empresas com maior representatividade de mulheres entre as equipes executivas têm 39% mais chances de ter desempenho financeiro superior às concorrentes. As empresas com maior diversidade étnica também são 39% mais propensas a terem desempenho superior.

Outra pesquisa da McKinsey que envolveu 700 empresas na América Latina e quase 4 mil colaboradores sobre Diversidade reforça que diversidade de etnia, gênero e orientação sexual traz, de fato, benefícios que vão de melhores práticas de gestão até lucros maiores para acionistas.

A pesquisa comparou vários fatores entre empresas que praticam e que não praticam diversidade em seus quadros e obteve mensurações significativas. Entre os valores, o índice de 152% a mais de novas ideias propostas por colaboradores em empresas mais diversas e, também, uma taxa de 20 pontos percentuais de maior lucro para os acionistas.

Uma pesquisa da Harvard Business Review revelou que nas empresas onde há o reconhecimento do ambiente de diversidade, os funcionários estão 17% mais engajados e dispostos a irem além das suas responsabilidades. Além disso, foi identificado que existência de conflitos diminuiu em 50% em relação a outras organizações.

Não há como desvincular Diversidade de possibilidade de lucros para a organização.

Diversidade é humanidade, são pessoas, e empresas só alcançam seus lucros por meio das pessoas. E se estão felizes, se engajam, aumentam a produtividade e geram lucros. É uma relação de ganha-ganha.

O futuro pode ser incerto, mas, o propósito é inabalável principalmente quando vidas estão em jogo. Lutaremos sempre por uma sociedade mais justa e inclusiva. E convido você a fazer parte desta luta.

Gostou do artigo? 

Quer saber mais sobre como as mudanças globais podem impactar os programas de diversidade no Brasil? E o que as empresas podem fazer para garantir avanços nessa pauta essencial? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em falar a respeito.

Luciano Amato
http://www.trainingpeople.com.br/

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Pós-Graduado em Tecnologia Assistiva pela Fundação Santo André/ITS Brasil/Fundação Don Carlo Gnocchi (Itália/Milão). Pós-graduado em Psicologia Organizacional pela UMESP e Graduado em Psicologia pela UNIMARCO. Extensão em Gestão de Diversidade pela PUC (Trabalho final: “O impacto do imaginário dos líderes no processo de diversidade e inclusão nas organizações”), Credenciado em Holomentoring, Coaching e Advice pelo Instituto Holos. Formação em Coaching Profissional pela Crescimentum. Formação em Facilitação Digital pela Crescimentum, Formação em RH e Mindset Ágil pela Crescimentum. Formado como analista DISC Vivência de 30 anos na área de RH, em subsistemas como Recrutamento & Seleção, Treinamento, Qualidade, Avaliação de Desempenho e Segurança do Trabalho. Desempenhou papéis fundamentais em empresas como Di Cicco., Laboratório Delboni Auriemo, Wal Mart, Compugraf, Mestra Segurança do Trabalho.Atualmente é Diretor da TRAINING PEOPLE responsável pela estratégia e coordenação de equipe multidisciplinar especializada em temas como Diversidade, Liderança e Gestão, Vendas, Educação Financeira, Comunicação, Turismo e Segurança do Trabalho. Coach de transição de carreira, desenvolvimento de competências e de líderes e Mentor em Empreendedorismo e Diversidade, Equidade e Inclusão.Presidente e Fundador do Instituto Bússola Jovem, projeto social com foco em jovens de baixa renda que tem por missão transformar vidas através da Educação, Trabalho e Carreira. Colunista das Revista Cloud Coaching. Atua como Mentor no Programa Nós por Elas do Instituto Vasselo Goldoni.Coautor do livro: Segredos do sucesso: da teoria ao topo – histórias de executivos da alta gestão pela Editora Leader e do livro Gestão Humanizada de Pessoas pela Editora Leader. Coordenador e coautor do livro Diversidade em suas dimensões pela Editora Literare Books.
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