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A Coragem de Se Escutar: Como Praticar o Desenvolvimento Pessoal Sem Fórmulas Mágicas

Em um mundo obcecado por fórmulas e promessas de sucesso instantâneo, há um caminho mais verdadeiro: feito de silêncio, escuta e presença. Descubra como você pode praticar o seu desenvolvimento pessoal sem fórmulas — apenas com coragem e conexão consigo mesmo.

A Coragem de Se Escutar: Como Praticar o Desenvolvimento Pessoal Sem Fórmulas Mágicas

A Coragem de Se Escutar: Como Praticar o Desenvolvimento Pessoal Sem Fórmulas Mágicas

Vivemos em um tempo em que há um ‘caminho certo’ para quase tudo. “Como ser mais produtivo em 7 passos”, “Como encontrar sua paixão em 21 dias”, “Como transformar sua vida com um único hábito”, “Como enriquecer”. O algoritmo ama fórmulas. Mas a vida com suas complexidades e sutilezas, resiste.

No meu último artigo aqui, falei sobre Presença, sobre estar inteiro, sobre entregar-se à vida sem distrações insignificantes.

Hoje quero falar sobre a Coragem de se Escutar nesse Presente, sem distrações.

Desenvolvimento pessoal virou produto. Virou embalagem. Virou promessa falsa para dores profundas. Mas há um tipo de evolução que não aparece nos stories, nem se mede em checklists: é aquela que nasce do silêncio, da escuta interna, do desconforto criativo de se encarar de verdade.

“Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.” (Carl Gustav Jung)

Para Jung, a escuta interna leva ao processo de individuação, de tornar-se quem se é, conhecendo e integrando os aspectos opostos da personalidade, despertando o melhor de si e do outro e encontrando, ao mesmo tempo, o equilíbrio entre o pessoal e o coletivo – seria este o caminho da autorrealização. Como disse Nietzsche, “Torna-se quem tu és”.

Evoluir – de verdade – não é sobre acelerar. É sobre aprofundar. É sobre fazer perguntas mais honestas, mesmo sem ter respostas. E é sobre reconhecer os ruídos externos, a aprender a ouvir a própria voz, aquela que muitas vezes foi silenciada, domesticada, adestrada para agradar.

Em A Sociedade da Transparência, Byung-Chul Han, filósofo e ensaísta sul-coreano, diz que escutar a si mesmo exige silêncio. Mas o silêncio, hoje, é quase um ato subversivo, já que vivemos uma era de excesso de estímulos, de transparência forçada, de ruído constante. Tudo nos empurra para fora — e pouco nos convida a mergulhar para dentro. Talvez por isso seja tão difícil se escutar: porque o mundo não quer que a gente pare.


Tornar-se sua melhor versão?

Não, desenvolvimento pessoal não é tornar-se ‘melhor’ segundo os outros. É tornar-se mais Você, com tudo que isso implica: limites, desejos, contradições, escolhas.

Conheço, de dentro, o valor do desenvolvimento pessoal feito com verdade. Acompanhei processos belíssimos de transformação que não se deram da noite para o dia, mas no ritmo da escuta, do silêncio, do confronto com o que é real. Por isso me entristece – e por vezes fico indignada – ver o Coaching, que é uma prática tão séria, ser usado como embalagem para soluções instantâneas, para vender um tipo de “salvação” disfarçada de autoconhecimento.

Não é isso que transforma. Não é isso que cura.

Prometer atalhos é um desserviço à jornada de quem busca a si mesmo com coragem.

Sim, sou Coach. Por mais que isso fira os ouvidos de quem fala sem sequer conhecer do que se trata. Sou também Psicanalista. Sei perfeitamente a diferença entre o caminho do Coaching e a jornada da Psicanálise. O concreto e o sutil.


O desenvolvimento verdadeiro não é um espetáculo. É um caminho íntimo, muitas vezes silencioso, feito de escolhas conscientes, não de slogans. E que muitas vezes precisa ser de aprendizado prático com o Coaching.


Em um mundo saturado de manuais de autoajuda e promessas de autossuperação, de riqueza da noite para o dia, parece que a ideia de ‘ser melhor’ foi capturada pelo mercado. Como diz Byung-Chul Han, na sociedade do desempenho o sujeito acredita que pode tudo – e se não pode, a culpa é dele. Carrega o peso do fracasso como se fosse falha moral, não consequência de um sistema adoecido. O que antes era busca por sentido, virou cobrança por performance (A Sociedade do Cansaço).

É curioso como muitas promessas de desenvolvimento pessoal hoje soam mais como slogans publicitários do que como processos de verdade. Byung-Chul Han chama isso de ‘positividade tóxica’: o excesso de luz que cega. Uma exigência de felicidade permanente, de produtividade emocional, que exclui o sofrimento como parte legítima da vida.

Mas crescer dói. E às vezes, tudo o que precisamos é poder existir sem precisar performar evolução.

E quando não respondemos a essa exigência, temos remédios, não é? Antidepressivos, ansiolíticos, bloqueadores de reabsorção de serotonina e norepinefrina, estabilizadores do humor, substâncias para síndrome do pânico, TDAH…

Vivemos em um tempo em que tudo parece ter um método, uma técnica, um remédio, um passo a passo para ‘dar certo’. Ser melhor virou meta, projeto, KPI pessoal.


Mas será que isso tem mesmo a ver com desenvolvimento?

Ou será que estamos apenas nos afastando de quem somos, tentando seguir receitas que não foram feitas para nossa alma?

“Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.” (Clarice Lispector)

Ou tem. Michel Foucault fala sobre o ‘cuidado de si’ (epimeleia heautou) como um ato ético, político e filosófico, que antecede o ‘conhece-te a ti mesmo’. Para ele, cuidar de si é resistir ao governo da consciência, ao controle externo sobre a verdade individual.

Escutar de verdade não é tarefa leve, já que a voz interna nem sempre fala o que queremos ouvir. Ela questiona, confronta, inquieta. Mas é ali que mora o ponto de virada – o momento em que deixamos de seguir fórmulas para começar a criar o nosso próprio caminho.

Isso exige coragem. Coragem de não seguir o fluxo só porque é bonito. Coragem de parar quando o mundo diz para correr. E coragem de recusar fórmulas prontas e criar seu próprio ritmo.

Não tem mapa para isso. Mas tem bússola. Ela vive dentro de você, e só funciona quando você se escuta com presença e verdade.

Talvez a maior transformação não seja a que reluz, mas a que silencia. Talvez o desenvolvimento mais bonito seja aquele que permite estar em paz com quem você já é – e crescer a partir daí.

Sem pressa. Sem palco. Com Presença e Verdade.


Gostou do artigo?

Você quer saber mais como praticar o desenvolvimento pessoal de verdade, sem fórmulas mágicas? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.

Isabel C Franchon
https://www.q3agencia.com.br

Confira também: O Silêncio Interior em um Mundo Agitado: Como Cultivar Atenção Plena no Dia a Dia

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Isabel C Franchon, Coach, Trainer e Consultora em Cultura Organizacional, atua com Desenvolvimento Profissional e Pessoal através de palestras, Workshops, Treinamentos, Coaching, Mentoring e Oficinas. É Psicanalista atuante. Graduada em Jornalismo, tem MBA em Desenvolvimento Humano de Gestores, pela FGV; Pós-graduação em Transdisciplinaridade em Saúde, Educação e Liderança, pela Universidade Holística Internacional; Especialização em Marketing pela MM School; Formação em Compliance Anticorrupção, pela LEC; Especialização em Metodologia QEMP para empreendedores, pela Clinton Education. Fez formação em Master, Executive, Leader & Business Coach, pelo Behavioral Institute. Certificada em Positive Coaching Com Robert Dilts e Richard Moss. É membro do International Coaching Council (ICC) desde 2008. Formação em Psicanálise pelo Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP), Coautora do livro O Poder Transformador do Grupo com o capítulo “Coaching em Grupo: Holístico, Sistêmico, Integral” (Edições Besouro Box, 2024). Membro do GEC – Grupo de Excelência em Coaching – Centro de Conhecimento do CRA-SP.
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