Quem acompanha os meus textos sabe que sempre trago alguma provocação aos leitores. No melhor espírito de quem faz perguntas e instiga reflexão, eu encaminho questões para que cada um responda a seu modo, com base nas próprias experiências, competências e filosofia de vida. E alguém pode perguntar: mas o que se entende por “filosofia de vida”?
De forma bem simplista, podemos resumir que Filosofia (literalmente “amor à sabedoria”) de Vida será a maneira como a pessoa assumirá seus relacionamentos fundamentais com a existência, o conhecimento, a verdade, os valores morais e estéticos, a ética e a justiça, a partir da própria interpretação do mundo à sua volta. Em outras palavras, o meu objetivo a cada postagem é o de levar o leitor a colocar seus pensamentos em conexão consigo próprio, mesmo que em alguns casos esteja discordando de mim por completo. Isso vale para quem é Coach ou apenas interessado no assunto.
Hoje, fazendo abordagem diferente com respeito à Filosofia, veremos que pensar e refletir formam, em si mesmos, um remédio natural, sem contraindicações. Epicuro de Samos, um dos filósofos mais difundidos na era moderna, colocava a felicidade das pessoas no centro do seu trabalho. E na busca desse estado de “ser feliz”, a pessoa sempre encontrará a dor e o prazer. E é em função de diminuir a dor ou aumentar o prazer que o ser humano aceita mudar atitudes, comportamentos, crenças e, em última instância, rever valores e princípios. Epicuro chamava a Filosofia de “remédio para a mente”.
Em textos já postados, eu fiz referências a que Sócrates deva ser considerado aquele que lançou as bases teóricas do que hoje se pratica em Coaching (lembrem-se da expressão “conhece-te a ti mesmo”). No cotidiano das pessoas e das empresas, o que um Coach deve construir está em harmonia com a abordagem filosófica de ajudar o cliente a vencer os desafios que, de alguma forma, geram dor ou dificuldades no caminho da felicidade, exigindo assim adequado “remédio para a mente”.
Portanto, a pessoa que busca um Coach competente para participar de seu esforço em superar a dor ou ampliar a alegria, tendo em vista uma conquista pessoal (ainda que esta seja de natureza profissional), está na expectativa de encontrar alguém com quem possa dialogar e não que apenas lhe apresente um diagnóstico. Então, eis que surge a primeira pedra a ser removida desse caminho: a pessoa em busca de ajuda (Coachee ou cliente) deve assumir a disposição para pensar, o que é a postura filosófica de entender a sua maneira própria e distinta de interpretar a vida.
Todo o ser humano tem sua filosofia pessoal própria de vida, mas são poucos aqueles que se dedicam a refletir sobre a sua natureza, a complexidade e como ela tem aberto o caminho para a felicidade. Não basta uma pessoa se orientar apenas pelas experiências passadas, como se elas sempre fossem suficientes para responder a todo e qualquer novo desafio. É fundamental aprender a refletir sobre a vida, inclusive criticamente, identificando padrões e novas possibilidades que possam ser exploradas, as quais servirão para aliviar potenciais novas dores ou facilitar o acesso a prazeres ainda não vividos.
Certamente, eu não vou e nem acredito que alguém venha a colocar o Coaching como a panaceia que cura todos os males da alma, do corpo e do espírito. Porém, o Coaching surge hoje como a possibilidade mais presente para contribuir com o exercício de reflexão sobre a vida, fugindo do estereótipo intimidador e crítico que a Filosofia carrega. A premissa que eu quero reforçar para o leitor é de que a excelente sessão de Coaching deve deixar como legado o estímulo e a capacidade de o cliente aprender a refletir e assumir conclusões, transformando-as em decisões e na ação em busca da felicidade, como forma de encontrar menos dor ou mais prazer (ou ambas as coisas).
Eu sei que, em tempos de Copa do Mundo no Brasil, tratar de Filosofia pode ser chato ou até inadequado. Mas lembre-se que eu o estou estimulando a pensar na sua filosofia de vida como um processo em busca da felicidade. Quer coisa melhor do que aprender a ser feliz?
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