Sem qualquer juízo de valor, farei hoje um comentário com interesse absolutamente construtivo. Em um mundo onde se valoriza bastante o glamour e a exposição pessoal, não é difícil uma pessoa perder o contato com a sua realidade profissional e a necessária postura conservadora. Aliás, a mania do “selfie” e a utilização do Facebook como galeria de fotos de situações cotidianas estão aí a provar esses riscos da vida moderna. E no caso de um Coach, cair nessa armadilha é um desastre.
Conforme a expressão utilizada por um vice-presidente da consultoria americana Sherpa Coaching, o melhor recado aos profissionais é de que devem “manter-se fiéis ao seu papel de Coach… e nada além disso”. E ele completa com a advertência de que, no processo de Coaching, o profissional deve sempre se perguntar sobre como estão as sessões e como fazer para serem cada vez mais produtivas. Tornar-se “amigo” ou “conselheiro” do cliente pode criar um abismo do qual não conseguirá escapar.
Em comunicado enviado aos seus profissionais, a consultoria alertou que, em primeiro lugar, cada um é Coach e não amigo do cliente. O papel do Coach é tirar o cliente para fora de sua zona de conforto e desafiá-lo a pensar, é evitar que ambos se comportem apenas de maneira amistosa e tranquila, perdendo o foco quanto aos resultados a serem alcançados. Ser fiel ao papel de Coach é ter a garantia de que a relação com o cliente possa se manter ao longo do tempo para enfrentarem outros desafios.
Depois, tão danoso quanto ser amigo do cliente é misturar as funções com a de conselheiro. Os problemas causados podem nem ser tão críticos mas, considerando que o Coaching esteja com a condução inadequada, ocorre que o cliente perderá a oportunidade de ser dono de suas decisões, a partir da reflexão sobre o tema focal e, por consequência, não assumirá a tomada de consciência e a ação. O cliente precisa ter a própria linha de ação porque acredita que aquele caminho é o adequado, não porque está sendo aconselhado. Logo, o Coach não deve assumir-se “amigo” ou “conselheiro”.
A consultoria lembra seus profissionais de algumas questões-chave para que o processo de Coaching seja bem conduzido e deixe o cliente plenamente satisfeito:
- Para que haja menos risco de se perder o foco ou entrar por um caminho indesejado na relação com o cliente, o Coach deve ter as “regras do jogo” bem determinadas para o processo contratado, as quais são ajustadas antes do início das sessões. E não deve hesitar em relembrá-las sempre que algo esteja fugindo dos rumos esperados nas relações com o cliente;
- Ter adequado controle sobre o tempo de cada sessão é muito importante, tanto para o cliente (em respeito à sua programação pessoal ou profissional, após a sessão) como para o Coach, que deve ter os últimos minutos voltados à revisão do que aconteceu e do que se espera para o próximo encontro. O cliente deve concordar, sem dúvida ou insegurança, com os futuros compromissos, para que o processo de Coaching o leve a alcançar os resultados esperados;
- Tão logo acabe a sessão, o Coach deve usar alguns minutos para fazer a avaliação pessoal do que aconteceu e anotar em uma folha de acompanhamento para que, posteriormente, isso sirva de apoio ao planejamento ao próximo encontro. É fundamental o Coach valorizar o próprio tempo e o engajamento com os resultados esperados pelo cliente, assim como é essencial o respeito aos recursos de tempo e dinheiro do cliente, investidos no processo de Coaching.
Finalmente, cabe lembrar ao Coach que a avaliação continuada dos resultados do processo irá contribuir para que uma melhor comunicação se estabeleça com o cliente, principalmente quanto aos casos mais complexos ou difícieis (seja pelo desafio em si ou pela atitude de quem segue o processo).
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