Há cerca de dois anos, estive apresentando um estudo científico em um evento internacional. Lá conheci pessoas de vários países que, nos seus currículos, identificavam-se como Coaches Executivos. Chamou-me a atenção quantas delas, que nunca haviam trabalhado em uma estrutura empresarial, posicionarem-se como prontas para conduzir processos de Coaching com profissionais altamente especializados em diferentes áreas de conhecimento, afins ao mundo dos negócios.
Não é o caso de se fazer juízo de valor sobre aquelas pessoas, mas cabe sempre a reflexão sobre as competências básicas para o Coach executivo. Com base nisso, cada leitor poderá verificar suas forças e fraquezas, não com o intuito de restringir a atuação profissional mas, coerente com o que já escrevi anteriormente, construir olhar positivo no sentido da melhoria contínua e do preparo constante.
Tendo como referência a publicação The Executive Coaching Handbook (The Executive Coaching Handbook – The Executive Coaching Forum – 5th Ed., 2012), vamos agora fazer a atualização de quais são os compromissos de competência e de relacionamento que devem estar presentes na agenda de um Coach executivo. Cópia do manual citado pode ser obtida em www.executivecoachingforum.com e, para quem preferir, ali encontrará a versão em português (em sua edição de 2008).
Certamente, o manual é muito abrangente e detalhado, mas o intuito nesta minha postagem é tratar de competências centrais para a efetiva ação do Coach Executivo. E porque será isso tão importante? Os próprios autores admitem que a falta de pesquisas específicas, os modismos sempre existentes e muitos interesses comerciais em jogo prejudicam a formação de uma referência única e sólida. Mas os mesmos autores são unânimes em assumir que o modelo de competências a que chegaram é um excelente ponto de partida para qualquer iniciativa em Coaching Executivo.
Pois bem, o modelo de competências idealizado no manual envolve quatro grandes áreas de conhecimentos, chamadas de “Psicologia”, “Business”, “Organização” e “Coaching”, sendo absolutamente certo que ninguém consegue ser igualmente preparado e eficaz em todas elas. No entanto, um mínimo de competência significativa em cada uma das quatro áreas é essencial ao Coach Executivo. E, para começar, não se pode ignorar o quanto a inteligência emocional é importante, tanto na autopreparação do Coach quanto na sua relação com cada cliente.
No que diz respeito ao quesito “Psicologia”, o manual faz referência a que isso não significa o conhecimento de teorias psicológicas e conceitos relevantes para a prática de Coaching Executivo, mas sim o de ter grau mais tácito, formado pela experiência de vida do profissional, gerando um forte elo com princípios de inteligência emocional. O segundo quesito fundamental do modelo de competências é “Business”, ou seja, o Coach Executivo deve necessariamente ter visão de negócios para entender os objetivos e o contexto de trabalho de seu cliente. E essa relação se tornará mais sólida na medida em que o Coach Executivo demonstrar conhecimento específico sobre o cotidiano da empresa e/ou da área profissional em que trabalha seu cliente (seja quando a empresa paga pelos serviços ou seja ela apenas o ponto de convergência de interesses do cliente).
Para o tópico “Organização”, o manual orienta que o foco deve estar em os clientes realizarem suas metas de trabalho e de carreira, dentro do contexto da organização. Portanto, é essencial que o Coach executivo tenha a competência de interpretar linguagens e conceitos afins às estruturas organizacionais, sistemas, processos e ter como avaliar todos estes elementos da organização em que o Coachee trabalha. Finalmente, o tópico “Coaching” remete ao conhecimento específico de teoria, pesquisa e prática no campo de Coaching Executivo. Tudo isso é bem integrado e interdependente.
Nas próximas postagens vou me aprofundar em cada um desses pontos, mas desde já quero abrir este espaço para que os leitores opinem (até mesmo discordando, se for o caso), sobre esse conjunto de competências centrais ao Coach Executivo, conforme idealizado pelo The Coaching Executive Forum.
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