Ficou curioso com o título da matéria de hoje? Pois é, quem diria que um pesquisador encontraria a relação conceitual entre a prática profissional do Coaching com o tradicional ritmo norte-americano nascido no início do século XX, e originário de Nova Orleans e Chicago! Pois o analista canadense Michael J.B. Read cria evidências de que isso é possível com o estudo O que os Coaches podem aprender com a história do Jazz baseados em improvisação. O trabalho foi divulgado no mês passado pela publicação International Journal of Evidence Based Coaching and Mentoring (Vol. 12, No. 2).
Resumidamente, o autor afirma que, desde os primeiros estilos do Jazz até os estilos mais atuais, a componente-chave da “improvisação” é um item importante para a prática musical. No Jazz, a improvisação é conceitualmente ligada à dinâmica das relações e interacões com modelos prévios, da mesma forma que acontece na prática do Coaching. Essas relações e interações improvisadas envolvem diretamente a criação de ideias, pensamentos e soluções compartilhadas.
A maioria dos Coaches relata que, em algum momento, a improvisação foi importante na interação com o Coachee, o que sugere que ela pode ser componente essencial de muitas questões tratadas no processo. As atividades de Coaching mais frequentemente citadas como alvos de improvisação estão no desenvolvimento das sessões com as conversas afins, feedbacks e exercícios aplicados ao cliente. Michael Read afirma que Coaches bem preparados, e que conseguem improvisar adequadamente, são capazes de ajudar os clientes a melhor formularem ideias inovadoras, soluções e decisões.
Uma proposição básica do estudo afirma que a criação e a utilização de fórmulas pré-arranjadas no Jazz (conteúdos temáticos, pequenas passagens musicais, arranjos, cotações, etc) são vistas como semelhantes ao uso que se faz de soluções, projetos, ferramentas, táticas ou planos existentes, quando estes são inspirados (ou copiados) de modelos ou práticas comuns do Coaching. Quando confrontados com nova questão ou problema, alguns Coaches tentam aplicar uma solução pré-existente ou um plano de contingência, sendo aceitável que estes podem ser modificados (adaptados) por soluções de improviso, com ideias mais atuais, espontâneas e apropriadas ao caso.
Continuando, o autor comenta que os Coaches precisam adaptar-se ao tempo e à pressão para alcançar resultados, ainda mais em se tratando de grupos. Quanto mais pressão existir, mais se faz necessário o uso de modelos e soluções pré-concebidas que possam suportar eficientemente a improvisação. A própria história do Jazz sugere que quando a maior velocidade de improvisação é necessária, a improvisação coletiva é mais difícil de acompanhar. Partindo da metáfora do Jazz, o Coach precisa fornecer aos Coachees momentos de quebra de ritmo e/ou pressão, até mesmo desenvolvendo um trabalho aparentemente sem sentido, para ajudar na improvisação.
De forma geral, a análise de Michael Read indica que a capacidade de saber improvisar pode ser uma componente essencial para o sucesso sustentado de um Coach, somando-se ao conhecimento para liderar Coachees em organizações (individuais ou em equipes). O exame da improvisação ao longo da história do Jazz revelou relações conceituais fascinantes, projetando que Coaches e Coachees também podem tirar muito proveito a partir das soluções ou propostas passadas. Assim como os principais músicos de Jazz fazem com suas passagens e acordes prontos, os Coaches podem se preparar para facilitar a condução dos momentos de improvisação na prática do Coaching.
Finalizando, parece ser totalmente possível ter resultados com improvisação, desde que nunca cesse a motivação do Coachee para a criatividade individual e em grupo, dentro de um ambente dinâmico de colaboração, engajamento, responsabilidade e bom relacionamento. Tal qual ocorre no Jazz!
E você leitor, já improvisou alguma vez na prática do Coaching?
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