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Psicólogo ou Coach, eis a questão!

Em qualquer atividade de alto rendimento e com grande exigência de resultado, a estrutura psicológica é fundamental! Alcançá-la pode até ser resultado de um trabalho continuado de natureza psicológica.

Não pretendo trazer a este espaço o debate de ser ou não ser melhor que um Coach profissional tenha formação básica em Psicologia. Todos os leitores já devem ter lido, no mínimo uma vez, que há correntes de opinião que defendem a vantagem de o Coach ter formação como psicólogo enquanto que, por outro lado, há correntes que não identificam essa necessidade ou vantagem de forma tão plena, principalmente em se tratando de negócios. Enfim, seja lá o que você possa pensar a respeito, o nosso tema é outro.

Todo torcedor brasileiro, na Copa do Mundo de 2014, soube pelos jornais que o comando de nossa seleção identificou um estresse emocional nos jogadores, amplificado pela maneira como o grupo interpretava o Hino Nacional com o público presente ao estádio. O técnico Felipão convidou a Psicóloga Regina Brandão para fazer um trabalho especial tentando superar o problema, entre outros interesses. Vale lembrar que a parceria Felipão – Regina é antiga, tendo sido adotada em apoio a jogadores de futebol, incluindo a Copa do Mundo de 2002.

Essa iniciativa também não é novidade no futebol, pois outros técnicos de prestígio já buscaram na Psicologia um caminho para solucionar questões emocionais identificadas em um grupo de atletas, a exemplo de Telê Santana e Wanderley Luxemburgo. Sem dúvida, um trabalho como esse requer metodologia e protocolos que permitam fazer a leitura adequada das emoções vivenciadas pelos jogadores, levando então à preparação para enfrentarem uma competição. Nesse contexto, pode-se perceber o Felipão como o CEO de uma organização que merecia um tipo de avaliação e resultados, para o que foi escolhida uma Psicóloga em quem ele confia.

Essa relação de alta confiança pessoal e profissional cria um espaço para desenvolver um trabalho específico e, nem seria preciso dizer, no caso liderado por alguém que tem um currículo invejável, mesmo nunca tendo sido futebolista. O que esse processo prevê encaminhar (e pode contribuir) com o time tem relação direta com o tempo dedicado ao preparo que é desejado para o grupo, ou seja, para uma situação com metas de muito curto prazo, a profissional fica limitada em suas possibilidades. O melhor cenário é quando há um planejamento de mais prazo para haver mais chances de efetividade (veja o que ela tem a dizer sobre a experiência com o Felipão, clique aqui).

Agora, guarde um pouco essa informação e vamos para outro desafio. Há 5 anos, o Fluminense tinha perto de 98% de probabilidades de ser rebaixado à Série B. A enorme preocupação dos dirigentes, torcedores e, principalmente, dos atletas, era definida por um dado inquestionável: o time estava há 27 rodadas na zona do rebaixamento e faltavam 7 rodadas (21 pontos). Então, foi contratado o Coach Esportivo Lulinha Tavares, já experiente com times e jogadores de futebol, formado em educação física e pós-graduado em Psicologia. O tempo de preparo era mínimo, rodada a rodada, e o sucesso estava em vencer cada meta e partir para a próxima. O resultado foi que o time alcançou 19 pontos (aproveitamento de 90%) e ficou na Série A.

Nas próximas semanas, teremos uma situação inusitada e que, se não pode ser tratada como resposta científica à aplicação do Coach ou do Psicólogo para um grupo em competição esportiva, valerá como curiosidade para todos nós. Em 2010, o mesmo Felipão pretendia recorrer ao trabalho da Psicóloga Regina Brandão quando assumiu o comando técnico do Palmeiras, em situação ruim na tabela de classificação do Brasileirão. Conforme o próprio técnico já comentou publicamente, esse time foi o único local onde a dupla não trabalhou junta porque, o Palmeiras é complicado até mesmo para essa ação psicológica. Lembremos, o time foi então rebaixado!

Neste ano de 2014, o Palmeiras novamente encontra-se em situação muito incômoda e com alta probabilidade de um terceiro rebaixamento. A sua Direção assumiu repetir a experiência anterior bem sucedida no campeonato paulista de 2013, com o Coach Lulinha Tavares, e agora espera celebrar o sucesso obtido com o Fluminense, obviamente que em contexto diferente e com jogadores e cobranças nada comparáveis entre si. Percebe-se que, como se fosse questão de dois pesos e duas medidas, para alguns técnicos de futebol vale a Psicóloga e, para outros, vale o Coach Esportivo. Serão esses trabalhos excludentes?

Na minha visão, talvez a escolha esteja muito mais dependente da urgência de se encontrar solução e do curto prazo existente para que os jogadores ganhem confiança e segurança técnica. Em qualquer atividade de alto rendimento e grande exigência de resultado, a estrutura psicológica é fundamental, sendo que alcançá-la pode até ser resultado de um trabalho continuado de natureza psicológica. Porém, não se pode negar que o instrumental do Coaching viabiliza organizar os esforços futuros em pequenas metas ou, como afirma Lulinha Tavares, consegue-se construir um comprometimento para o grupo dar passos em direção aos resultados de curto prazo que se pretende alcançar, sendo um de cada vez até o objetivo final. Se o Coach Esportivo funcionar, o Palmeiras celebrará seu Centenário (1914-2014) permanecendo na Série A. Do contrário,…

Você que lê o post, e mesmo que não goste de futebol (que foi dado por exemplo), o que pensa sobre o tema?

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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