Muitas pessoas começam a vida profissional em uma profissão e depois resolvem mudar. Não há nada de errado com essa decisão.
Mariana, Marília, Jamerson. Por diferentes motivos, essas pessoas e tantas outras começaram a vida profissional em uma carreira e, no meio do caminho, resolveram mudar para outra.
Independentemente das razões que tenham motivado a saída de uma profissão para outra, existem passos específicos que devem ser seguidos para que a transição ocorra da melhor forma possível.
Planejamento é a principal delas, mas uma boa investigação junto a profissionais da nova área é indispensável. “Quanto mais se conhece o mercado, mais suave é a transição”, resume Sueli Aznar, consultora de carreiras da Right Management, do grupo Manpower.
Foi esse pensamento que norteou os rumos escolhidos pela designer de moda Mariana Almeida.
Mestra em engenharia química, ela trabalhava há cinco anos em uma indústria de plástico quando começou a vislumbrar a mudança na carreira. Foram nove meses de planejamento.
“Comecei a fazer cursos de moda nos fins de semana e à noite e vi que não eram suficientes e que eu não queria a moda como um hobby. Pesquisei as melhores universidades, preços de aluguel, alimentação, locomoção em outro local”, conta ela, que finalizou recentemente o curso de designer de moda na Argentina.
Mariana volta ao Recife nos próximos meses para abrir um negócio. “A região é carente desse tipo de serviço. Eu quero trabalhar com cinema e Recife já desponta nesse setor”, completa.
Ela reconhece que, caso não tivesse sentado e pensado a nova carreira, seus gastos financeiros teriam sido enormes. A conta dessa mudança fica em torno dos R$ 40 mil. “Poderia ter sido bem maior se eu não tivesse me organizado, tenho certeza”, finaliza.
Planejar a nova carreira encurta a curva de aprendizagem – termo usado pelos especialistas para designar o tempo que se leva para absorver os conhecimentos da nova profissão.
Segundo Sueli Aznar, estipular metas e estabelecer planos é importante mesmo para quem deseja permanecer na atual carreira.
É imprescindível estabelecer metas e estar atento ao contexto, porque o mercado exige mudanças constantes nas curvas de aprendizagem.
“Ainda assim, planejar não é algo estático. Quando se coloca o plano em prática, ele sofre alterações por conta das demandas do mercado. É importante ouvir gente mais experiente também para aperfeiçoar”, completa a especialista.
Para Ricardo Haag, gerente executivo da Page Personnel, investigar prática e teoricamente a nova profissão é essencial. Para isso vale a leitura e, principalmente, a conversa com pessoas que já atuam na área.
Mudar de carreira exige autoconhecimento e convicção do objetivo profissional – características raras.
“Esses fatores são importantes para que a pessoa não faça mudanças drásticas desnecessárias. Se a pessoa tem um emprego e quer mudar, ela pode passar para outra área dentro da empresa, o que é bem menos trabalhoso”, diz Ricardo, que recomenda orientação vocacional e conversas com o Recursos Humanos da empresa para poder estar ciente das oportunidades.
No caso do professor Jarmeson França, a identificação de oportunidades surgiu de conversas com colegas.
Ele entrou no Senai como motorista e, tendo contato com professores e diretores, percebeu que a empresa dava chances de crescimento.
“Quis ser professor. Passei a fazer cursos no próprio Senai dentro da parte de máquinas pesadas (retroescavadeiras, caminhão guindauto etc), que é uma área que eu já conhecia. Pouco tempo depois abriu a vaga e eu passei no concurso”, lembra.
Hoje ele cursa pedagogia e seu objetivo é crescer profissionalmente.
A essas fatores somam-se os custos emocionais – o apoio dos amigos e familiares é essencial neste momento.
Foi esse suporte que ajudou Marília Carvalheira, estudante de direito, a mudar de carreira. Ela a era fisioterapeuta e, atendendo a um desejo antigo, vendeu seu estúdio de pilates, parou sua pós-graduação e começou a estudar para o vestibular. “Foi tudo meio repentino. Minha vida mudou muito em um ano”, diz.
Marília voltou a morar com os pais e foi se desligando da antiga profissão sem planejamento.
Ela se surpreende ao contabilizar a mudança: descontando o antigo salário e colocando a mensalidade da faculdade, o saldo é negativo é razoável.“Mas conto com o apoio dos meus pais, isso ajuda”, lembra. Sueli Aznar, da Right Management, lembra que mudar de carreira é algo que deverá ser feito uma hora ou outra na vida.
“Chega uma hora que o mercado dispensa ou a pessoa se aposenta. Não vale a pena ficar parado. É algo que já deve estar no horizonte do profissional”, diz.
O cenário é ainda mais incerto para pessoas de profissões mais operacionais, como pedreiro, soldador e afins.
“Eles não planejam, mas experimentam mais. Isso é um ponto que pessoas com curso superior geralmente têm dificuldade. É algo positivo no fim das contas”.
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