Duas notícias que, aparentemente, não têm relação entre si, chamaram minha atenção e me motivaram a escrever este texto. Primeiramente, os jornais noticiaram a possível ação diplomática brasileira questionando o visto de entrada, no país, para uma pessoa chamada Julien Blanc, que se apresenta como “instrutor” da empresa Real Social Dynamics, voltada a dar conselhos de namoro e dinâmicas sociais.
A polêmica em torno dessa pessoa ganhou expressão com a cassação de seu visto na Austrália, há duas semanas, onde ele dava palestras. O problema é que a proposta tem sido vista como ofensiva às mulheres já que, em seu próprio site, Julien Blanc comenta que sua técnica para conquistar mulheres “é ofensiva, é inapropriada, é emocionalmente assustadora, mas é muito eficiente”. A presença desse “mestre da paquera” também está sendo questionada no Canadá e no Reino Unido.
No Brasil, já há uma petição online pedindo que o visto não seja concedido. Mas enquanto isso, e sem entrar no mérito do problema diplomático, será que o Coaching voltado à paquera pode funcionar? Por que a resposta sim ou por que a resposta não? E se invertermos os papéis, uma técnica para que a mulher conquiste o homem seria mais ou seria menos válida?
Pois é, saibam vocês leitores que a aplicação do Coaching voltado à paquera já existe e tem muita gente que se lança a seguir o método para (tentar) conquistar o amor de seus sonhos. E antes de continuar, quero deixar muito claro que não estou fazendo juízo de valor sobre o Coach ou o Coachee que se envolve nesse campo de trabalho e de expectativas, mas a minha atenção se volta para as conclusões a que chegam os clientes do processo, principalmente as mulheres.
Dias atrás, o jornal Folha de São Paulo publicou matéria sobre o trabalho da Coach Miria Kutcher que, através de um sítio especializado para mulheres (www.readyforromanceclub.com), apresenta seus serviços como “especializada em ajudar mulheres a encontrar amor, romance e aproveitar uma bela relação, levando-as através de uma jornada de autoconhecimento e de criação de espaço para novas histórias acontecerem”. Um pouco mais à frente, na descrição do seu modelo de trabalho, o sítio complementa com a seguinte informação: “A nossa intenção não é diagnosticar ou responder às suas perguntas, mas ajudá-la a encontrar o que você deseja a partir de si mesmo”.
Vale a pena comentar que, se o trabalho consegue ou não ampliar a capacidade de paquera e/ou de a cliente alcançar novas histórias de amor, isso não vem ao caso para a minha análise. O que é muito importante, sem dúvida e vale a pena comentar, é que na sua apresentação a proposta desse processo é honesta ao mostrar que o compromisso está em ajudar a cliente a realizar uma mudança pessoal, o que só ocorrerá se a pessoa quiser e se aplicar com seriedade ao método.
Porém, o que quero ressaltar está na expressão “autoconhecimento”, no texto de apresentação. A matéria do jornal sugere que o processo não funciona se o critério de avaliação for pela rápida conquista da relação estável. Mas é válido para que a mulher, com base no autoconhecimento, construa melhor posicionamento na relação com as pessoas, sendo mais segura, com objetivos e critérios bem definidos, e com mais autoestima. Assim, o desenrolar de um relacionamento amoroso acontecerá naturalmente, sem ansiedade, estresse, cobranças ou crenças limitantes sobre o futuro.
Portanto, para ser feliz no amor, o segredo não é aprender dicas de conquista eficientes, como as do Julien Blanc. É bem melhor se criar as condições de amar e ser amado(a) com maturidade, com uma beleza corporal e emocional que encantará os outros a partir da integração de seus valores e princípios, dos seus desejos e motivações, e da forma segura e confiante de caminhar pela vida.
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