Meus amigos, mesmo correndo o risco de sofrer críticas, eu decidi escrever este texto para relatar uma situação absolutamente fora do normal, mas que merece bastante atenção. Diz o ditado popular que vamos “vivendo e aprendendo”, ou seja, a vida nos gera oportunidades de aprendizado em diferentes e inesperadas situações, restando a cada um tirar proveito para se aplicar em futuros desafios similares.
Só para relembrar, sem muitas firulas no assunto, a literatura aponta diferenças entre a prática do Coaching e a de outras intervenções, sendo que a Consultoria é uma delas. O Coaching difere da Consultoria ao focalizar um líder com ênfase na ação orientada ao invés da abordagem experiencial. O Coaching de Negócios, especificamente, é visto como intervenção voltada ao acompanhamento e desenvolvimento de habilidades do cliente em seu contexto negocial. E nem quero complicar o assunto trazendo à tona a questão da Mentoria.
Até aí tudo é muito fácil e tranquilo de entender, mas… Sempre existe o “mas” e, mesmo tendo a absoluta certeza de que não sou o único profissional a vivenciar a situação que descreverei, muitos não gostam de relatar os seus casos que fogem ao padrão normal. Como eu não sou um alguém que se considera politicamente correto em sua essência, e tendo a capacidade de “segurar a onda” de potenciais comentários críticos, eis aqui algo que apresento à reflexão de vocês e que pode ocorrer com qualquer Consultor ou Coach.
A situação é a seguinte. Fui contratado diretamente por um empresário, cujo grupo tem negócios no Brasil e no exterior, para contribuir com o alinhamento estratégico e tático de suas empresas. Isso significa vários níveis e categorias de desafios, alguns deles propriamente afins ao empresário contratante e outros relacionados a lideranças executivas dos seus negócios. E para que essa salada de objetivos e metas seja bem compreendida, há uma “viagem” que costura atividades administrativas, técnicas, mercadológicas e de processos operacionais.
Eis que, quanto a determinadas linhas específicas de negócios e demandas (principalmente aquelas de caráter estratégico), o empresário contratante assume tranquilamente o papel de Coachee e se posiciona para que o processo transcorra normalmente. É quando o Coaching consegue abrir as cortinas desse palco e deixa aparecer, como resultado de uma reflexão bem encaminhada, os potenciais cenários futuros em que os esforços empresariais deverão caminhar. Porém, há questões pontuais (tanto em relação às empresas como para projetos) em que o empresário não abre mão de ouvir a voz do especialista-consultor, por considerar essencial a minha experiência executiva prévia.
Fica assim a exigência de um esforço enorme para não misturar papéis e nem permitir que uma intervenção atropele outra. É bem nítida a possibilidade real de o Coaching ter espaço de aplicação para o grupo empresarial, assim como há para a Consultoria, mas o problema está em que a mesma pessoa que coloca o chapéu de Coach, em determinados momentos, troca depois de chapéu e coloca o de Consultor, em outros momentos. Da parte do empresário contratante está tudo bem e ele está feliz, já programando minha viagem para um trabalho com os executivos de suas empresas no exterior.
Portanto, queridos leitores, possivelmente outros profissionais já vivenciam algo parecido e, até mesmo, se essa moda pegar, logo haverá uma nova palavra em uso para incluir no currículo ou portfólio individual: o ConsulCoach. Ou será que você se atreve a chamar de CoachCons?!
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