O medo sempre me meteu medo. Até o dia que eu resolvi entrar no medo.
Abraçar o medo. Agarrar o medo e dar um abraço bem grande no medo.
Foi o que aconteceu no fim dos tempos: era o fim de uma era em que eu mais ficava preocupada com o que iam achar de mim, do que em ser eu mesma. Era o medo de não ser boa o suficiente. Medo de não ter grana. De não ser in. De não ter o tal sucesso, como visto nos manuais não escritos de nossa sociedade.
Medo de ser descoberta, pois me achava uma fraude, entre outras coisas não muito bacanas.
Medo de sair de um trabalho lustroso, mas que me deixava infeliz. Medo de casar, de não casar, medo de não ter e também de ter filhos.
Medo de não ser adequada.
Medo de ser eu.
Foram tantos os medos da minha vida, que eu resolvi olhar para cada um deles com o carinho de quem olha para velhos parceiros de jornada. E então me dei conta:
Cada medo é um portal. Um portal que esconde possibilidades infinitas.
Então, pergunto: do que nos protegemos quando temos medo?
O que será que o próprio medo vê, de onde ele está, que tenta tanto nos blindar do que queremos? Será que vê sua impossibilidade? Ou será que o que vê é sua coragem, sua abundância, sua validade, sua liberdade?
O que você faria se não tivesse medo? O que você poderia fazer se chegasse perto dele e visse que ele é um portal? Um portal para ser atravessado, suportado, e que é só seu?
Com amor e com alma,
Karinna
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