Eu não sei quanto a você, estimado leitor, mas é impressionante a quantidade de pessoas que vejo assumirem-se com competência de Coach executivo ou de negócios, tendo experiência profissional limitada. Há uma corrente de estudiosos em Coaching que não coloca isso como critério fundamental, porém não é o que a maioria dos contratantes aceita. Talvez, para se desenvolver em Coaching e ganhar experiência, antes de partir para contratos em megacorporações, caberia aprender mais no universo do empreendedor individual ou microempresa, onde riscos e desafios são mais compatíveis.
Seja em uma intervenção de Coaching (ou em uma intervenção como consultor), há uma pergunta inicial que é quase um padrão: “qual o tipo de negócio que você quer construir?”. Parece óbvio, mas há um problema básico que atinge empresas de todo o porte e, em especial, as micro e pequenas empresas. Alguns empreendedores desistem de lutar quando estão perto da falência, sem se darem conta de que o problema central está na falta de uma direção, um rumo, um caminho. E o cenário vai ficando perigoso demais…
Um negócio começa a passar por dificuldades e o empresário decide abrir outra linha de atuação para compensar o primeiro, conseguindo com isso duplicar problemas e angústias. E aí chegam o terceiro e o quarto empreendimento, fazendo jorrar dinheiro para fora na forma de custos e investimentos, sem adequado e sólido caminho para rentabilizar o dinheiro investido em algo mais próximo de uma fantasia do que de uma realidade. Se perguntar ao empresário: “Como é que esses novos negócios ajudarão em sua vida?”… a resposta será difícil, vaga, como que a desconversar sobre o assunto. Isso se ele não cair em silêncio profundo.
Para entender como esse empresário trouxe seus negócios ao estágio complicado atual, é preciso começar pela descoberta do que ele é e do que quer ser. O que acontece com a maioria dos pequenos empresários (mas não exclusivamente), é que a “vida ocupada” faz com que se esqueçam por que eles decidiram fazer algo (e fazem tudo automaticamente, sem critério ou noção do que vão construir). O objetivo pessoal começa a se confundir com o objetivo das empresas e a vida vira uma roda-gigante.
O Coach precisa ajudar o cliente a definir o foco do negócio e, com isso, ficará mais simples para ele entender os propósitos envolvidos (como pessoa e para o negócio). Ao fazer isso corretamente, os clientes certos ficarão e os clientes estressantes sumirão. O empresário precisa acreditar que os clientes certos são aqueles que aparecem em sua vida antes mesmo de serem procurados, enquanto os errados devem ser tratados de forma a nem mesmo procurarem pela empresa. O estresse diminui, os lucros crescem e a vida fica melhor se você descobrir quem você realmente é o que pretende fazer. Com foco e propósito.
Qualquer que seja o tipo de experiência do Coach, ele não pode abrir mão de questionar um cliente a partir desse ponto central. Mas sua experiência (e competência geral) são absolutamente essenciais para saber o que fazer com a resposta do empresário, ou mesmo com o silêncio que dominará a sala…
Participe da Conversa