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Mudou! … E agora?

O que está acontecendo nesse momento com o nosso país está causando alterações na vida profissional, familiar e individual da grande maioria da população e isso requer desenvolver as competências: Quociente de Adversidade e Resiliência.

O que está acontecendo nesse momento com o nosso país, certamente exigirá uma mudança de atitude e de comportamento frente aos novos desafios. Por desafio podemos entender como uma situação inusitada, impactante e que, de um modo ou de outro, teremos que enfrentar.

O momento está causando alterações na vida profissional, familiar e individual da grande maioria da população, e isso requer desenvolver competências das mais importantes: o Quociente de Adversidade e a Resiliência.

Quociente de Adversidade – a palavra quociente vem do latim “quotiente”, significa “quantas vezes” (Dicionário online de Português) – denota uma medida.  Adversidade está ligada a situações imprevistas, podendo ser impactantes. Então “Quociente de Adversidade” é o quanto um individuo é capaz de lidar com essas situações. E situações imprevistas acontecem o dia todo e todos os dias. Ao acordarmos, podemos ter um problema com o carro num dia de importante reunião. A bolsa de valores surpreendeu, o dólar subiu (mais uma vez), a empregada doméstica que não veio (e nem avisou), o trânsito parado e o vôo perdido, e tantas outras situações que seria impossível relatá-las aqui. Todas essas (situações) possuem em comum o fato de acontecerem repentinamente e com pouca possibilidade de serem impedidas ou controladas por nós.

E é isso que parece estar acontecendo em nosso país. A atual gestão governamental não tem atendido às expectativas da grande maioria da população, vinculada a notícias com empresas que comprometem muito a questão ética. Sendo politizado ou não, dificilmente conseguimos ouvir/ler sobre os últimos acontecimentos sem impacto emocional. E como dói. Perceber que alguns valores (nem um pouco nobres) da nossa sociedade se escancararam de repente e nos colocaram em frente aos holofotes do mundo. Definitivamente não nos traz nenhum orgulho.

Estamos diante de uma crise econômica e social. Financeira e de valores éticos.

Em decorrência de uma série de problemas econômicos, as medidas que estão sendo tomadas pelos responsáveis no governo, afetam a todos, e poucos são os que estão lucrando com isso.

E diante de tal cenário, encontramos algumas formas de extravasar o sentimento de descrença e impotência que toma conta de todos nós. Escrever em redes sociais, participar de movimentos e se entregar a conversas sobre o assunto com amigos e até estranhos em filas e salas de esperas, parece ser alguns dos recursos que encontramos. Talvez dividindo nossas indignações, tristeza, raiva, talvez compartilhando um pouco desse sentimento que “dói em nosso coração”, podemos aliviar essa carga, pois não fazer nada pode ser altamente angustiante.

E como estamos com poucas condições de atuar diretamente de maneira a mudar a situação para nos atender, podemos afirmar que estamos diante de uma Adversidade. É o momento de medirmos nosso quociente. Se não estiver elevado, é hora de elevar. Sem muita escolha.

Quais atitudes devemos ter? Quais ações? E como envolver funcionários, colegas de trabalho, família? Como informar e educar nossas crianças?

Primeiro: respira fundo. Nada de encher o coração com sentimentos negativos que limitam e sabotam nossa vida, além de ser uma “porta aberta” para problemas de saúde. Pensa positivo e com firmeza. Vamos cuidar do que é real e está ao nosso alcance. Quais recursos temos em nossa bagagem de vida que nos permite encontrar saídas e fazer o que é necessário ser feito?  Nesse momento de economia fraca e com pouca possibilidade de crescimento, podemos analisar nosso orçamento e fazer algumas mudanças. Que tal encontrar novas formas para se divertir? E quem tem oportunidade, pode buscar modelos de desenvolvimento de novos negócios, novos produtos, que possam atender às necessidades do momento. Utilizar transporte público, oferecer e pegar carona para o trabalho, fazer as refeições em casa e outras maneiras de reduzir os gastos. Se ficou sem trabalho, estudar, aprender da maneira que cabe no bolso (existem opções online). E por que não procurar fazer agora aquele trabalho que tanto desejou na vida? Mudança gera crescimento e aprendizagem.

A isso chamamos Resiliência, ou seja, “mesmo diante de adversidades, se consegue encontrar alternativas, enxergar oportunidades para alcançar o propósito”. (Marinaldo Matos).

É preciso motivação para executar essas mudanças, porém ele, “motivo-ação”, se encontra nos valores, nas necessidades, nos objetivos e propósito de vida, e, principalmente na missão que determinamos para nossa existência. E ainda segundo Marinaldo, “o resiliente se arma de criatividade e força de vontade para ultrapassar a barreira da estagnação e do ostracismo.”

É certo que não é tão simples, pois mudar nunca é fácil. Elevar o Quociente de Adversidade e aprender Resiliência exige foco, novos padrões mentais e um olhar com mais crédito para o futuro, sem perder o que temos de precioso: nossos valores!

Aliás, talvez seja o momento de revermos nossas condutas enquanto sociedade. Já é hora de acabar com a fama do “Zé Carioca Malandro” e da “Lei de Gerson – que gosta de levar vantagem em tudo”.

Eline Rasera Author
Eline Rasera, Bacharel em Psicologia e pós-graduada em Recursos Humanos pela FGV- Fundação Getulio Vargas, é especialista em Psicologia Organizacional pelo CRP – Conselho Regional de Psicologia e Coach pelo ICI – Integrated Coaching Institute. Realizou estudos sobre “A Biologia do Observador e suas Crenças” na Escola Européia de Coaching em Lisboa; coordenou o setor de Gestão de Pessoas em empresas de grande porte por mais de 25 anos. Professora do curso de pós-graduação da FGV da área de Administração de Empresas e sócia diretora da Consultoria Anel Gestão de Pessoas.
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