Um episódio que estou passando agora lá no Colégio.
É uma grande gincana chamada Desafio Singular, onde todas as salas da escola participam tendo que cumprir provas concorrendo a uma viagem como prêmio. Esse Desafio me proporcionou amostras grátis do que é ir atrás daquilo que se quer. E eu não estou falando só do prêmio. Refiro-me à iniciativa que agora terá que partir de você mesmo. É muito mais fácil você falar o que os outros devem fazer ou onde erram do que você se levantar e ter a iniciativa de fazê-lo.
A cada dia descobrimos que crescer não é uma coisa gostosa. Lembro-me da música do Lenine, O Silêncio das Estrelas: “Eu pensei que tinha o mundo nas minhas mãos como um deus e amanheço mortal.” Uma alegoria dessa apresentação à realidade.
Não é gostoso, pois a quebra de expectativa é muito forte e reveladora da verdade. A verdade não é nada parecida com os contos da Disney. E nós, como bom revolucionários que somos por natureza, queremos mudá-la e assumir o controle do nosso futuro e proteger a liberdade das pessoas ao nosso redor. Mas a realidade que vivemos soterra esse sentimento de transformação com um sistema de ensino massacrante, com o medo de não alcançar a felicidade resultando em egoísmo, hierarquias intransitáveis e desigualdade em geral.
Assim ficamos divididos nessas duas naturezas de um adolescente: a revolução das regras vigentes e o desejo da felicidade. Até agora essas duas coisas quase nunca andaram juntas. Pois para transformar o mundo ao seu redor você tem que abrir mão de muita coisa. Não é abrir mão de um doce ou uma marca de roupa X. Mas sim de seu tempo livre que usava para o prazer.
As responsabilidades de um revolucionário são muitas e não acabam quando a revolução está feita. Muito pelo contrário. O prestígio e a manutenção do Novo está por sua conta também. Você irá fazer as novas regras e suas consequências irão atingir a todos. Estou falando de revoluções políticas, pois nós estamos em uma fase, em minha opinião deveria se estender para o resto de nossas vidas, de grande engajamento político. Mas nós também somos os revolucionários da nossa própria vida e podemos mudar o “Governo” a qualquer momento, tanto com 17 quanto com 20, 30, 40 ou 90 anos.
Esse foi um texto para mostrar como essa transição não é nada confortável. E que vamos nos encontrar, pela primeira vez, com o verdadeiro e onipotente impasse de nossas vidas, que vai nos acompanhar até o final: responsabilidade que veio das minhas escolhas vs. minha felicidade.
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