Este artigo estava para ser finalizado há algumas semanas, mas seu conteúdo não tem prazo de validade. A motivação em escrevê-lo nasceu quando eu li um belo texto produzido pelo editor da revista de bordo da American Airlines, Alain Pitluk. O foco estava em algo que desafia cada um de nós, todos os dias, que está em concretizar as ideias criativas que aparecem e desaparecem, que chegam forte e, como uma nuvem, acabam se dissipando rapidamente.
Alain conta que estava dirigindo por um caminho bem conhecido por ele, trecho de estrada em que costuma passar, nos últimos anos. Ouvia um programa de rádio de que é fã, há mais de 25 anos, no qual estava sendo entrevistado Neil Young, celebrado artista canadense. Para quem não identifica de imediato, ele tem sido premiado em suas múltiplas demonstrações de talento como músico, cantor, compositor, produtor, diretor, roteirista, defensor de causas humanitárias.
Durante o programa, o entrevistador Howard Stern perguntou ao artista sobre seu processo de composição e, mais especificamente, de como Neil Young continua a produzir músicas com qualidade e letras melódicas consequentes, mesmo depois de tantos anos. Especificamente, foi assim: Neil, você passa horas por dia sentado em uma sala sozinho, em algum lugar, esperando por inspiração? Quando você está criando, como é que isso acontece?
A resposta de Neil Young foi: Se eu tenho uma ideia interessante, vou parar de fazer o que estou fazendo, começo a compor e a escrever. Se eu pensar em algo agora, o que não está ocorrendo, mas se alguma ideia vier agora, veja que a guitarra está ali. A minha vontade é sempre de concretizar e gravar imediatamente. Eu não quero ficar pensando, quero é realizar.
Vamos tentar entender isso? Conforme observações do editor Alain Pitluk, a parte mais complicada sobre qualquer tipo de trabalho é que muita repetição nos torna obsoletos. Encontrar o que funciona no que se faz cotidianamente, e ficar mantendo a mesmice para garantir a segurança do emprego, fará com que esse trabalho tenha cada vez menos brilho. Uma metáfora é comparar corpo e mente: quando se é jovem, o corpo é um instrumento de sucesso e a mente tenta acompanhar; mas, com o passar do tempo, isso acaba se invertendo.
Pode-se dizer que o ponto de partida, ou como começar a pensar e criar em qualquer profissão, é o mais intimidante e crucial? Neil Young escreveu três de suas melhores canções em um dia, quando estava doente com febre. Talvez estivesse entediado ou aborrecido com a situação, mas ele sentiu a música dentro de si e concretizou a inspiração com as composições.
Na entrevista, Neil Young é provocado: Você não tem medo de esquecer uma canção quando ela aparece em sua cabeça? A resposta consolidou a premissa de não deixar para depois o que se pode fzer agora: É por isso que eu gosto de gravar imediatamente para que eu concretize a inspiração antes mesmo de eu começar a pensar sobre ela.
Há anos eu carrego comigo uma forma de fazer anotações, já tendo passado da caderneta a um pequeno gravador, hoje substituídos pelo celular e um aplicativo de gravação pessoal. Fica então minha sugestão a todos os leitores para que nunca deixem passar uma ideia ou sonho, sem anotar. Motivem-se a criar e oferecer algo de diferente naquilo que fazem em suas profissões. Porém, muito mais importante, é que essa novidade seja efetivamente colocada em prática para o bem de seu trabalho, a fuga da mesmice e na proposição de propostas que concretizem a sua criatividade. Não deixe de trazer ao mundo a ideia potencialmente positiva!
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