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Um mundo de medíocres!

“Não estou na ponta, mas também não sou perdedor”. Médio, mediano, medíocre! A média é uma forma de colocar as pessoas em um nível seguro de não eliminação. Cabe a você decidir: obter sucesso ou ficar na média?

Olá! Espero que você não tenha se assustado com o título de nosso artigo, mas calma. Vou explicar melhor minha tese. Em muitos dos meus artigos tenho defendido a crença de que todos somos plurais e que nosso Eu verdadeiro (a pessoa que somos em nossa intimidade) difere significativamente do nosso Eu profissional (protocolo de comportamentos que usamos no ambiente de trabalho), pois bem, por motivos éticos, somente conto a vocês coisas que eu acredito e pratico assim, meu Eu verdadeiro adora cozinhar. Coisa que não faço em meu dia a dia de trabalho. Não gosto somente de cozinhar. Acredito que a culinária seja de fato um ofício com todos os métodos, ferramentas e tecnologias envolvidas. Enfim, sou um entusiasta da coisa. Tanto que adoro programas de culinária na televisão e entre eles o Master Chef.

Este programa é um reality show como tantos outros onde a cada semana as pessoas têm tarefas a cumprir e de acordo com a opinião dos juízes podem ser premiados ou eliminados sendo enviados para casa. Como são vários participantes, a cada decisão dos juízes eles separam os participantes em três grupos. Os piores, os melhores e aqueles que sobram e são os médios. Os melhores serão premiados, os piores deverão fazer uma tarefa extra para ver que vai para casa e os médios, ficam automaticamente salvos naquela semana.

Curioso observar que a maioria das pessoas que fica no chamado grupo médio fica aliviada com a situação, pois não serão premiados, mas em compensação, não serão eliminados o que traz a sensação de segurança e uffa! Aí entra a beleza do episódio que assisti: A maioria, mas não todos.

Existe lá um jovem de 29 anos chamado Fernando Kawasaki que desde o primeiro dia do programa chamou minha atenção, seja pelo estilo de liderança ainda falho, seja pelo excesso de foco em sua missão que é ganhar o programa. Sem dúvida um personagem a ser observado. Na semana em questão, Fernando ficou decepcionado de ficar entre os médios, divergindo do grupo, quando foi inquerido pelos juízes sobre o motivo da marra ele surpreendeu a todos cobrando um feedback. Não me lembro das palavras exatas, mas o contexto foi:

  • Por que estou na média?
  • Por que não estou entre os melhores?
  • Preciso saber o que errei para corrigir!

Os juízes ficaram surpresos com a cobrança, mas deram o feedback. Claro, curto e cruel. Você não está entre os melhores, pois…

Ele agradeceu e na rodada seguinte ficou entre os melhores. Fernando não se contentou em ficar na média. Fantástico!

Desde muito pequenos ensino meus filhos a ficar fora da média do grupo, repito sempre para eles o mantra “médio, mediano, medíocre!” com o objetivo de criar neles o mesmo incômodo que desta vez percebi no participante do programa. A média pode nivelar a performance, pois gera uma falsa sensação de proteção e pertencimento. Algo como:

“Não estou na ponta, mas também não sou perdedor”.

Pergunte a qualquer aluno de ensino médio. Quando o tema forem as notas obtidas em provas e trabalhos, fatalmente o tema “média para passar de ano” virá à tona. A média é uma forma de colocar as pessoas em um nível seguro de não eliminação.

Esta sensação de segurança é baseada em nosso sistema de crenças que em algum nível é ativado pelo estímulo de pertencimento. Quando falamos em ponto médio, estamos falando de curvas de distribuição Gaussiana que foi introduzida ao mercado pelo matemático Abraham de Moivre. (Desculpe o momento economista. Ele é parte da minha natureza). De fato, as curvas de distribuição demonstram que ao redor do ponto médio de uma série de dados concentra-se a maior população. Ou seja, quando estamos na média em qualquer avaliação, estamos entre o grupo com mais participantes. A turma é maior.

Somos seres sociais e vivemos em grupos, logo, estar em um grupo com mais participantes nos torna igual à maioria das pessoas e temos a sensação de ser uma pessoa “normal”. Isto ativa o segundo sistema de recompensa de nosso cérebro. Nenhum de nós gosta de ser anormal. Soma-se a isto o fato de que todos nós fomos educados para ter comportamentos equivalentes à maioria das pessoas e bingo. Fomos codificados para ficar na média e ser normais.

Não acredita em mim? Não tem problema.

Pense um pouco como foi a sua infância e a sua passagem pelo sistema educacional. Por acaso você ouviu alguma destas frases:

  • Por que você não se comporta como tudo mundo?
  • Deixa de querer aparecer?
  • Só você quer fazer deste jeito?
  • Por que você não é igual a…?

No sentido positivo, você já ouviu as seguintes frases:

  • Com ele tudo bem, está dentro da média.
  • Nesta situação é normal, a maioria está da mesma forma.
  • Dentro do previsto, sem problemas.

Hoje ficamos por aqui com esta provocação:

O que é mais importante para você?

Obter sucesso em seus planos ou simplesmente ficar na média e não ser derrotado?

A decisão é sua. Cada caminho tem riscos e benefícios. Eu fico com meu mantra:

Médio, mediano, medíocre.

Assim, toda vez que for colocado entre os médios, vou me lembrar de  Fernando Kawasaki e irei dormir me perguntando:

Por que não estou entre os melhores?

Até a próxima!

Edson Carli Author
Edson Carli é especialista em comportamento humano, com extensa formação em diferentes áreas que abrangem ciências econômicas, marketing, finanças internacionais, antropologia e teologia. Com mais de quarenta anos de vida profissional, atuou como diretor executivo em grandes empresas do Brasil e do mundo, como IBM, KPMG e Grupo Cemex. Desde 2003 está à frente do Grupo Domo Participações onde comanda diferentes negócios nas áreas de consultoria, mídia e educação. Edson ainda atua como conselheiro na gestão de capital humano para diferentes fundos de investimentos em suas investidas. Autor de sete livros, sendo dois deles best sellers internacionais: “Autogestão de Carreira – Você no comando da sua vida”, “Coaching de Carreira – Criando o melhor profissional que se pode ser”, “CARMA – Career And Relationship Management”, “Nut’s Camp – Profissão, caminhos e outras escolhas”, “Inteligência comportamental – A nova fronteira da inteligência emocional”, “Gestão de mudanças aplicada a projetos” (principal literatura sobre o tema nos MBAs do Brasil) e “Shé-Su – Para não esquecer”. Atual CEO da Academia Brasileira de Inteligência comportamental e membro do conselho de administração do Grupo DOMOPAR. No mundo acadêmico coordenou programas de pós-graduação na Universidade Mackenzie, desenvolveu metodologias de behaviorismo junto ao MIT e atuou como professor convidado nas pós-graduações da PUC-RS, FGV, Descomplica e SENAC. Atual patrono do programa de desenvolvimento de carreiras da UNG.
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