Uma reclamação constante nas organizações é a alta rotatividade das pessoas com deficiência, elevando os custos de contratação. Muitas relatam que estes profissionais mudam de empresa facilmente por ofertas salariais nem sempre muito mais atrativas.
Em relação a estas afirmações o que se percebe é que a grande maioria das empresas com elevada rotatividade tem ações de retenção, voltadas para pessoas com deficiência, pouco efetivas ou quase nulas.
O fato é que após 24 anos de vigência da Lei 8213/1991 (Lei de Quotas) algumas empresas atuam somente para cumprir a Lei e evitar a multa. Contratam e se esquecem de realizar ações de retenção como: acessibilidade no ambiente de trabalho (arquitetônica, comunicacional, métodos, programas de trabalho e atitudinal), preparar os gestores e colegas de trabalho, incluir a pessoa com deficiência no plano de carreira, tornar todas as vagas inclusivas, acompanhar o andamento do programa. Ações como estas são fundamentais e impactam diretamente na rotatividade.
Imagine você ingressar na empresa e perceber que, de acordo com a estrutura de cargos, você somente poderá atuar em cargos específicos e operacionais ou não ter um plano de carreira com perspectiva profissional atraente ou ainda seu gestor frequentemente delegar funções de menor responsabilidade, fato que ocorre geralmente quando o gestor reconhece as limitações e desconhece as potencialidades da pessoa com deficiência. Faltam informações para as pessoas (gestores, colegas de trabalho, empresários, RHs).
Estas situações são comuns em empresas que optam por priorizar ou somente contratar para atender a legislação e entram num processo desenfreado de recrutamento sem construir um programa e inclusão mais consistente. Conheço casos de empresas que fizeram as contas para avaliar se valeria mais a pena realizar ações inclusivas ou pagar a multa.
Preciso ser justo e mencionar que existem empresas que já perceberam o valor agregado de implementar programas de inclusão reais e consistentes e desenvolvem trabalhos magníficos de inclusão de pessoas com deficiência comprovando que quando ações de retenção são tomadas, a rotatividade diminui significativamente, pois, a dignidade e o respeito são fatores muito mais relevantes do que o financeiro.
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