Ora vejam, o Papa Francisco falando não só da situação grega, bem como da Economia Mundial! E também não deixa de falar sobre os problemas políticos de países como Bolívia, Grécia, Paraguai e Equador. Eu, particularmente, gostaria que ele viesse ao Brasil dar uns “pitacos” não só na Economia, mas na política também. Os críticos desejariam que ele deixasse de bancar o economista e se limitasse à teologia.
Quando se encontrou com movimentos populares, fez referências ao “novo colonialismo” e à “idolatria do dinheiro que se submete à economia”, uma pergunta ao Santo Padre foi direcionada à situação atual da Grécia que pode inclusive comprometer a União Europeia.
“Eu tenho uma grande alergia à economia, porque o papai era contador e, quando não terminava o trabalho na fábrica, levava-o para casa. O sábado e o domingo, com aqueles livros, daqueles tempos, com títulos que se faziam em gótico… e trabalhava, e eu via o papai… e tenho uma alergia. Eu não entendo bem como é a coisa, mas certamente seria simples dizer: a culpa é somente desta parte. Os governantes gregos que levaram adiante essa situação de dívida internacional têm também uma responsabilidade. Com o novo governo grego se foi em direção a uma revisão um pouco justa, eu espero, e é a única coisa que posso dizer, porque não sei bem, que encontrem uma estrada para resolver o problema grego e também uma estrada vigilante para não recair em outros países o mesmo problema, e que isso nos ajude a ir adiante, porque aquela estrada do empréstimo e das dívidas no final não termina nunca”.
A visão do Papa sobre a economia de mercado pode ser resumida em três frases, sendo que duas delas nem sequer pertencem a ele. Elas pertencem ao Vaticano. Os posicionamentos do Papa Francisco e de seus antecessores a respeito de assuntos econômicos são em grande medida consistentes e podem ser extraídos de uma declaração de cada um dos últimos três Papas.
“Temos que construir uma economia, na qual o bem das pessoas e não do dinheiro seja o centro”. Falo sobre a pobreza, economia, justiça social e critico a “cultura do descarte” do atual sistema capitalista.
1. Sem “ismos”, por favor, nós somos católicos.
A julgar por algumas mídias sociais o Papa é socialista. A verdade é que o Vaticano pretende evitar determinadas escolas de pensamento econômico. Em 1991, o Papa João Paulo II escreveu uma carta de informação que marcava o surgimento de economias de mercado na Europa após a queda do comunismo. Nela, ele abordou a questão: o capitalismo é uma boa ideia?
“A resposta obviamente é complexa”. Quando o capitalismo é definido como a iniciativa que libera criatividade e assume a responsabilidade por todos os impactos de seu trabalho, escreveu ele, ”a resposta é certamente positiva”. Mas se o capitalismo é marcado pelo ganho pessoal desenfreado e, de forma critica, não trabalha para absolutamente todos – para a “liberdade humana em sua totalidade” –, então a resposta não é tão positiva.
O problema é realizar apenas um e não o outro.
2. Economia = moralidade
“É bom que as pessoas entendam que a ação de comprar é sempre um ato moral – e não simplesmente econômico –”, escreveu o Papa Bento XVI em 2009. A ideia de que negócios conscientes são bons negócios permeou, de forma independente, algumas das maiores empresas do mundo mais rapidamente do que por Washington. A Intel passou os últimos anos limpando as práticas de compras ao longo de sua cadeia produtiva composta por 16.000 empresas. Não faz isto necessariamente para ser “moral”, apesar disto fazer parte da ação, mas por entender que no abastecimento existem outras coisas além do preço.
3. Grandes problemas pedem grandes soluções
O Papa Francisco diz o seguinte: “A humanidade é chamada a reconhecer a necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para combater o aquecimento global ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou acentuam”.
Fica uma questão a ser analisada: como podem os mercados – geralmente reconhecidos como a melhor forma de mudar o mundo – resolver melhor os problemas criados pelos mercados? Provavelmente não exista nenhum Papa que tenha uma resposta fácil para essa pergunta. E nós brasileiros temos?
E por último o Papa critica organismos financeiros na ONU que marca a celebração dos 70 anos da Assembleia Geral. “Os organismos financeiros internacionais devem velar pelo desenvolvimento sustentável dos países e não a submissão asfixiante destes por sistemas de crédito que, longe de promover o progresso, submetem as populações a mecanismos de maior pobreza, exclusão e dependência”.
“Nenhum humano, indivíduo ou grupo pode se considerar onipotente e autorizado a passar por cima do direito dos outros”, disse. Ele ainda condenou a “má gestão irresponsável da economia global”, que não pode ser guiada pela “ambição de riqueza e poder”.
O Papa clamou por “conceder a todos os países, sem exceção”, uma participação e incidência real e equitativa nas decisões desses órgãos, no Conselho de Segurança da ONU e em mecanismos criados para afrontar as crises econômicas. Para ele, a exclusão econômica e social é uma “grave ofensa” aos direitos humanos e ao ambiente.
Francisco ainda condenou a “colonização ideológica” nos quais países ricos tentam impor seus “modelos de estilo de vida anômalos” as nações em desenvolvimento.
Fica a pergunta para reflexão: será que o Brasil e seus governantes têm o que aprender com o Papa Francisco sobre o tripé: Político, Econômico e Social? E nós que fomos convidados à mudança, não está na hora de pensar em como participar ativamente de movimentos contra estas ideologias tão enraizadas no nosso país? Até quando ficaremos inertes esperando que as coisas aconteçam e só deixando que nossos governantes dirijam nossas vidas?
Até o próximo encontro!
Fontes de pesquisa – Franciscanos.org.br, pragmatismopolítico.com.br, Infomoney e g1.globo.com.
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