Olá!
Que a Internet é um mundo dentro do mundo e, portanto um lugar fascinante, ninguém discorda. Uma das características deste mundo que me assombra a cada dia é o poder das chamadas redes sociais que ao mesmo tempo em que isolam milhares de pessoas com os narizes em seus smartphones, integram grupos, famílias e amigos desprezando de maneira solene o tempo e o espaço.
Esta semana fui encontrado por algumas dezenas de pessoas (recebo mais de duzentos pedidos de amizade por semana) e dentre eles havia amigos de meu primeiro emprego como bancário e uma boa quantidade de primos, os quase eu já não via há décadas. De fato, um contato bem interessante que de alguma forma reúne lembranças e nos faz mais próximos.
Um destes primos teclava comigo sobre os tempos de garoto, quando juntos aterrorizávamos as mães e avós com correrias de moleque no bairro da Casa Verde, na cidade de São Paulo e de como a psicologia maternal da época em muito diferenciava daquilo que conhecemos e aplicamos hoje. Minha mãe, por exemplo, defendia uma escola de psicologia havaiana de contato distanciado, tendo o filho sempre no alvo das ações.
Em outras palavras, sempre que aprontávamos ela lançava sua sandália do tipo Havaianas e acertava o que estivesse no alvo, estando certo ou não. Broncas, chineladas e “corretivos” deste tipo faziam parte da nossa vida, como acredito que ainda fazem parte da vida de muitos garotos e garotas, prioritariamente vivendo longe dos grandes centros.
Todavia, o ponto mais impactante deste “processo educacional” era a crença que não devemos elogiar uma criança ou adolescente, pois eles podem ficar “metidos” e tornarem-se pessoas moles diante do mundo. Penso que, tanto eu, como meus primos são trinta e quatro ao todo, vivemos esta fase da vida onde havia uma confusão de conceitos entre o processo de educar e o processo de treinar. Nossos pais tiveram uma vida mais severa e mais difícil que a nossa e ainda que imbuídos das melhores intenções, eram duros para que nós fôssemos capazes de enfrentar o mundo que nos esperava.
Em um dos meus livros intitulado Shé-Su para nunca esquecer, refiro-me à minha finada mãe como uma “Sara Connor dos trópicos”, em menção à personagem da franquia “O exterminador do futuro”. Sara sabendo do que viria pela frente, treinou seu filho John para ser um guerreiro e um líder. O que de fato deu muito certo.
Esta sobre preparar filhos ainda permeia a sociedade nos grupos familiares, assim como nas empresas. De fato, muitas empresas são reflexos das famílias onde seus líderes cresceram e as críticas e observações com foco na melhoria superam em muito os momentos de elogio e valorização das atitudes positivas. Acredito sinceramente que existam pessoas que considerem que profissionais elogiados ficaram “metidos” e passarão a produzir menos ou serão menos criativos.
Hoje resolvi escrever sobre este tema para lembrar que existem inúmeras vantagens, históricas e estatísticas sobre o poder do elogio como atitude constante. Pense por exemplo na criação de búfalos.
Qual o melhor formato para um curral de búfalos?
A melhor resposta para isto é: Nenhum!
Búfalos são animais belos e fortes que ficam nos locais por decisão própria. Se por acaso eles decidirem sair de um local, poucas cercas serão capazes de detê-los. Para manter um búfalo em sua propriedade, ofereça água limpa em abundância e bom pasto.
Outra forma de pensar no poder do elogio é o processo de formação de traumas psicológicos. Pense por um momento se você já ouviu falar de um psicopata que ficou assim por excesso de elogios? Algum vilão de filmes de ação que de tanto receber elogios e ser reconhecido por bons trabalhos resolveu acabar com o mundo?
Brincadeiras à parte, o poder do elogio nos coloca onde precisamos estar. Entre outras coisas ele estimula nosso cérebro através dos processos de:
- Aceitação;
- Afirmação;
- Autoestima;
- Familiaridade;
- Gentileza;
- Exemplo.
Para concluir, um elogio adequado provoca em nosso cérebro uma descarga de satisfação na forma de endorfina que além de estimulante, é viciante. O processo contínuo em uma governança equilibrada fará com que as pessoas, seja na família ou na equipe, queiram novamente receber esta descarga de satisfação e, para tanto, buscarão mais pelas situações de acerto (que geram elogios) que as situações de erro (que geram repreensões).
Ao contrário do que pensavam as pessoas mais velhas, elogios criam pessoas conscientes de seu potencial e muito mais fortes, sem ficarem metidas. Mas, você não precisa acreditar em mim. Faça o seguinte teste:
Durante duas semanas, não economize nos elogios. Elogie seus filhos por um comportamento adequado, sua esposa pela beleza, seus colegas pelo ambiente de trabalho, enfim, elogie pessoas que interagem com você.
Depois compare os resultados.
Até a próxima!
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