É comum me deparar com empresas justificando a dificuldade de contratação de pessoas com deficiência devido à baixa qualificação deste público.
Dados do Censo 2010 nos mostram indicadores de escolarização, além do nível de educação alcançado por pessoas com e sem deficiência. A partir desses números, pode-se calcular a diferença, em pontos percentuais, entre os indicadores dos dois segmentos populacionais.
Fonte: Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência
Faça o download da “Cartilha do Censo 2010 – Pessoas com deficiência”, clique aqui.
Através destes dados proporcionais percebe-se que, apesar dos números significativos, a baixa qualificação não é inerente à pessoa com deficiência, mas ao mercado em geral. São vários os fatores que formam este cenário: a falta de acessibilidade urbana, dos centros de educação de formação e aprimoramento, o movimento recente da sociedade, embora longe do ideal, pela inclusão da pessoa com deficiência ocasionada pela Lei de Quotas e movimentos sociais.
Na ânsia de cumprir a Lei de Cotas, algumas empresas abrem vagas exclusivas ou concentradas na área operacional. O efeito é que pessoas com deficiência com nível superior acabam excluídas pela escassez de cargos de gestão ou de nível médio direcionados às pessoas com deficiência.
Conheço pessoas que foram preteridas em cargos pela sua boa qualificação profissional. Os números mostram esta tendência quando identificamos que em 2007 51.676 empregados com deficiência tinham de graduação a doutorado e em 2010 eles totalizavam 37.010.
E qual a solução? Uma ação conjunta da sociedade. Cada um assumindo a sua responsabilidade pela mudança:
EMPRESAS
1) Assumirem a qualificação destes profissionais em suas bases, assim como, o fariam para uma pessoa sem deficiência;
2) Mapear os cargos existentes, de forma a torná-los acessíveis com o objetivo de permitir que pessoas com deficiência possam ocupar qualquer vaga existente na empresa;
3) Tornar o ambiente acessível;
4) Capacitar, Sensibilizar e Preparar seus gestores, colaboradores e profissionais envolvidos com os programas de treinamento para torná-los acessíveis.
EDUCAÇÃO
1) Criar e tornar centros de educação de formação e aprimoramento acessíveis;
2) Capacitar, Sensibilizar e Preparar seus gestores, professores, colaboradores e profissionais envolvidos com os programas de educação.
GOVERNO
1) Criar políticas públicas que facilite o acesso da pessoa com deficiência à educação;
2) Tornar as cidades acessíveis;
3) Fiscalizar os centros de educação, empresas para que cumpram a lei.
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
1) Buscar capacitação contínua;
2) Exigir das empresas, centro de educação e, do governo, o cumprimento dos itens acima.
Percebemos que existem várias ações para reverter este cenário, porém o mais importante é começar, cada um fazer a sua parte sem esperar do outro para que daqui a alguns anos possamos contar outra história. É assim que eu desejo. Uma sociedade mais justa que não precise de Leis para incluir, respeitar e garantir a dignidade do ser humano.
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