Meu convite ao leitor é conversarmos sobre assuntos relacionados à prática do Coaching e sua interlocução com as questões psíquicas. Assim caminharmos construindo o desenvolvimento pessoal e profissional. Essa é uma proposta de um pensamento analítico do ponto de vista metodológico, mas com um forte viés ao novo, ao não escrito, ao que atinge a alma. Uma abertura de horizonte com firmeza e serenidade para nós mesmos e em direção ao espaço que queremos ocupar. Sejam bem-vindos a essa jornada. Um abraço!
A mudança veio para ficar, afinal de contas ela sempre esteve aqui. Vamos falar da constante reinvenção de si mesmo e um perfil de vencedor. Sim, é isso mesmo! Um perfil de vencedor e não O perfil de vencedor.
Todo mundo sabe que tudo muda o tempo todo, mas esquecemos de praticar esse fato. A prática dessa impermanência está intimamente ligada à nossa visão de mundo, com as relações interpessoais e com os nossos desejos mais íntimos. Tudo começa de dentro para fora.
Quando comecei a escrever esse artigo pensei: não vou mencionar a palavra crise. Mas pronto. Ela já está pensada. Já a mencionei e se não o tivesse feito ela já estaria subscrita. Podemos em outro momento discutir a dita e tão famigerada crise, mudanças e o que dela está submergindo, mas ela: a crise, só é uma parte das mudanças. Somente isso. Só uma parte. Parte importante de uma transformação.
O convite é para daqui pra frente podermos nos sentir inseridos na transformação e sermos protagonistas do resultado de nós mesmos como um vencedor. Um vencedor daquilo que queremos e podemos ser.
A nossa estrutura psíquica funda e define como caminharemos no mundo. Podemos, por exemplo: buscar ser um vencedor que atende a ideais de pessoas que amamos, de familiares, de pessoas que admiramos, de grupos dos quais fazemos parte na escola ou na igreja, na empresa, e aqui cabe um etc sem fim.
A questão é a seguinte: ser um vencedor para nós mesmos. Sendo assim, seremos vencedores para os outros e estaremos ao mesmo tempo caminhando no mundo nessa direção sem nos perder. Pode parecer muito simples, mas as cobranças de sentimentos de sucesso, felicidade plena e constante, estar no topo de algum lugar, leva a pessoa a um tal nível de exigência que acaba culminando no inverso de tudo isso, trazendo frustração quando entra em contato com seus próprios desejos e limites ou até sensação de impotência diante de tanta idealização.
Pensar que precisamos começar de dentro para fora. Soltar e liberar conceitos e pré-conceitos, crenças e formas de saber modelos conhecidos, nos assusta. Porém se permitirmos esse desprendimento teremos dado mais um passo para ser um vencedor, alguém que vive e não só sobrevive, um sujeito de si mesmo.
Vamos fazer um exercício.
Primeiro: Perceber e acreditar que tudo muda o tempo todo traz uma transformação.
Os livros da minha biblioteca envelhecem, carpete da minha sala se movimenta, a lâmpada do meu abajur irradia um feixe, minhas células estão em atividade. Se as coisas se dão dessa forma. Se é assim, por que razão o formato das relações entre o trabalho e as pessoas permaneceriam estáticas?
Não há razão! E isso se dá simplesmente porque a resposta não está na razão. Trata-se de algo que vai além da razão, do racional ou do pensamento linear. Só podemos ver, sentir e fazer aquilo que temos registro interno.
Segundo: Ter olhos de ver
Experimente nesse momento olhar para algum objeto que esteja parado ao seu lado. Olhe por aproximadamente vinte segundos e volte prá cá. Pronto! Você olhou para algo e agora responda. Para o que você olhou? E o que você viu?
Nós podemos olhar para algo e não ver. Isso é muito mais comum do que podemos imaginar. Quando olhamos para um objeto estamos vendo-o de uma forma muito particular, mas sempre há algum outro ângulo, nuance de cor, ou qualquer outra característica que passou despercebida. Imagine quando esse olhar é para situações, pessoas, paisagens, trânsitos. Vamos ampliar um pouco nossa visão. Imagine olhar para as relações entre situações, cenários macro econômicos, interesses de sustentabilidade, reações a flutuação do câmbio.
Até aqui tudo bem. Olhamos, mas estamos vendo? Vendo as relações intrínsecas e as consequências de tudo isso? Resposta: sim, não, talvez. E as coisas não param por aí.
Terceiro: Reconhecemos o impacto das mudanças na nossa vida pessoal e profissional?
Considerar que tudo está em mudança e que temos olhos de ver são somente primeiros passos. Reconhecer que somos sujeitos da nossa existência e, portanto, podemos atuar de forma ativa é mais um deles.
As mudanças e quebra de paradigmas relacionados às atividades profissionais ou de trabalho são acompanhadas por especialistas há décadas. No entanto as empresas se prepararam muito pouco ou quase nada para esse novo formato de espaço profissional e as pessoas se prepararam menos ainda.
O psicanalista francês Jacques Lacan nos trouxe como cada um de nós, de maneira singular, constrói sua estrutura e visão de mundo. Olhamos o grande “Outro” (com letra maiúscula), concluímos como esse Outro nos vê e, a partir daí nos fazemos quem somos.
Alguns jovens estão lutando por esse espaço com um olhar bem diferente dos modelos mais conhecidos. Por exemplo: por um espaço mais aberto, mais criativo e mais solidário onde a alta performance é ressignificada em outros parâmetros. Onde o desejo por uma atividade está mais voltado para o todo.
O impacto é para todos. Aqueles que estão inseridos e mergulhados no modelo dito tradicional, que se esforçaram tanto para alcançar o sucesso e o status de vencedor precisam repensar os modelos e se reinventar.
Passos dados para caminhar. Aqui fica o convite. Vamos avançar! Acreditar, enxergar e nos reconhecer como sujeitos da nossa própria história. Esses são os primeiros degraus, pois sabemos que o trabalho para encontrar um espaço, um caminho para sermos vencedores depende de cultivar essa direção ou, e mais importante ainda, sermos vencedores sendo quem desejamos ser. E para completar, continuarmos inseridos e caminhando no mundo dessa forma. E isso é uma arte!
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