Não há como escapar. Você liga a TV e estão falando da crise, o jornal traz matérias e mais matérias, editoriais contra e a favor do governo, todos falando da crise. Para quem ouve rádio no carro, a crise está lá e os motoristas sentem na própria pele também a crise do transporte público, que por falta de investimento e planejamento suficientes, geram mais e mais trânsito. Ninguém sai impune.
Eu acompanho os noticiários, emito opiniões, concordo e discordo de vários comentários, procuro estar bem informada acompanhando o passo a passo da crise, da política brasileira, do Aedes aegypti, da Olimpíada, da inflação, da recessão… Acompanho horrorizada o rombo cada vez maior da Petrobrás, o desvio de verba para a merenda escolar, a cara de pau de políticos interessados apenas em se manter no poder. Quem está pensando no Brasil? Nenhum deles… nem governo e nem oposição.
Que contribuição posso dar para um mundo mais justo e menos corrupto? Posso contribuir desenvolvendo um bom trabalho. Posso passar por cima da crise que nos abala financeiramente e emocionalmente fazendo a minha parte. Colocando amor em tudo o que faço, dando a minha escuta e minha contribuição para cada cliente e paciente que me procura com suas crises pessoais, com seus conflitos que não são menos importantes do que o conflito coletivo em que o Brasil se encontra.
Crise e oportunidade andam juntas. O brasileiro é um dos povos mais criativos que existe e sabe enxergar oportunidade na crise. Cada desempregado é um empreendedor em potencial. Alguns fazem doces e salgados em casa, outros aproveitam a garagem da casa para a transformarem em lanchonete, barbearia, distribuidora de galões de água, e assim por diante.
Estes dias na Internet li com alegria a história de um refugiado sírio que chegou ao Brasil fugindo dos conflitos em seu pais com a mulher e dois filhos. Ele arrecadou dinheiro através de um site de crowdfunding (conjunto de pessoas que financiam um determinado projeto) e irá abrir seu próprio negócio no ramo da alimentação. Será que podemos imaginar o que é abandonar o próprio país sem a mínima ideia do que iremos encontrar pela frente? A necessidade de sobrevivência é tanta que o risco vale a pena, ficar no país significava morrer – mais cedo ou mais tarde. Que pai não arriscaria tudo por seus filhos?
A diferença entre sucumbir ou vencer a crise está na atitude. Podemos nos entregar, aceitar que a crise veio para todos e esperar pacientemente que ela passe, que dias melhores virão e que tudo acabará bem. Mas quando? Podemos também não nos acomodar, buscarmos novas oportunidades, darmos nosso exemplo, inspirando pessoas a seguirem em frente, porque não há outra coisa a fazer a não ser seguir a jornada, dar o nosso melhor, investir em novos talentos, agradecer por novas ideias e oportunidades que nos instigam a buscarmos novos caminhos, sem depender de governos que pouco fazem por nós.
Se não temos o básico: saúde, segurança, educação, saneamento básico, políticos confiáveis, economia estável, inflação controlada e demais fatores tão importantes para o bem-estar de um povo, temos algo precioso que ninguém pode nos tirar: nossa dignidade. E a partir dela, seguiremos na certeza de que estamos fazendo algo precioso: a nossa parte.
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